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quinta-feira, maio 08, 2025

Jorge Luis Borges - Esquecer


 

Jorge Luis Borges, com sua habitual genialidade, condensou em poucas palavras uma ideia profundamente filosófica e emocional: “Não falo de perdão nem de vingança. A minha escolha é mais radical: aqueles que me ferem simplesmente deixam de existir para mim. Nunca mais dedico um pensamento a eles. O esquecimento é a única vingança e, ao mesmo tempo, o único perdão.”

Esse trecho reflete a visão de Borges sobre o poder do controle mental e emocional, uma postura que transcende as reações instintivas de raiva ou mágoa.

Para ele, a indiferença não é apenas um estado passivo, mas uma decisão ativa, um ato de soberania sobre o próprio espírito. Complementando essa reflexão, pode-se dizer que poucas coisas são tão poderosas quanto a indiferença absoluta.

Afinal, não há castigo maior do que ser apagado da memória de quem um dia importou. É como se, ao retirar alguém do nosso universo interior, negássemos a essa pessoa o direito de influenciar nossa paz ou nossa história.

Mas há um outro lado nessa moeda: o esquecimento, enquanto arma de autodefesa, exige uma disciplina quase sobre-humana. Esquecer não é apenas ignorar, é apagar as marcas deixadas no tecido da alma, um processo que, paradoxalmente, pode demandar mais energia do que perdoar ou buscar revanche.

Borges, com sua escrita labiríntica e cheia de espelhos, talvez quisesse nos provocar a pensar: será o esquecimento uma forma de liberdade ou uma ilusão que carregamos para nos proteger?

Seja como for, sua escolha radical nos convida a refletir sobre o peso que damos ao outro - e o quanto podemos nos aliviar ao decidir que esse peso simplesmente não existe mais.

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