Helena de Tróia: A Beleza que Desencadeou uma Guerra
Na
mitologia grega, Helena era uma figura de beleza incomparável, considerada a
mulher mais bela do mundo. Filha de Zeus, o rei dos deuses, e da mortal Leda,
rainha de Esparta.
Helena
era irmã gêmea de Clitemnestra, esposa de Agamenon, rei de Micenas, e dos
irmãos Castor e Pólux, conhecidos como os Dióscuros, semideuses reverenciados
como protetores dos navegantes.
Sua
origem divina, segundo algumas versões, veio do encontro de Zeus com Leda na
forma de um cisne, resultando no nascimento de Helena e seus irmãos a partir de
ovos, um detalhe que reforça o caráter mítico de sua história.
O Rapto de Helena por Teseu
Ainda
jovem, aos onze anos, Helena foi raptada pelo herói ateniense Teseu, que se
encantou por sua beleza. Teseu, já famoso por suas façanhas, como a derrota do
Minotauro, levou-a para Atenas, mas o plano foi frustrado pelos irmãos de
Helena, Castor e Pólux.
Os
Dióscuros invadiram Atenas, resgataram a irmã e a devolveram em segurança a
Esparta. Esse episódio, embora menos conhecido, destaca a aura quase magnética
de Helena, que atraía heróis e conflitos mesmo antes de sua fama como Helena de
Tróia.
O Juramento de Tíndaro e o Casamento com Menelau
A
beleza de Helena atraía pretendentes de toda a Grécia, incluindo heróis
lendários como Ájax, Diomedes e o astuto Odisseu, rei de Ítaca. Seu pai
adotivo, Tíndaro, rei de Esparta, temia escolher um pretendente e desencadear a
ira dos outros, o que poderia levar a conflitos devastadores.
Para
resolver o impasse, Odisseu propôs uma solução engenhosa: todos os pretendentes
deveriam jurar um pacto solene, prometendo defender a honra de Helena e de seu
futuro marido, independentemente de quem ela escolhesse.
Esse
juramento, conhecido como o Juramento de Tíndaro, foi crucial, pois uniu os
heróis gregos em uma aliança que mais tarde seria a base para a Guerra de
Tróia.
Helena
escolheu Menelau, um príncipe micênico, que, com o casamento, tornou-se rei de
Esparta. Homero, em suas obras Ilíada e Odisseia, descreve Helena como uma
mulher de “faces rosadas”, enquanto poetas como Ibico, Safo e Estesícoro a
retratam como loira, com uma beleza etérea que parecia quase divina. Com
Menelau, Helena teve uma filha, Hermione, e por algum tempo viveu como rainha
em Esparta.
O Rapto por Páris e o Início da Guerra de Tróia
A
tranquilidade de Helena em Esparta foi interrompida pela chegada de Páris,
príncipe de Tróia, que viajou à cidade como convidado de Menelau. Durante a
visita, Menelau precisou partir para Creta para os rituais fúnebres de seu avô
materno, Catreu.
Nesse
momento, Páris, movido por um desejo ardente - e, segundo algumas versões,
guiado pela promessa de Afrodite, que lhe concedera a mulher mais bela do mundo
como recompensa no Julgamento de Páris -, convenceu Helena a fugir com ele para
Tróia.
Abandonando
sua filha Hermione, então com nove anos, Helena partiu, seja por amor, sedução
ou intervenção divina, dependendo da narrativa. O rapto de Helena foi o estopim
para a Guerra de Tróia.
Menelau,
humilhado, invocou o Juramento de Tíndaro, convocando os reis e heróis da
Grécia para recuperar sua esposa e vingar sua honra. Sob a liderança de
Agamenon, irmão de Menelau, uma frota de mil navios foi reunida, composta por
guerreiros como Aquiles, Odisseu, Ájax e outros.
Embora
a guerra fosse motivada pela recuperação de Helena, interesses econômicos e
políticos também desempenharam um papel importante, já que Tróia controlava
rotas comerciais cruciais no Helesponto.
A Guerra de Tróia e o Cavalo de Troia
A
Guerra de Tróia durou dez longos anos, marcada por batalhas épicas e tragédias.
Heróis como Heitor, príncipe troiano, e Aquiles, o maior guerreiro grego,
encontraram seu fim no conflito.
Helena,
em Tróia, era ao mesmo tempo uma figura central e marginal: reverenciada por
sua beleza, mas também culpada por muitos como a causa da guerra.
Em
algumas passagens da Ilíada, ela expressa remorso, lamentando o sofrimento que
sua fuga causou. O desfecho da guerra veio com a astúcia de Odisseu.
Após
anos de cerco sem sucesso, os gregos construíram um enorme cavalo de madeira,
apresentado como uma oferta de paz aos troianos. Os gregos fingiram abandonar
seu acampamento e partir, deixando o cavalo às portas de Tróia.
Apesar
dos avisos de figuras como Laocoonte e Cassandra, os troianos, acreditando ser
um presente divino, levaram o cavalo para dentro das muralhas.
À
noite, soldados gregos escondidos dentro do cavalo emergiram, abriram os
portões da cidade e permitiram a invasão. Tróia foi saqueada e destruída,
marcando a vitória grega.
O Destino de Helena
Após a
guerra, as versões sobre o destino de Helena divergem. Em algumas narrativas,
ela retornou a Esparta com Menelau, onde viveu o resto de seus dias. No
entanto, outras fontes, como o historiador Pausânias, contam um fim mais
sombrio.
Após a
morte de Menelau, Helena foi expulsa de Esparta por seu enteado, Nicostrato,
que não a aceitava como rainha. Buscando refúgio, Helena foi para Rodes, onde
foi recebida pela rainha Polixo.
Polixo,
no entanto, guardava um rancor contra Helena, culpando-a pela morte de seu
marido, Tlepólemo, na guerra. Fingindo amizade, Polixo planejou sua vingança.
Enquanto Helena tomava banho, servas disfarçadas de Erínias (divindades da
vingança) a enforcaram.
Outra
tradição sugere que, após sua morte, Helena foi levada à ilha de Leuce (ou
Pelegos), um lugar mítico onde heróis eram elevados a uma existência imortal.
Legado de Helena
A
história de Helena de Tróia transcende a mitologia, tornando-se um símbolo de
beleza, desejo e destruição. Sua figura inspirou poetas, dramaturgos e artistas
ao longo dos séculos, de Homero a Eurípides, de Shakespeare a Goethe.
Ela é
retratada tanto como vítima das circunstâncias e dos caprichos dos deuses
quanto como uma mulher com agência, que escolheu seu destino ao fugir com
Páris.
A
Guerra de Tróia, desencadeada por sua fuga, é um dos eventos centrais da
mitologia grega, explorando temas como honra, vingança, destino e o custo da
ambição.
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