Desejo primeiro
que você ame, e que amando, também seja amado. E que se não for, seja breve em
esquecer. E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois,
que não seja assim, mas se for, saiba ser sem desesperar. Desejo também que
tenha amigos, que mesmo maus e inconsequentes, sejam corajosos e fiéis, e que
pelo menos num deles você possa confiar sem duvidar.
E porque a vida
é assim, desejo ainda que você tenha inimigos. Nem muitos, nem poucos, mas na
medida exata para que, algumas vezes, você se interpele a respeito de suas
próprias certezas.
E que entre
eles, haja pelo menos um que seja justo, para que você não se sinta demasiado
seguro. Desejo depois que você seja útil, mas não insubstituível.
E que nos maus
momentos, quando não restar mais nada, essa utilidade seja suficiente para
manter você de pé.
Desejo ainda que
você seja tolerante, não com os que erram pouco, porque isso é fácil, mas com
os que erram muito e irremediavelmente, e que fazendo bom uso dessa tolerância,
você sirva de exemplo aos outros.
Desejo que você,
sendo jovem, não amadureça depressa demais, e que sendo maduro, não insista em
rejuvenescer e que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor é
preciso deixar que eles escorram por entre nós.
Victor Hugo
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