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quinta-feira, agosto 07, 2025

Itzhak Stern - O Contador de Oskar Schindler



Itzhak Stern: O Contador de Oskar Schindler e a Força por Trás da Lista

Itzhak Stern, um judeu polonês nascido em 25 de janeiro de 1901, em Cracóvia, então parte do Império Austro-Húngaro, desempenhou um papel crucial na história de resistência e humanidade durante o Holocausto.

Como contador de Oskar Schindler na Deutsche Emailwarenfabrik (DEF), uma fábrica de utensílios esmaltados em Cracóvia, Stern não foi apenas um administrador habilidoso, mas também uma figura central na salvação de mais de mil judeus durante a Segunda Guerra Mundial.

Enquanto prisioneiro no campo de concentração de Płaszów, Stern tornou-se o braço direito de Schindler na gestão da fábrica. A DEF, que produzia panelas e outros itens para o esforço de guerra alemão, foi inicialmente um empreendimento movido a interesses comerciais, mas evoluiu para um símbolo de esperança.

Parte do financiamento da fábrica veio de investimentos de judeus que, sob as leis antissemitas do regime nazista, foram despojados de seus direitos e proibidos de gerir seus próprios recursos.

Incapazes de usar seu dinheiro livremente, muitos confiaram em Schindler, arriscando seus fundos em um projeto que, à primeira vista, parecia apenas um negócio, mas que se tornaria um meio de sobrevivência.

Foi Itzhak Stern quem, com meticulosidade e coragem, digitou a célebre "Lista de Schindler", um documento que continha os nomes de cerca de 1.200 judeus que seriam salvos da deportação e da morte nos campos de extermínio.

A lista, elaborada com a colaboração de Schindler, foi em grande parte idealizada por Stern, que cuidadosamente selecionou trabalhadores, muitos dos quais não tinham habilidades técnicas, mas cuja inclusão na lista significava a diferença entre a vida e a morte.

Ele falsificava documentos, transformando professores, intelectuais e artistas em "mecânicos" e "operários qualificados", garantindo que fossem considerados essenciais para a fábrica e, assim, protegidos da máquina genocida nazista.

O relacionamento entre Stern e Schindler começou de forma pragmática. Em sua primeira reunião, Stern sugeriu que Schindler utilizasse mão de obra judia, mais barata que a polonesa, uma decisão inicialmente movida por oportunismo de ambos os lados.

Schindler, um empresário alemão filiado ao Partido Nazista, via na proposta uma chance de lucro; Stern, por sua vez, enxergava uma oportunidade de salvar vidas.

Com o tempo, porém, o que era uma relação comercial transformou-se em uma profunda amizade, marcada por respeito mútuo e um objetivo compartilhado: preservar a humanidade em meio à barbárie.

Stern foi um estrategista silencioso, mas essencial. Ele arriscava a própria vida ao incluir na lista judeus considerados "não essenciais" pelos nazistas, como idosos, crianças e intelectuais, que, sem sua intervenção, provavelmente teriam sido enviados para campos de extermínio de Auschwitz.

Sua habilidade em manipular registros e documentos, aliada à sua visão humanitária, foi fundamental para o sucesso do plano de Schindler. Ele não apenas administrava a fábrica, mas também servia como conselheiro de Schindler, ajudando-o a navegar pelo perigoso equilíbrio entre agradar as autoridades nazistas e proteger seus trabalhadores.

A história de Stern ganhou destaque no filme A Lista de Schindler (1993), dirigido por Steven Spielberg, onde foi brilhantemente interpretado por Ben Kingsley.

A atuação de Kingsley capturou a essência de Stern: um homem reservado, mas astuto, cuja força residia na inteligência e na determinação. No final do filme, a viúva de Stern aparece em uma cena comovente, visitando o túmulo de Schindler em Jerusalém, acompanhada por Kingsley, em um tributo à memória de ambos.

Além de Itzhak, seu irmão, Natan Stern, também esteve entre os judeus salvos por Schindler, reforçando o impacto pessoal que a lista teve na família Stern. A relação entre Itzhak e Schindler, inicialmente fria e calculista, floresceu em uma amizade genuína, marcada por momentos de cumplicidade e confiança.

Quando Stern faleceu em 1969, Schindler, já debilitado e vivendo modestamente, compareceu ao funeral e, segundo relatos, chorou copiosamente, um testemunho da profundidade do laço que os uniu.

Contexto e Legado

O trabalho de Stern e Schindler aconteceu em um dos períodos mais sombrios da história. Durante o Holocausto, cerca de seis milhões de judeus foram assassinados pelo regime nazista, em uma campanha sistemática de ódio e extermínio.

Em Cracóvia, o gueto criado em 1941 concentrou dezenas de milhares de judeus em condições desumanas, antes que a maioria fosse deportada para campos de concentração ou extermínio.

A fábrica de Schindler, localizada próxima ao gueto, tornou-se um oásis improvável, onde os trabalhadores, embora submetidos a condições difíceis, tinham uma chance de sobreviver.

Stern não apenas ajudou a salvar vidas diretamente, mas também contribuiu para um legado de resistência moral. Ele representou a força daqueles que, mesmo em circunstâncias de opressão extrema, encontraram maneiras de lutar pela dignidade e pela sobrevivência de outros.

Sua história é um lembrete de que, em meio ao caos e à crueldade, atos de coragem e solidariedade podem fazer a diferença. Após a guerra, Stern continuou a viver discretamente, sem buscar reconhecimento por suas ações.

Sua morte em 1969 marcou o fim de uma vida dedicada à sobrevivência e à esperança, mas seu impacto perdura. A Lista de Schindler, hoje preservada como um documento histórico, é mais do que uma lista de nomes; é um testemunho da parceria entre dois homens improváveis - um empresário alemão e um contador judeu - que, juntos, desafiaram o horror do Holocausto.

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