Olhe pela janela por tempo
suficiente, e é quase certo que você verá uma mulher passar. Mesmo nas áreas
mais remotas, essa é uma experiência inevitável. No entanto, de forma
surpreendente, um homem conseguiu viver 82 anos sem jamais presenciar tal
visão.
A história de Mihailo
Tolotos é intrigante, quase inacreditável, como se fosse o enredo de um conto
fantástico. É como imaginar a existência de alienígenas e, apesar de saber que
poderiam ser encontrados com relativa facilidade, nunca cruzar o caminho de um.
Sua vida provoca reflexões sobre o isolamento e o que isso significa para a
experiência humana.
Nascido em 1856, Mihailo
Tolotos teve um início de vida trágico. Logo após o parto, sua mãe faleceu,
deixando-o órfão. Sem família para criá-lo, ele foi acolhido por monges
ortodoxos em um mosteiro no Monte Athos, na Grécia.
O Monte Athos, uma península
isolada, segue regras estritas há mais de mil anos. Desde 1060, uma lei proíbe
a entrada de mulheres e animais fêmeas no território sagrado, uma tradição
rigorosamente mantida até os dias de hoje. Nesse ambiente, Tolotos cresceu cercado
apenas por homens, vivendo sob as rígidas regras do monasticismo ortodoxo.
Embora Tolotos pudesse ter
saído do Monte Athos e explorado o mundo exterior ao atingir a idade adulta,
ele escolheu permanecer no mosteiro por toda a sua vida. Ele tinha conhecimento
da existência de mulheres, aprendendo sobre elas por meio de conversas com seus
colegas monges e de descrições em livros. Contudo, nunca demonstrou curiosidade
em ver uma mulher com os próprios olhos.
Aparentemente satisfeito com
sua vida contemplativa e isolada, Mihailo Tolotos viveu até 1938, quando
faleceu aos 82 anos. Para marcar a peculiaridade de sua existência – ter
passado toda a vida sem jamais ver uma mulher – ele recebeu um enterro especial
organizado pelos monges do Monte Athos. Eles acreditavam que Tolotos era o
único homem no mundo a morrer sem nunca saber como era uma mulher na vida real.
Um artigo de jornal da
época, publicado no Edinburgh Daily Courier em 29 de outubro de 1938,
registrou a morte de Tolotos e destacou que sua vida era marcada por outras
ausências além da falta de contato com mulheres. Segundo o texto, ele também
nunca viu um automóvel, um filme ou um avião, refletindo o isolamento quase
absoluto em que viveu.
Tolotos é uma figura
singular na história, um exemplo extremo do impacto das regras e do ambiente
sobre a experiência humana. Provavelmente nunca mais haverá outro como ele.
Nota histórica: Mulheres e animais fêmeas são proibidos no Monte Athos por uma lei instituída em 1060 que permanece em vigor até hoje, reforçando o caráter único e isolado dessa península monástica.
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