Um dia,
entre os tropeços e as descobertas da vida, percebemos que tentar beijar alguém
para esquecer outra pessoa é uma ilusão fugaz. Não só o vazio permanece, como a
presença daquela pessoa ausente se intensifica, invadindo os pensamentos em
silêncio, como uma sombra que se recusa a partir.
Cada
novo beijo, em vez de apagar, reacende memórias, como se o coração insistisse
em lembrar o que a mente tenta apagar. Um dia, com o passar do tempo,
descobrimos que as mulheres, assim como os homens, carregam um instinto primal,
uma força de caça que não se explica, mas se sente.
Elas
podem encantar, desafiar, fazer o coração de qualquer um pulsar mais forte - e,
às vezes, sofrer em silêncio. Não é maldade, mas a dança complexa do desejo e
da conquista, onde ninguém sai ileso.
Um dia,
percebemos que se apaixonar é um abismo inevitável. Não há como fugir do calor
que sobe ao peito, do olhar que se perde, do instante em que o mundo parece
girar em torno de uma única pessoa.
É como
se o destino risse de nossas tentativas de controlar o coração, mostrando que o
amor chega sem aviso, como uma tempestade em dia de sol.
Um dia,
aprendemos que as maiores provas de amor não estão nos grandes gestos, mas nas
pequenas delicadezas: um olhar que acolhe, uma mão que aperta a outra no
silêncio, um café quente servido numa manhã fria.
São
essas simplicidades que constroem laços eternos, enquanto as promessas
exageradas muitas vezes se perdem no vento. Um dia, notamos que o comum, o
previsível, não nos prende.
Queremos
o que é único, o que desafia, o que faz o coração acelerar. O ordinário pode
ser confortável, mas é o extraordinário que nos faz sentir vivos, que nos tira
da mesmice e nos lança em aventuras que transformam quem somos.
Um dia,
descobrimos que ser visto como o “bonzinho” nem sempre é um elogio. Ser aquele
que está sempre disponível, que nunca diz não, pode ser confundido com falta de
firmeza ou paixão.
E,
nesse momento, percebemos que é preciso equilíbrio: ser gentil, mas também
saber impor limites, ser amável, mas nunca se apagar para agradar.
Um dia,
percebemos que a pessoa que nunca liga, que parece distante, pode ser aquela
que mais pensa em você. Às vezes, o silêncio não é indiferença, mas um grito
abafado de quem não sabe como se aproximar.
E,
quando entendemos isso, começamos a enxergar além das aparências, a decifrar os
sinais escondidos nos gestos mais sutis. Um dia, compreendemos a profundidade
da frase: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.”
Essas
palavras, tão simples e tão pesadas, nos lembram que cada conexão que criamos,
cada coração que tocamos, deixa marcas que não se apagam. Somos responsáveis
pelos sentimentos que despertamos, pelas promessas que fazemos, pelos sonhos
que compartilhamos.
Um dia,
percebemos que somos importantes para alguém, mas, na correria da vida, nem
sempre damos valor a isso. Ignoramos os sinais, as mensagens, os olhares de
quem nos quer bem, até que, de repente, sentimos o peso da ausência.
Percebemos,
tarde demais, como aquele amigo, aquela companhia, aquele abraço fazia falta, e
o arrependimento se torna um companheiro amargo.
Um dia,
olhando para trás, descobrimos que a vida, mesmo tão longa, é curta demais.
Vivemos quase um século, mas o tempo escapa como areia entre os dedos.
Não
conseguimos realizar todos os sonhos, beijar todas as bocas que nos atraem,
dizer todas as palavras que guardamos no peito. E, nesse instante, somos
confrontados com uma escolha: ou nos conformamos com as lacunas que a vida
deixa, ou lutamos com coragem para transformar nossas loucuras em realidade.
Quem
não entende um olhar, jamais compreenderá uma longa explicação. Porque o que
realmente importa não se explica com palavras, mas se sente com o coração.
E, no fim, é isso que nos guia: os olhares trocados, os silêncios compartilhados, as verdades que não precisam ser ditas, mas vividas.
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