Magda Goebbels: A Trágica Figura do Nazismo e o Segredo de sua Origem
Johanna
Maria Magdalena “Magda” Goebbels (1901-1945) foi uma figura central no regime
nazista, conhecida por ser a esposa de Joseph Goebbels, o infame Ministro da
Propaganda da Alemanha Nazista, e por sua proximidade com Adolf Hitler.
Sua
vida, marcada por controvérsias, segredos e tragédias, culminou em um dos
episódios mais sombrios da Segunda Guerra Mundial: o assassinato de seus seis
filhos e seu suicídio ao lado do marido no bunker de Berlim, em 1º de maio de
1945, durante a queda do Terceiro Reich.
Magda,
frequentemente apresentada como a “mãe ideal” da propaganda nazista, escondia
um segredo que desafiava a ideologia racial do partido: sua ascendência
parcialmente judaica.
Infância e Origem Controvérsia
Magda
nasceu em 11 de novembro de 1901, em Berlim, filha de Auguste Behrend, uma
jovem alemã, e Richard Friedländer, um comerciante judeu. Ao nascer, Magda
recebeu apenas o sobrenome da mãe, sendo registrada como Johanna Maria
Magdalena Behrend.
No
mesmo ano de seu nascimento, Auguste casou-se com o empresário alemão Oskar
Ritschel, que se recusou a reconhecer Magda como sua filha. O casamento com
Ritschel terminou em 1905, e, em 1908, Auguste casou-se com Friedländer, o
verdadeiro pai de Magda, mudando-se com ele para Bruxelas.
Esse
segundo casamento durou até 1914, período em que Magda foi criada como filha de
Friedländer, mas sem assumir publicamente sua paternidade. A ascendência
judaica de Magda permaneceu um segredo bem guardado durante sua vida adulta,
especialmente após sua filiação ao Partido Nazista.
Em
2016, o historiador Oliver Hilmes revelou documentos que confirmaram que
Richard Friedländer era, de fato, o pai biológico de Magda. Essa descoberta
corroborou rumores que circulavam no Partido Nazista durante a guerra,
sugerindo que Magda escondia um “grande segredo”.
Em
1934, Joseph Goebbels escreveu em seu diário que sua esposa havia descoberto
algo “horrível” sobre seu passado, mas não especificou o que era. A revelação
de sua linhagem judaica teria sido devastadora, já que as Leis de Nuremberg
(1935) classificariam Magda como Mischling (pessoa de sangue misto), um status
que contradizia diretamente os ideais racistas do nazismo.
Magda
cresceu em uma família abastada e foi educada em um colégio de freiras, onde
inicialmente seguiu o catolicismo. Mais tarde, durante seu primeiro casamento,
converteu-se ao protestantismo, alinhando-se com as tradições religiosas de sua
nova família.
Richard Friedländer: O Pai Perseguido
Richard
Friedländer (1881–1939), o pai biológico de Magda, era um comerciante judeu
alemão que teve um relacionamento com Auguste Behrend por volta de 1900.
Apesar
de Auguste ter se casado com Oskar Ritschel em 1901, o ano do nascimento de
Magda, ela manteve contato com Friedländer e eventualmente casou-se com ele em
1908.
Durante
esse período, Magda reconheceu Friedländer como seu padrasto, mas a relação
entre eles esfriou com o tempo, especialmente após seu envolvimento com o
nazismo.
Com a
ascensão do regime nazista e a implementação das Leis de Nuremberg,
Friedländer, por sua origem judaica, tornou-se alvo da repressão. Em 15 de
junho de 1938, ele foi preso e deportado para o campo de concentração de
Buchenwald, onde foi submetido a trabalhos forçados.
Friedländer
morreu no campo em 18 de fevereiro de 1939, meses antes do início da Segunda
Guerra Mundial. Magda, já uma figura proeminente no Partido Nazista, não fez
qualquer esforço para interceder por seu pai, cortando completamente os laços
com ele.
Esse silêncio
reflete o conflito entre sua lealdade ao regime e sua história familiar, bem
como o peso do segredo que carregava.
Primeiro Casamento e Entrada no Nazismo
Em
1921, aos 19 anos, Magda casou-se com Günther Quandt, um rico industrial alemão
que mais tarde se beneficiaria economicamente do regime nazista, consolidando
um império que incluía empresas como a BMW.
O casal
teve um filho, Harald Quandt, nascido em novembro de 1921. O casamento, no
entanto, terminou em 1929, quando Quandt descobriu a infidelidade de Magda.
Após o divórcio, Magda começou a se aproximar de círculos políticos radicais,
culminando em sua filiação ao Partido Nazista em 1930.
Foi
nesse contexto que Magda conheceu Joseph Goebbels, uma das figuras mais
influentes do partido. Atraída pelo fervor ideológico e pela promessa de poder,
ela rapidamente se envolveu com Goebbels, que viu em Magda uma mulher
carismática, culta e alinhada com os ideais nazistas.
O casal
se casou em 19 de dezembro de 1931, em uma cerimônia apadrinhada por Adolf
Hitler, reforçando a posição de Magda como uma figura pública do regime.
A “Mãe da Alemanha” e a Propaganda Nazista
Magda e
Joseph Goebbels foram apresentados pela propaganda nazista como o modelo de
família ariana ideal. Com seus seis filhos - Helga, Hildegard, Helmut, Holdine,
Hedwig e Heidrun -, todos com nomes começando com a letra “H” em homenagem a
Hitler, Magda foi elevada ao status de ícone.
Em 1938,
ela recebeu a Cruz de Honra das Mães Alemãs, uma condecoração destinada a
mulheres que exemplificavam os valores de maternidade e lealdade ao regime.
Magda
era frequentemente chamada de “mãe da Alemanha”, uma imagem cuidadosamente
cultivada para inspirar as mulheres alemãs a seguirem seu exemplo.
Apesar
de sua proximidade com Hitler, Magda mantinha uma relação complexa com o líder
nazista. Embora não fosse sua amante, como alguns rumores sugeriam, ela era uma
de suas confidentes mais próximas, desempenhando um papel quase cerimonial como
a “primeira-dama” do Terceiro Reich, já que Hitler mantinha seu relacionamento
com Eva Braun em segredo.
A Queda de Berlim e a Tragédia Final
Com a
derrota iminente da Alemanha em 1945, Magda e Joseph Goebbels enfrentaram o
colapso do regime que ajudaram a sustentar. Em 30 de abril de 1945, após o
suicídio de Hitler, Joseph Goebbels assumiu brevemente o cargo de chanceler do
Reich, e Magda foi elevada ao papel de primeira-dama por um dia.
No
entanto, a lealdade do casal ao nazismo os levou a recusar a ordem de Hitler
para deixar Berlim, optando por permanecer no bunker da Chancelaria do Reich. Em
1º de maio de 1945, Magda tomou a decisão devastadora de assassinar seus seis
filhos com Goebbels.
Com a
ajuda de um dentista da SS, Ludwig Stumpfegger, as crianças foram dopadas com
morfina e, em seguida, Magda administrou cápsulas de cianureto, matando-as
enquanto dormiam.
As
vítimas foram Helga (12 anos), Hildegard (11 anos), Helmut (9 anos), Holdine (8
anos), Hedwig (6 anos) e Heidrun (4 anos). Harald Quandt, seu filho do primeiro
casamento, não estava no bunker e sobreviveu à guerra, tornando-se um
bem-sucedido empresário.
Após o
assassinato dos filhos, Magda e Joseph Goebbels cometeram suicídio no mesmo
dia, utilizando cianureto. Seus corpos foram encontrados no jardim da
Chancelaria, parcialmente queimados, conforme suas instruções para evitar que
fossem capturados ou exibidos pelos Aliados.
Legado e Reflexões
A vida
de Magda Goebbels é um estudo de contradições: uma mulher de origem
parcialmente judaica que se tornou um ícone do nazismo, uma mãe que assassinou
seus próprios filhos em nome de uma ideologia extremista e uma figura pública
que escondeu segredos profundos sobre seu passado.
Sua
história reflete o fanatismo e a desumanização promovidos pelo regime nazista,
bem como os conflitos pessoais enfrentados por aqueles que se alinharam a ele.
A
revelação de sua ascendência judaica, confirmada décadas após sua morte,
adiciona uma camada de ironia trágica à sua trajetória. Magda Goebbels
permanece uma figura controversa, lembrada tanto por sua lealdade cega ao
nazismo quanto pelo ato final de violência contra sua própria família, um
símbolo do colapso moral de um regime que ela ajudou a glorificar.
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