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sábado, julho 15, 2023

Dilermando de Assis matou Euclides da Cunha – Na Tragédia da Piedade


Dilermando de Assis matou Euclides da Cunha – Na Tragédia da Piedade - Dilermando de Assis foi um general do Exército Brasileiro famoso por sua participação na "Tragédia da Piedade", que resultou de uma relação amorosa vivida com Ana Ribeiro, a esposa do escritor Euclides da Cunha, e que levou à morte do escritor e, posteriormente, de seu filho.

Em sua carreira, foi responsável pelo plano rodoviário do Estado de São Paulo na década de 1930 e diretor do Departamento de Estradas de Rodagem e diretor do Instituto Geográfico e Cartográfico de São Paulo.

Inicio de Vida

Dilermando nasceu em Porto Alegre, em 18 de janeiro de 1888. Era filho de João Candido de Assis (1861-1892), primeiro tenente do Exército, e de Joaquina Carolina de Assis (1858-1904). Seu irmão era o jogador do Botafogo, Dinorah de Assis (1889-1921).

Dilermando começou um relacionamento com a esposa de Euclides da Cunha, Ana Emília Ribeiro da Cunha, em 1905, quando chefiava uma missão conjunta de Reconhecimento do Alto Purus, fronteira entre Brasil e Peru. 

Ana tinha três filhos com Euclides e 33 anos de idade quando se apaixonou pelo jovem cadete do Exército Brasileiro, Dilermando, que tinha apenas 17 anos.

O caso durou quatro anos e Ana chegou a ter dois filhos com ele, Mauro, que morreu cerca de uma semana depois do nascimento, em 1906 e Luís, em 1907.

Ana tinha conseguido um quarto na Pensão Monat para Dilermando, que já era órfão nessa época e morava na Escola Militar.

Euclides viajava muito a serviço, ficando longos períodos fora de casa, o que fez o caso de Ana e Dilermando durar vários anos.

Depois do quarto na pensão, eles alugaram uma casa na rua Humaitá, onde passaram longos períodos juntos.

Mesmo depois de transferido para Porto Alegre, em 1906 e do retorno de Euclides para casa, Dilermando manteve correspondência com Ana.

Estudando na Escola Militar da capital gaúcha, Dilermando se formou em 1908, chegando ao posto de tenente, retornando para o Rio de Janeiro, onde foi morar com o irmão, Dinorah, no bairro da Piedade

Carreira

Dilermando viveu em muitas cidades pelo país, servindo ao Exército, sendo promovido sucessivamente até o posto de General. Durante a Revolta Paulista de 1924.

Comandou uma força de "provisórios" paranaenses que se opôs, sem sucesso, ao avanço dos paulistas na região de Guerra, no oeste do estado.

Tal força irregular, com todas as deficiências que se pode esperar como tantas outras despachadas às pressas em qualquer guerra, serviu para retardar a progressão do inimigo e sob esse aspecto cumpriu seu dever.

Dilermando foi ainda comandante por cerca de 6 meses, do 7º GMAC (Grupo Móvel de Artilharia de Costa) na cidade de Rio Grande - RS durante a 2ª Guerra Mundial, recebendo após isso o título de Ex-Combatente por ter participado efetivamente de operações bélicas na defesa da Costa Brasileira.

Em São Paulo, como engenheiro, Dilermando foi responsável pelo plano rodoviário do Estado de São Paulo na década de 1930 e foi em seguida diretor do Departamento de Estradas de Rodagem. Elaborou projetos para escolas públicas e foi diretor do Instituto Cartográfico e Geográfico de São Paulo.

Tragédia da Piedade

Dilermando encontrava-se com Ana em sua casa na Estrada Real de Santa Cruz, local afastado do Bairro da Piedade, onde foi surpreendido por Euclides. Euclides tinha passado em casa de parentes, onde conseguira uma arma, no dia 15 de agosto de 1909, um domingo.

O escritor entra gritando no aposento, berrando que estava ali para “matar ou morrer”. Ele acerta Dinorah, irmão de Dilermando, e ainda acerta 3 tiros no amante da esposa, mas Dilermando tinha treinamento militar e conseguiu sacar sua arma antes e desferir dois tiros em Euclides da Cunha, que morreu no local.

Seu irmão Dinorah, que era atleta do Botafogo, ficou ferido, mas se recuperou e chegou a ser campeão estadual em 1910, mas ficou com hemiplegia, o que debilitou mais e mais sua saúde e, não suportando a condição, suicidou-se em 1291.

Julgamento

A imprensa brasileira logo fez de Dilermando o vilão da história por ter matado o Imortal da Academia Brasileira de Letras. Mesmo o inquérito policial indicando que a morte foi por legítima defesa, isso não teve relevância para a opinião pública.

O jornalista Orestes Barbosa foi um dos únicos a defendê-lo. Esse caso constitui-se em um marco da parcialidade na imprensa brasileira. Em uma entrevista concedida à revista Diretrizes, de Samuel Wainer, Dilermando afirma que não conseguiria expor sua versão dos fatos “nem se pagasse”.

Dilermando foi acusado de homicídio e levado a júri popular, presidido pelo juiz Manuel da Costa Ribeiro. Ele foi absolvido por legitima defesa, mas mesmo assim a visão do público não mudou e ele continuou carregando o estigma do assassinato.

Nova Tragédia

Em 4 de julho de 1916 Dilermando sofre novo atentado, desta feita por parte de Euclides da Cunha Filho, apelidado familiarmente de “Quidinho”, então com 22 anos de idade.

Ele estava em um cartório do fórum do Rio de Janeiro, quando foi alvejado pelas costas por Quidinho. Mesmo ferido, Dilermando reagiu, matando seu agressor. Um novo escândalo resulta em uma nova absolvição, mas sua biografia já estava permanentemente marcada pelas duas mortes.

Casamento

Em 12 de maio de 1911, logo após sua absolvição em 5 de maio, Dilermando se casou com a viúva Ana da Cunha. Morando ambos em Bagé, sua casa tornou-se um agitado ponto cultural da cidade.

Trabalhando como engenheiro, participou da construção de muitos prédios, como o Quartel General do Exército. Em 1926, já com cinco filhos, o casal se separou.

Após seu relacionamento com Ana de Assis, Dilermando se relacionou com Maria Antonieta de Araújo Jorge, com quem teve uma filha, a escritora Dirce de Assis Cavalcanti, prima de J. G. de Araújo Jorge.

Dirce até hoje tenta mudar a percepção do público a respeito do pai. Ela escreveu o livro “O Pai”, publicada pelo selo Ateliê Editorial.

Maçonaria

Dilermando de Assis foi um dos defensores da Maçonaria tradicional, sendo um dos mais acerbos críticos ao Grão-Mestre Joaquim Rodrigues Neves que, nos anos 40, provocou a cisão da instituição no Brasil. Este episódio é narrado, com detalhes, em seu livro “A Tragédia da Piedade”

Morte

Dilermando morreu em São Paulo, em 13 de novembro de 1951, aos 63 anos de idade, devido a um infarto. Sua morte ocorreu seis meses depois da morte de Ana, sua ex-amante, por câncer. 

Na ocasião de sua morte, seu sepultamento no Cemitério do Santíssimo Sacramento, em São Paulo, foi negado, devido seu envolvimento na morte de Euclides da Cunha e seu filho.

Seu corpo só foi transferido para o cemitério, para ser sepultado ao lado dos pais e do irmão, cujos corpos ele trasladou de Porto Alegre para a capital paulista, muitos anos depois.

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