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sexta-feira, agosto 29, 2025

Magda Goebbels - Era filha de um Judeu


Magda Goebbels: A Trágica Figura do Nazismo e o Segredo de sua Origem

Johanna Maria Magdalena “Magda” Goebbels (1901-1945) foi uma figura central no regime nazista, conhecida por ser a esposa de Joseph Goebbels, o infame Ministro da Propaganda da Alemanha Nazista, e por sua proximidade com Adolf Hitler.

Sua vida, marcada por controvérsias, segredos e tragédias, culminou em um dos episódios mais sombrios da Segunda Guerra Mundial: o assassinato de seus seis filhos e seu suicídio ao lado do marido no bunker de Berlim, em 1º de maio de 1945, durante a queda do Terceiro Reich.

Magda, frequentemente apresentada como a “mãe ideal” da propaganda nazista, escondia um segredo que desafiava a ideologia racial do partido: sua ascendência parcialmente judaica.

Infância e Origem Controvérsia

Magda nasceu em 11 de novembro de 1901, em Berlim, filha de Auguste Behrend, uma jovem alemã, e Richard Friedländer, um comerciante judeu. Ao nascer, Magda recebeu apenas o sobrenome da mãe, sendo registrada como Johanna Maria Magdalena Behrend.

No mesmo ano de seu nascimento, Auguste casou-se com o empresário alemão Oskar Ritschel, que se recusou a reconhecer Magda como sua filha. O casamento com Ritschel terminou em 1905, e, em 1908, Auguste casou-se com Friedländer, o verdadeiro pai de Magda, mudando-se com ele para Bruxelas.

Esse segundo casamento durou até 1914, período em que Magda foi criada como filha de Friedländer, mas sem assumir publicamente sua paternidade. A ascendência judaica de Magda permaneceu um segredo bem guardado durante sua vida adulta, especialmente após sua filiação ao Partido Nazista.

Em 2016, o historiador Oliver Hilmes revelou documentos que confirmaram que Richard Friedländer era, de fato, o pai biológico de Magda. Essa descoberta corroborou rumores que circulavam no Partido Nazista durante a guerra, sugerindo que Magda escondia um “grande segredo”.

Em 1934, Joseph Goebbels escreveu em seu diário que sua esposa havia descoberto algo “horrível” sobre seu passado, mas não especificou o que era. A revelação de sua linhagem judaica teria sido devastadora, já que as Leis de Nuremberg (1935) classificariam Magda como Mischling (pessoa de sangue misto), um status que contradizia diretamente os ideais racistas do nazismo.

Magda cresceu em uma família abastada e foi educada em um colégio de freiras, onde inicialmente seguiu o catolicismo. Mais tarde, durante seu primeiro casamento, converteu-se ao protestantismo, alinhando-se com as tradições religiosas de sua nova família.

Richard Friedländer: O Pai Perseguido

Richard Friedländer (1881–1939), o pai biológico de Magda, era um comerciante judeu alemão que teve um relacionamento com Auguste Behrend por volta de 1900.

Apesar de Auguste ter se casado com Oskar Ritschel em 1901, o ano do nascimento de Magda, ela manteve contato com Friedländer e eventualmente casou-se com ele em 1908.

Durante esse período, Magda reconheceu Friedländer como seu padrasto, mas a relação entre eles esfriou com o tempo, especialmente após seu envolvimento com o nazismo.

Com a ascensão do regime nazista e a implementação das Leis de Nuremberg, Friedländer, por sua origem judaica, tornou-se alvo da repressão. Em 15 de junho de 1938, ele foi preso e deportado para o campo de concentração de Buchenwald, onde foi submetido a trabalhos forçados.

Friedländer morreu no campo em 18 de fevereiro de 1939, meses antes do início da Segunda Guerra Mundial. Magda, já uma figura proeminente no Partido Nazista, não fez qualquer esforço para interceder por seu pai, cortando completamente os laços com ele.

Esse silêncio reflete o conflito entre sua lealdade ao regime e sua história familiar, bem como o peso do segredo que carregava.

Primeiro Casamento e Entrada no Nazismo

Em 1921, aos 19 anos, Magda casou-se com Günther Quandt, um rico industrial alemão que mais tarde se beneficiaria economicamente do regime nazista, consolidando um império que incluía empresas como a BMW.

O casal teve um filho, Harald Quandt, nascido em novembro de 1921. O casamento, no entanto, terminou em 1929, quando Quandt descobriu a infidelidade de Magda. Após o divórcio, Magda começou a se aproximar de círculos políticos radicais, culminando em sua filiação ao Partido Nazista em 1930.

Foi nesse contexto que Magda conheceu Joseph Goebbels, uma das figuras mais influentes do partido. Atraída pelo fervor ideológico e pela promessa de poder, ela rapidamente se envolveu com Goebbels, que viu em Magda uma mulher carismática, culta e alinhada com os ideais nazistas.

O casal se casou em 19 de dezembro de 1931, em uma cerimônia apadrinhada por Adolf Hitler, reforçando a posição de Magda como uma figura pública do regime.

A “Mãe da Alemanha” e a Propaganda Nazista

Magda e Joseph Goebbels foram apresentados pela propaganda nazista como o modelo de família ariana ideal. Com seus seis filhos - Helga, Hildegard, Helmut, Holdine, Hedwig e Heidrun -, todos com nomes começando com a letra “H” em homenagem a Hitler, Magda foi elevada ao status de ícone.

Em 1938, ela recebeu a Cruz de Honra das Mães Alemãs, uma condecoração destinada a mulheres que exemplificavam os valores de maternidade e lealdade ao regime.

Magda era frequentemente chamada de “mãe da Alemanha”, uma imagem cuidadosamente cultivada para inspirar as mulheres alemãs a seguirem seu exemplo.

Apesar de sua proximidade com Hitler, Magda mantinha uma relação complexa com o líder nazista. Embora não fosse sua amante, como alguns rumores sugeriam, ela era uma de suas confidentes mais próximas, desempenhando um papel quase cerimonial como a “primeira-dama” do Terceiro Reich, já que Hitler mantinha seu relacionamento com Eva Braun em segredo.

A Queda de Berlim e a Tragédia Final

Com a derrota iminente da Alemanha em 1945, Magda e Joseph Goebbels enfrentaram o colapso do regime que ajudaram a sustentar. Em 30 de abril de 1945, após o suicídio de Hitler, Joseph Goebbels assumiu brevemente o cargo de chanceler do Reich, e Magda foi elevada ao papel de primeira-dama por um dia.

No entanto, a lealdade do casal ao nazismo os levou a recusar a ordem de Hitler para deixar Berlim, optando por permanecer no bunker da Chancelaria do Reich. Em 1º de maio de 1945, Magda tomou a decisão devastadora de assassinar seus seis filhos com Goebbels.

Com a ajuda de um dentista da SS, Ludwig Stumpfegger, as crianças foram dopadas com morfina e, em seguida, Magda administrou cápsulas de cianureto, matando-as enquanto dormiam.

As vítimas foram Helga (12 anos), Hildegard (11 anos), Helmut (9 anos), Holdine (8 anos), Hedwig (6 anos) e Heidrun (4 anos). Harald Quandt, seu filho do primeiro casamento, não estava no bunker e sobreviveu à guerra, tornando-se um bem-sucedido empresário.

Após o assassinato dos filhos, Magda e Joseph Goebbels cometeram suicídio no mesmo dia, utilizando cianureto. Seus corpos foram encontrados no jardim da Chancelaria, parcialmente queimados, conforme suas instruções para evitar que fossem capturados ou exibidos pelos Aliados.

Legado e Reflexões

A vida de Magda Goebbels é um estudo de contradições: uma mulher de origem parcialmente judaica que se tornou um ícone do nazismo, uma mãe que assassinou seus próprios filhos em nome de uma ideologia extremista e uma figura pública que escondeu segredos profundos sobre seu passado.

Sua história reflete o fanatismo e a desumanização promovidos pelo regime nazista, bem como os conflitos pessoais enfrentados por aqueles que se alinharam a ele.

A revelação de sua ascendência judaica, confirmada décadas após sua morte, adiciona uma camada de ironia trágica à sua trajetória. Magda Goebbels permanece uma figura controversa, lembrada tanto por sua lealdade cega ao nazismo quanto pelo ato final de violência contra sua própria família, um símbolo do colapso moral de um regime que ela ajudou a glorificar.

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