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sábado, agosto 16, 2025

Dilermando de Assis matou Euclides da Cunha – Na Tragédia da Piedade


Dilermando de Assis e a Tragédia da Piedade: Uma Vida Marcada por Polêmicas e Conquistas.

Dilermando de Assis foi um general do Exército Brasileiro cuja trajetória é indissociavelmente ligada à infame "Tragédia da Piedade", um episódio que chocou o Brasil no início do século XX.

Envolvido em um escandaloso caso amoroso com Ana Emília Ribeiro, esposa do renomado escritor Euclides da Cunha, Dilermando foi protagonista de um confronto que resultou na morte do autor de Os Sertões e, anos depois, de seu filho, Euclides da Cunha Filho.

Apesar do estigma que carregou por esses eventos, Dilermando teve uma carreira militar e civil notável, destacando-se como engenheiro e administrador público, com contribuições significativas para o desenvolvimento rodoviário e cartográfico de São Paulo.

Início da Vida

Dilermando de Assis nasceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, em 18 de janeiro de 1888. Filho de João Cândido de Assis, primeiro-tenente do Exército, e Joaquina Carolina de Assis, ficou órfão ainda jovem, após a morte de seu pai em 1892 e de sua mãe em 1904.

Seu irmão, Dinorah de Assis, foi um conhecido jogador do Botafogo, mas também teve sua vida marcada por tragédias relacionadas ao caso que envolveu Dilermando.

Aos 17 anos, Dilermando ingressou na carreira militar e, em 1905, enquanto chefiava uma missão de reconhecimento na fronteira entre Brasil e Peru, no Alto Purus, conheceu Ana Emília Ribeiro, esposa de Euclides da Cunha.

Ana, então com 33 anos e mãe de três filhos, envolveu-se romanticamente com o jovem cadete, iniciando um relacionamento que duraria anos e desencadearia eventos trágicos.

O Caso Amoroso com Ana Emília

O relacionamento entre Dilermando e Ana começou em 1905, em um contexto em que Euclides da Cunha, frequentemente ausente devido a compromissos profissionais, deixava Ana sozinha por longos períodos.

A relação evoluiu rapidamente: Ana conseguiu um quarto para Dilermando na Pensão Monat, no Rio de Janeiro, e, posteriormente, alugaram uma casa na rua Humaitá, onde passaram a conviver intensamente.

Dessa união nasceram dois filhos: Mauro, que faleceu poucos dias após o nascimento em 1906, e Luís, nascido em 1907. Mesmo após ser transferido para Porto Alegre em 1906, Dilermando manteve contato com Ana por correspondência.

Formado pela Escola Militar em 1908, no posto de tenente, ele retornou ao Rio de Janeiro e passou a residir com seu irmão Dinorah no bairro da Piedade, cenário do fatídico confronto que marcaria sua vida.

Carreira Militar e Civil

Dilermando teve uma carreira militar distinta, servindo em diversas cidades do Brasil e sendo promovido até alcançar o posto de general. Durante a Revolta Paulista de 1924, comandou uma força de "provisórios" paranaenses na região de Guaíra, no oeste do Paraná, com o objetivo de conter o avanço das tropas rebeldes paulistas.

Apesar das limitações de sua tropa, improvisada e mal equipada, Dilermando conseguiu retardar a progressão do inimigo, cumprindo um papel estratégico no conflito.

Durante a Segunda Guerra Mundial, comandou por seis meses o 7º Grupo Móvel de Artilharia de Costa (GMAC) em Rio Grande, no Rio Grande do Sul, participando ativamente da defesa da costa brasileira.

Por sua atuação, recebeu o título de ex-combatente. Como engenheiro civil, Dilermando deixou um legado significativo no estado de São Paulo. Na década de 1930, foi responsável pela elaboração do plano rodoviário estadual, um marco no desenvolvimento da infraestrutura de transportes.

Posteriormente, ocupou o cargo de diretor do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e do Instituto Geográfico e Cartográfico de São Paulo, onde também contribuiu para projetos de construção de escolas públicas, demonstrando sua versatilidade e compromisso com o progresso.

A Tragédia da Piedade

A vida de Dilermando mudou irreversivelmente em 15 de agosto de 1909, um domingo, quando ocorreu a chamada Tragédia da Piedade. Euclides da Cunha, ciente do adultério de sua esposa, descobriu que Ana e Dilermando estavam juntos em uma casa na Estrada Real de Santa Cruz, no bairro da Piedade.

Armado, Euclides invadiu o local aos gritos, declarando que estava disposto a "matar ou morrer". No confronto, ele disparou contra Dinorah, irmão de Dilermando, ferindo-o, e atingiu Dilermando com três tiros. Contudo, Dilermando, com treinamento militar, reagiu rapidamente, sacou sua arma e disparou dois tiros contra Euclides, que morreu no local.

Dinorah, apesar de ferido, sobreviveu inicialmente. Atleta do Botafogo e campeão estadual em 1910, ele sofreu sequelas graves, incluindo hemiplegia, que debilitaram sua saúde. Incapaz de lidar com sua condição, Dinorah cometeu suicídio em 1921, aos 32 anos, em mais um desdobramento trágico do caso.

Julgamento e Repercussão

O assassinato de Euclides da Cunha, um dos maiores escritores brasileiros e imortal da Academia Brasileira de Letras, gerou comoção nacional. A imprensa da época retratou Dilermando como o vilão, ignorando as circunstâncias do confronto.

Apesar de o inquérito policial concluir que ele agiu em legítima defesa, a opinião pública permaneceu implacável. O jornalista Orestes Barbosa foi uma das poucas vozes a defendê-lo, denunciando a parcialidade da imprensa.

Em uma entrevista à revista Diretrizes, de Samuel Wainer, Dilermando lamentou não conseguir expor sua versão dos fatos, mesmo que pagasse por isso.

Levado a júri popular, presidido pelo juiz Manuel da Costa Ribeiro, Dilermando foi absolvido por legítima defesa. Contudo, o veredicto não mudou a percepção pública, e ele continuou estigmatizado como o responsável pela morte de um ícone literário.

Nova Tragédia

Em 4 de julho de 1916, Dilermando enfrentou um novo atentado, desta vez perpetrado por Euclides da Cunha Filho, conhecido como "Quidinho", então com 22 anos.

O jovem, movido por um desejo de vingar a morte do pai, disparou contra Dilermando pelas costas em um cartório no Rio de Janeiro. Mesmo ferido, Dilermando reagiu e matou Quidinho.

O incidente reacendeu o escândalo, mas Dilermando foi novamente absolvido por legítima defesa. Apesar disso, sua reputação permaneceu manchada, e as duas mortes marcaram sua biografia de forma indelével.

Casamento e Vida Pessoal

Após sua primeira absolvição, em 5 de maio de 1911, Dilermando casou-se com Ana Emília, viúva de Euclides, em 12 de maio do mesmo ano. O casal fixou residência em Bagé, no Rio Grande do Sul, onde sua casa se tornou um ponto de encontro cultural, frequentado por intelectuais e artistas.

Juntos, tiveram cinco filhos, mas o relacionamento acabou em 1926, quando se separaram. Posteriormente, Dilermando envolveu-se com Maria Antonieta de Araújo Jorge, com quem teve uma filha, Dirce de Assis Cavalcanti, escritora que dedicou parte de sua vida a tentar resgatar a imagem do pai.

Em seu livro O Pai, publicado pela Ateliê Editorial, Dirce oferece uma perspectiva mais humana e contextualizada sobre Dilermando, buscando desconstruir o estigma que o acompanhou.

Maçonaria e Engajamento

Dilermando foi um ativo defensor da Maçonaria tradicional no Brasil, posicionando-se como crítico ferrenho do Grão-Mestre Joaquim Rodrigues Neves, cuja gestão, na década de 1940, provocou uma cisão na instituição.

Em seu livro A Tragédia da Piedade, Dilermando detalha sua visão sobre o episódio, além de narrar aspectos de sua vida e do caso que o tornou famoso. Sua participação na Maçonaria reflete seu compromisso com valores de fraternidade e justiça, apesar das controvérsias que marcaram sua trajetória.

Morte e Legado

Dilermando de Assis faleceu em São Paulo, em 13 de novembro de 1951, aos 63 anos, vítima de um infarto. Sua morte ocorreu apenas seis meses após o falecimento de Ana Emília, que sucumbiu a um câncer.

Inicialmente, seu sepultamento foi negado no Cemitério do Santíssimo Sacramento, em São Paulo, devido ao peso de sua reputação ligada às mortes de Euclides da Cunha e seu filho.

Anos depois, seu corpo foi trasladado para o mesmo cemitério, onde foi sepultado ao lado dos pais e do irmão Dinorah, cujos restos mortais ele havia transferido de Porto Alegre.

Impacto Cultural e Histórico

A Tragédia da Piedade permanece como um dos episódios mais marcantes da história brasileira do início do século XX, não apenas pelo impacto na vida de figuras públicas como Euclides da Cunha, mas também por expor as tensões sociais e morais da época.

O caso revelou a hipocrisia de uma sociedade que, ao mesmo tempo em que condenava Dilermando, fascinava-se pelo escândalo. A imprensa da época, ao demonizá-lo, contribuiu para consolidar uma narrativa unilateral, que ignorava as complexidades do triângulo amoroso e do confronto.

Dilermando, embora estigmatizado, foi mais do que o "vilão" pintado pela mídia. Sua carreira como militar e engenheiro demonstra um homem dedicado ao serviço público, cujas contribuições ao desenvolvimento de São Paulo são inegáveis. O esforço de sua filha Dirce para reabilitar sua imagem reflete a luta por uma visão mais equilibrada de sua história.

sexta-feira, agosto 15, 2025

Vida - Contra toda desesperança



 

Vida: O Retorno ao Sentido Primordial

Contra toda desesperança, quando o peso do mundo parece esmagar a alma, não há outro caminho senão retornar a si mesmo, ao núcleo essencial onde reside o Sentido Inicial.

É nesse retorno, nesse mergulho introspectivo, que a existência se renova. No silêncio sagrado desse reencontro, todas as vozes externas se calam, os ruídos do caos se dissipam, e a verdade interior sussurra com clareza.

Nesse retiro da alma, onde o coração se curva em reverência, todos os olhares se prostram diante da simplicidade do ser. E ali, no âmago do que parece o mais árido e profundo deserto - um lugar de solidão, de questionamentos, de vazio aparente -, a vida, em sua teimosia indizível, insiste em pulsar.

Ela resiste às tormentas, persiste contra as adversidades e, acima de tudo, faz as pazes com sua própria essência. A vida não se rende à desolação; ela encontra, na quietude do deserto interior, a força para renascer.

Não! A morte não possui substância nem estrutura própria. Ela é apenas uma sombra passageira, um véu que tenta encobrir o brilho da existência. Pois, onde há vida, há doação infinita - uma energia que se entrega, explode em cores vibrantes e expande, incessantemente, mais vida.

É como uma semente que, ao romper o solo árido, desafia a lógica do fim e proclama o milagre do recomeço. A vida, em sua essência, é um ato de criação contínua, um hino à eternidade que ressoa mesmo nos momentos mais sombrios.

Essa reflexão nos convida a enxergar a vida não apenas como um conjunto de instantes, mas como uma força cósmica que transcende as limitações do tempo e do espaço.

Em um mundo marcado por conflitos, incertezas e transformações, o retorno ao Sentido Inicial é um convite à reconciliação com o que somos: seres em constante devir, portadores de uma centelha que não se apaga.

Assim como as antigas filosofias orientais, como o taoísmo, sugerem o retorno ao "Tao" - o princípio que rege a harmonia do universo -, ou como os estoicos da Grécia Antiga buscavam a ataraxia, a serenidade interior, a mensagem aqui é clara: a vida triunfa quando encontramos paz em nossa própria essência.

Esse deserto interior, longe de ser um lugar de derrota, é um santuário de transformação. É onde enfrentamos nossas dores, nossas dúvidas e nossos medos, mas também onde descobrimos a resiliência que nos define.

A história da humanidade está repleta de exemplos de indivíduos e comunidades que, diante de crises - sejam guerras, exílios ou perdas pessoais -, encontraram na introspecção e na fé na vida um caminho para a renovação.

Seja na resistência de povos que preservam suas culturas contra a opressão, seja na força de uma pessoa que supera a dor de uma perda, a vida sempre encontra uma maneira de afirmar sua presença.

Portanto, que esse texto seja um lembrete: mesmo nos momentos de maior escuridão, quando a desesperança parece reinar, a vida permanece. Ela é a chama que não se extingue, o sopro que não cessa, o sentido que nunca se perde.

E, ao voltarmos a nós mesmos, ao silêncio que revela e ao deserto que acolhe, descobrimos que a vida não apenas persiste - ela floresce, expande e nos convida a sermos, eternamente, parte de sua dança.

Viver em off


 

O Silêncio do Amor Verdadeiro

Hoje, eu poderia falar do beijo demorado, daquele instante em que o tempo parece suspender-se, e os lábios contam histórias que as palavras jamais ousariam.

Poderia descrever os olhares que conversam em segredo, trocando promessas e sonhos sem emitir som algum. Poderia celebrar os abraços que se tornam pontes, unindo margens distantes de dois corações, ou exaltar o amor que transcende o tempo, desafiando a efemeridade da existência.

Mas hoje, não. Hoje, eu quero falar de um amor calado, sutil, que não se anuncia com fanfarras, mas se escreve nas entrelinhas da vida. Um amor bordado fio a fio, com a paciência de quem tece um tapete de memórias, sem pressa, sem alarde.

É o amor que não precisa de holofotes, que não se mede por gestos grandiosos, mas pela constância dos pequenos cuidados, pela presença que aquece mesmo na ausência.

Porque todos os amores, dos mais fugazes aos mais eternos, começam e deságuam no mesmo lugar: no coração humano, esse rio que nunca cessa de correr. O mais bonito dessa vida, o que realmente importa, se vive em off. Fora das redes, longe dos palcos, além das vitrines do mundo.

É no silêncio de um olhar que compreende, na mão que aperta com firmeza em um momento de dúvida, no café quente servido sem pedir, que o amor revela sua verdadeira face.

Ele não precisa de likes, de validação externa, de plateias. Ele floresce nos instantes que ninguém vê, nos detalhes que só os amantes conhecem, nos silêncios que dizem tudo.

Esse amor calado é como uma semente que germina na escuridão da terra, sem que o mundo perceba, mas que um dia se torna árvore frondosa, oferecendo sombra e refúgio.

É o amor dos avós que, após décadas, ainda caminham de mãos dadas, sem dizer uma palavra, porque tudo já foi dito na linguagem do tempo compartilhado.

É o amor de quem espera na rodoviária sob a chuva, de quem guarda um bilhete amarelado por anos, de quem sorri ao lembrar de um momento que só faz sentido para dois.

Em um mundo acelerado, onde tudo é exibido, medido e comparado, o amor em off é um ato de resistência. É a escolha de cultivar algo profundo, longe dos olhares curiosos, em um espaço sagrado onde só os envolvidos têm acesso.

Esse amor não se curva às pressões do instantâneo; ele cresce na lentidão, na confiança, na intimidade que se constrói dia após dia. É o amor que sobrevive às tempestades porque foi tecido com fios de paciência, compreensão e entrega.

Pense, por exemplo, nas histórias de amor que atravessaram guerras, como as cartas trocadas entre soldados e suas amadas, carregadas de promessas que sustentaram corações em meio ao caos.

Ou nas famílias que, em tempos de crise, como os períodos de exílio ou separação forçada, mantiveram o amor vivo através de memórias e esperança.

Esses amores, muitas vezes calados, escritos em papéis simples ou guardados no silêncio do coração, são os que ecoam pela eternidade. Hoje, escolho celebrar esse amor que não precisa gritar para ser ouvido, que não precisa ser visto para ser sentido.

Ele é o fio invisível que costura a existência, o alicerce que sustenta o que há de mais humano em nós. E, no fim, é esse amor - bordado com cuidado, vivido em segredo, sentido em silêncio - que nos lembra que a vida, em sua essência, é feita de conexões que transcendem o visível e tocam o eterno.

quinta-feira, agosto 14, 2025

Uma Tragédia


"Não Digam Nunca: Isso é Natural" – Uma Advertência de Bertolt Brecht.”

Nós vos pedimos com insistência: não digam nunca: ‘Isso é natural.’ Diante dos acontecimentos de cada dia, numa época em que reina a confusão, em que corre sangue, em que o arbitrário tem força de lei, em que a humanidade se desumaniza, não digam nunca: ‘Isso é natural.’

Para que nada passe a ser imutável. Essa poderosa advertência do dramaturgo, poeta e pensador alemão Bertolt Brecht (1898-1956) é um chamado à reflexão crítica e à resistência contra a aceitação passiva das injustiças e atrocidades do mundo.

Escrita em um contexto de turbulência política e social, a citação reflete a essência do pensamento de Brecht, que usava o teatro e a escrita como ferramentas para desafiar as estruturas de poder e despertar a consciência coletiva.

Ele nos alerta: normalizar o inaceitável é abrir as portas para que a opressão e a desumanização se tornem permanentes.

Contexto Histórico e a Origem do Apelo

Brecht escreveu essas palavras em meio ao caos do século XX, uma era marcada por guerras, totalitarismos e desigualdades extremas. Nascido em Augsburg, na Alemanha, ele viveu a ascensão do nazismo, testemunhou a devastação da Segunda Guerra Mundial e enfrentou o exílio por sua oposição ao regime de Hitler.

Seus textos, muitas vezes impregnados de crítica social, buscavam desmascarar as injustiças disfarçadas de “ordem natural” pelas elites e pelos sistemas opressivos.

A citação reflete o período em que Brecht, como marxista e humanista, observava a manipulação das massas e a naturalização de horrores como a violência estatal, a propaganda fascista e a exploração econômica.

Durante os anos 1930 e 1940, ele via o mundo mergulhado em “confusão” - a ascensão de regimes autoritários, o sofrimento das vítimas de guerra e a cumplicidade silenciosa de muitos que aceitavam tais eventos como inevitáveis.

Para Brecht, dizer “isso é natural” era ceder à apatia, legitimando a brutalidade e permitindo que ela se perpetuasse como algo imutável.

Uma Mensagem Atemporal

A força do apelo de Brecht transcende seu tempo. Ele nos convida a questionar as normas e acontecimentos que moldam nossa realidade, sejam eles políticos, sociais ou econômicos.

No contexto histórico, sua mensagem ecoava contra o nazismo e o capitalismo desenfreado, mas hoje ressoa em desafios contemporâneos: crises climáticas ignoradas como “parte da natureza”, desigualdades sociais justificadas como “inevitáveis”, ou violações de direitos humanos aceitas como “o jeito que as coisas são”.

Brecht nos lembra que nada é inerentemente “natural” - tudo é construído por ações humanas e, portanto, pode ser transformado por elas. Por exemplo, durante a Segunda Guerra Mundial, a propaganda nazista tentou normalizar a exclusão e o extermínio de grupos inteiros, apresentando-os como uma necessidade “natural” para a ordem social.

Brecht, com sua dramaturgia épica, desafiava essa lógica, usando peças como Mãe Coragem e Seus Filhos (1939) e O Círculo de Giz Caucasiano (1944) para expor como a guerra e a exploração eram produtos de decisões humanas, não de forças inevitáveis.

Ele queria que o público saísse do teatro não apenas emocionado, mas questionando: “Por que aceitamos isso? Como podemos mudar?”

Relevância nos Dias Atuais

Hoje, as palavras de Brecht continuam urgentes. Vivemos em uma era de polarização, desinformação e crises globais, onde a indiferença pode ser tão perigosa quanto a ação direta.

Quando populações são deslocadas por conflitos, quando a violência policial é justificada como “ordem”, ou quando a destruição ambiental é tratada como um “custo do progresso”, a tentação de dizer “isso é natural” permanece.

Brecht nos exorta a rejeitar essa passividade, a reconhecer que tais condições são resultados de escolhas humanas - e, portanto, passíveis de mudança. Por exemplo, os movimentos sociais contemporâneos, como os que lutam por justiça racial, igualdade de gênero ou ação climática, ecoam o espírito de Brecht.

Eles desafiam narrativas que tentam naturalizar a opressão ou a destruição, exigindo responsabilidade e transformação. A citação também ressoa em tempos de “fake news” e manipulação midiática, onde a confusão - que Brecht mencionava - é alimentada por desinformação deliberada, dificultando a distinção entre verdade e manipulação.

Um Chamado à Ação

Brecht não queria apenas que seus leitores ou espectadores refletissem; ele queria que agissem. Seu teatro, conhecido como “épico” ou “dialético”, buscava romper a ilusão de que o público era apenas um observador passivo.

Ele usava técnicas como o “efeito de distanciamento” para fazer as pessoas pensarem criticamente sobre o que viam, questionando as estruturas de poder que moldam o mundo.

Essa citação é, em si, um convite à ação: não aceite o inaceitável, não normalize o injusto, não permita que o arbitrário se torne lei. Ao dizer “para que nada passe a ser imutável”, Brecht aponta para a esperança.

Ele acreditava no poder da humanidade para transformar sua realidade, desde que se recusasse a tratar o sofrimento como inevitável. Seja na luta contra regimes opressivos, na resistência à desigualdade ou no combate à desumanização, sua mensagem é um lembrete de que o futuro está nas mãos de quem ousa questionar e agir.

Diva


A paz do teu sorriso ilumina o mundo ao meu redor como um amanhecer que, delicadamente, dissipa as sombras da minha alma. É como se cada curva dos teus lábios abrisse janelas para o sol, fazendo o frio dos meus dias evaporar.

Teu beijo, quente e doce, percorre-me como um vinho raro, despertando cada fibra adormecida do meu ser, um elixir que reacende a vida e me embriaga de ternura e desejo.

Teu cheiro suave - mistura de pele, calor e mistério - dança no ar como uma brisa encantada, prendendo meus sentidos em um torpor que não quero desfazer.

Tua voz, melodia que ecoa no coração, é um hino que embala meus sonhos mais íntimos, causando arrepios de emoção, como se cada palavra tua fosse escrita para mim antes mesmo de ser pronunciada.

Tuas mãos, ao deslizarem pelo meu corpo, são carícias que aquecem e acalmam, como brisas de entardecer à beira do mar.

Teu corpo suado, reluzente sob a luz suave da madrugada, é como um lago cristalino no qual mergulho sem hesitar, afogando-me docemente na tua essência.

Teu pescoço, macio e levemente perfumado, é pura alquimia - transformando instantes fugazes em eternidade, como se o tempo se curvasse para nos servir.

Tua pele, tão macia, é um mimo que acolhe e protege; um presente que a natureza moldou com delicadeza e entrega. Teu olhar, raio certeiro que trespassa e fulmina, acende faíscas que explodem dentro de mim como estrelas colidindo no céu.

Teus gestos, suaves e precisos, desenham paisagens invisíveis, pintadas com a graça de um artista celestial.

Teu andar, cadenciado e hipnótico, me arranca da realidade, e cada passo teu é uma batida acelerada do meu coração. Teu corpo, tão bonito e tão vivo, é meu ninho e meu refúgio, onde encontro não só paz, mas também a tempestade que preciso para me sentir vivo.

E quando a noite cai e o mundo silencia, é no calor do teu abraço que descubro o sentido mais puro da vida. Ali, o tempo deixa de ser contagem e passa a ser presença. Cada instante contigo se escreve em versos invisíveis, como um conto de amor que não reconhece fronteiras nem teme o efêmero.

Teu riso é a trilha sonora dos meus dias, uma música que mesmo o silêncio respeita. Tua presença é farol e abrigo, guia e destino. Em ti, encontro o sagrado e o humano, o eterno e o instante. E assim me entrego, inteiro, à magia de te amar, como quem sabe que algumas histórias não precisam de ponto final, pois foram feitas para durar enquanto existir o próprio tempo.

quarta-feira, agosto 13, 2025

Entre o Medo e a Bondade


 

"Entre o Medo e a Bondade: O Verdadeiro Peso do Respeito"

Muitas vezes, parece que o respeito do ser humano é conquistado não pela bondade, mas pelo poder que o dinheiro representa ou pela intimidação que a maldade impõe. A bondade, embora valiosa, raramente toca o coração de muitos de forma duradoura.

O homem tende a reverenciar aquilo que teme - seja a influência de uma fortuna, a ameaça de uma ação cruel ou o peso de uma posição de autoridade - em vez de valorizar quem o ama ou quem, com generosidade, o ajudou a se reerguer nos momentos de queda.

Essa percepção reflete uma faceta sombria da natureza humana, moldada por séculos de sobrevivência, hierarquia e competição. Desde as sociedades tribais até os impérios e corporações modernas, o poder econômico e militar sempre garantiu privilégios e submissão.

Reis, imperadores e magnatas construíram impérios não apenas com ouro, mas com a deferência que ele exigia. Na Roma Antiga, generais vitoriosos recebiam aplausos não por sua bondade, mas pelo temor que inspiravam nos povos conquistados.

Na Idade Média, senhores feudais eram reverenciados mais pelo controle de suas terras e exércitos do que por qualquer virtude pessoal. Da mesma forma, a maldade, quando exercida com astúcia, muitas vezes impôs respeito pelo medo.

Figuras tirânicas marcaram a história, desde faraós que exploravam a crença divina para subjugar seus povos até líderes totalitários do século XX, que mantiveram nações inteiras sob silêncio e obediência forçada.

A lição transmitida, geração após geração, foi clara: quem detém o poder - seja ele financeiro, político ou militar - dita as regras do respeito. Enquanto isso, a bondade, embora celebrada em discursos, livros e poesias, frequentemente é vista como fraqueza ou idealismo ingênuo, incapaz de competir com a força bruta do poder ou da intimidação.

Muitos se esquecem de que a bondade exige mais coragem do que a maldade, pois ela se arrisca a agir sem garantias de retorno, confiando na transformação silenciosa do outro.

No entanto, essa visão não é absoluta. Há momentos raros e preciosos em que a bondade transcende e inspira. Figuras como Mahatma Gandhi, Martin Luther King Jr., Madre Teresa de Calcutá e Nelson Mandela provaram que a empatia e a compaixão podem conquistar não apenas admiração, mas mudanças concretas e duradouras.

Da mesma forma, gestos anônimos de solidariedade em tempos de crise - como vizinhos que se ajudam em desastres naturais ou desconhecidos que arriscam a vida para salvar outras pessoas - revelam que o respeito genuíno pode nascer da generosidade.

Ainda assim, no cenário social moderno, observa-se que pessoas com grande influência financeira ou midiática - bilionários, celebridades, líderes corporativos ou influenciadores digitais - frequentemente recebem mais atenção, reverência e benefícios do que aqueles que dedicam décadas de suas vidas a causas altruístas sem visibilidade.

Essa realidade levanta questionamentos profundos: por que o ser humano valoriza mais o que o intimida do que o que o acolhe? Será o medo uma força mais imediata e instintiva do que a gratidão?

Talvez a resposta esteja na fragilidade da condição humana, que busca segurança e estabilidade, mesmo que isso signifique curvar-se ao poder ou à ameaça em vez de celebrar a vulnerabilidade e a força silenciosa da bondade.

Contudo, é importante lembrar: o respeito baseado no medo é efêmero e se desfaz quando a fonte de intimidação desaparece. Já o respeito construído sobre o amor, a integridade e a solidariedade, ainda que mais raro, tem o poder de atravessar gerações e transformar sociedades de maneira duradoura.

O Poder da Frase Pronta


 

O Poder da Frase Pronta: Quando “Estudos Revelam” Substitui o Pensamento Crítico

É impressionante como, hoje em dia, basta dizer “um novo estudo revela” ou “especialistas afirmam” para que muitas pessoas aceitem uma informação quase sem questionar.

Essas frases, repetidas exaustivamente pela mídia, carregam uma aura de autoridade e confiabilidade, mas, na prática, muitas vezes carecem do elemento mais básico: a prova.

Quem realizou o estudo? Qual a credibilidade desse “especialista”? Qual metodologia foi utilizada? Houve revisão por pares? Sem essas respostas, o público é deixado no escuro, acreditando em narrativas que podem ser incompletas, enviesadas ou, em alguns casos, totalmente distorcidas.

Essa prática reflete um problema maior no jornalismo contemporâneo: a pressa por publicar primeiro, mesmo que isso signifique sacrificar a profundidade, a transparência e a verificação.

Manchetes como “Cientistas descobrem alimento que prolonga a vida” ou “Especialistas alertam sobre hábitos que destroem o cérebro” surgem semanalmente, mas raramente trazem informações essenciais como: quem financiou a pesquisa?

Quantos participantes fizeram parte do estudo? Qual foi a duração e o contexto do experimento? Sem esses dados, o que parece uma revelação científica pode ser apenas marketing disfarçado ou uma interpretação seletiva dos resultados.

Não é coincidência que, em muitos casos, investigações posteriores revelem conflitos de interesse - como pesquisas sobre alimentos patrocinadas por grandes indústrias alimentícias, ou estudos de medicamentos custeados por empresas farmacêuticas com interesse direto nos resultados.

Um exemplo recente ilustra bem essa situação: em 2023, uma notícia amplamente compartilhada afirmava que “um estudo revelou que o uso de redes sociais aumenta a ansiedade em jovens”.

Contudo, ao analisar o trabalho original, descobriu-se que a amostra era pequena, não representativa, e que os próprios autores alertavam que os resultados eram inconclusivos.

Apesar disso, a manchete sensacionalista já havia percorrido o mundo, gerando debates e opiniões baseadas em uma leitura superficial e descontextualizada.

Outro recurso igualmente problemático é a figura do “especialista” genérico. Muitas reportagens não informam quem é essa pessoa, qual sua formação, experiência ou área de atuação.

Em 2024, durante a cobertura de uma crise climática, manchetes citaram “especialistas” prevendo cenários apocalípticos, mas sem fornecer qualquer dado sobre suas credenciais. Isso confunde o público, enfraquece a credibilidade da informação e mina a confiança tanto na imprensa quanto na ciência.

Esse fenômeno não é novo - já nos anos 1970, campanhas publicitárias usavam atores vestidos de médicos para recomendar cigarros ou produtos “cientificamente comprovados”, explorando a autoridade percebida da ciência para vender ideias ou mercadorias.

A diferença é que, hoje, a velocidade das redes sociais amplia exponencialmente o alcance de uma afirmação antes que haja tempo para checagem.

Para combater esse ciclo, é fundamental que os consumidores de informação adotem uma postura mais crítica e investigativa. Antes de aceitar uma manchete, vale perguntar:

Qual é a fonte original da informação?

Onde está o estudo completo?

Quem são os especialistas citados e quais suas credenciais?

Há possíveis interesses econômicos ou políticos por trás da divulgação?

A mídia tem a obrigação ética de oferecer respostas claras, mas o público também precisa exigir esse padrão. Só assim será possível construir um diálogo mais honesto e fundamentado, sem cair nas armadilhas das frases prontas que visam mais cliques do que a verdade.

No fim das contas, “estudos revelam” e “especialistas afirmam” deveriam ser pontos de partida para o conhecimento - não atalhos para manipulação.

terça-feira, agosto 12, 2025

Sonhos



Há quem diga que todas as noites são feitas de sonhos, como se o véu da escuridão tecesse fantasias para a alma. Mas há também quem jure, com convicção, que apenas as noites de verão, aquecidas pelo sopro morno do vento, são verdadeiramente oníricas.

No fundo, pouco importa a estação ou a hora. O que realmente pulsa no coração dessa questão não é a noite em si, mas os sonhos que ela carrega. Sonhos que o homem tece incessantemente, seja com os olhos fechados, imerso no repouso, ou com a alma desperta, vagando pelos confins da imaginação.




Em todos os lugares, sob céus estrelados ou telhados de cidades inquietas, o homem sonha. Sonha nas planícies vastas, onde o horizonte parece sussurrar promessas, e nas vielas estreitas, onde a vida pulsa em segredos.

Sonha nas primaveras perfumadas, nos outonos de folhas dançantes, nos invernos que congelam o corpo, mas não o espírito, e, claro, nas noites quentes de verão, quando o ar parece vibrar com possibilidades.

Dormindo, ele navega por mares de fantasias, onde dragões dançam e castelos flutuam. Acordado, ele constrói castelos no ar, traça destinos impossíveis e pinta o futuro com as cores da esperança.

Certa vez, em uma vila esquecida pelo tempo, um velho contador de histórias reuniu crianças e adultos sob a luz de uma fogueira. Ele dizia que os sonhos, sejam noturnos ou diurnos, são o idioma da alma, um murmúrio do coração que não se cala. 



 

Contou de um jovem que, acordado, sonhava com terras distantes e, ao dormir, viajava até elas, guiado por estrelas que só ele enxergava. A cada amanhecer, o jovem acordava com o peito cheio de coragem, pronto para transformar seus sonhos em passos reais.

E assim, noite após noite, dia após dia, ele cruzou montanhas e rios, até que seus sonhos se tornaram a própria vida. Porque os sonhos não conhecem fronteiras, nem de tempo, nem de espaço.

Eles são a chama que aquece o homem nas noites frias, o vento que o impulsiona nas manhãs cinzentas, a melodia que embala seus dias.

Seja sob o manto da noite ou à luz do sol, o homem sonha sempre - e é nesse sonhar que ele encontra sentido, que ele se reinventa, que ele vive.