Propaganda

segunda-feira, março 03, 2025

A Estupidez Humana

     


    

A ambição e o egoísmo se opõem à possibilidade de a paz reinar sobre a Terra! Reflete-se, em escala universal, o espectro das injustiças sociais, da miséria, da fome, das doenças e das guerras.

Milhões de pessoas já foram e ainda serão brutalmente assassinadas ou mutiladas nos campos de batalha, nos campos de concentração e até mesmo no interior de suas próprias casas, sem que tivessem qualquer relação com as atitudes criminosas das grandes potências mundiais, responsáveis por essa insensatez que chamamos de guerra.

Muitos dos que sobrevivem carregam feridas visíveis no corpo ou cicatrizes invisíveis na alma. Sofrem os tormentos de terem presenciado os mais bárbaros castigos e as mais cruéis torturas.

Há aqueles que ainda ecoam em suas mentes os gritos de dor - seus próprios ou de amigos - em horas assombrosas de sofrimento. Não conseguem dormir, perseguidos pelos fantasmas da guerra que se erguem ao lado de seus leitos. Outros, incapazes de suportar tamanha angústia, entregam-se ao suicídio como fuga derradeira.

Mães, esposas e filhos - aos milhares - perderam para sempre aquele que foi lutar por uma causa que nem sequer compreendia e que jamais retornou. Seus corpos, destroçados, ficaram sem sepultura, expostos ao sol ardente ou à chuva impiedosa, à mercê dos animais.

Ao redor, apenas os vestígios de um ataque brutal. Morreram sem jamais voltar a enxergar seus filhos, suas esposas, suas mães! Com seu sangue e suas vidas, outros se satisfizeram, foram proclamados heróis e condecorados - como se o sacrifício de seres humanos, dotados de saudades, medos e dores, pudesse ser reduzido a um troféu.

Em 6 de agosto de 1945, enquanto a cidade de Hiroshima despertava para mais um dia de trabalho e suas crianças se preparavam para tomar suas mamadeiras, um avião cruzava o Oceano Pacífico a mais de nove mil metros de altitude.

O comandante avistou a cidade. O apontador, com um simples gesto, acionou o botão de lançamento. A bomba precipitou-se do céu em direção ao solo – um céu que, outrora, os habitantes contemplavam para admirar o sol ou as estrelas.

Naquele dia, quem erguesse os olhos veria apenas a chegada do fim. Um relâmpago sem nome rasgou o ar. Uma chama de novecentos mil graus Celsius, acompanhada por uma onda de choque com a força de sete mil toneladas por centímetro quadrado, devastou a cidade.

Uma chuva radioativa envolveu tudo, transformando em cinzas e sofrimento todo ser vivo que ali habitava. Uma solidão de ruínas se estendeu onde antes floresciam edifícios, casas, ruas e parques. Não havia mais homens, nem crianças – apenas o silêncio de um vazio absoluto.

Pobres crianças, que desconheciam a guerra e não sabiam que se morre! Não perceberam o que estava por vir. Um vento ardente e implacável queimou suas carnes e seus olhos; uma dor terrível as desintegrou por dentro.

E elas, em sua inocência, não entendiam o que era, nem por quê. A bomba atômica havia destruído Hiroshima, materializando-se como a mais poderosa e aterradora invenção do homem. Poucos dias depois, em 9 de agosto, a mesma tragédia se repetiu em Nagasaki, selando um ciclo de destruição sem precedentes.

Tudo estava consumado. O homem, com sua ciência e sua ambição, havia conquistado o poder de semear a morte e o terror em escala jamais imaginada, sem distinção de vítimas.

Até onde irá a mentalidade desse ser que se diz “racional”? Após tantas guerras já travadas e outras que ainda grassam pelo mundo, a sombra de uma terceira guerra mundial paira sobre nós, como um aviso que recusamos ouvir.

Será que esses homens poderosos, que movem os fios do destino humano, não percebem que a paz é a única via para nos sentirmos verdadeiramente humanos?

Que ela é o antídoto para a barbárie que nos desumaniza? Enquanto a ganância e o orgulho prevalecerem, a Terra seguirá sendo um palco de horrores, e nós, seus cúmplices ou suas vítimas, continuaremos a carregar o peso de um futuro que poderíamos evitar.

Francisco Silva Sousa

0 Comentários: