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segunda-feira, outubro 27, 2025

Ku Klux Klan



 

A Fundação e a História da Ku Klux Klan: Um Legado de Ódio e Violência

Em 24 de dezembro de 1865, no rescaldo da Guerra Civil Americana (1861-1865), também conhecida como Guerra de Secessão, foi fundada a Ku Klux Klan (KKK) em Pulaski, Tennessee, Estados Unidos.

Criada por ex-soldados confederados, a organização surgiu como uma reação à emancipação dos escravos e à reconstrução do Sul, que buscava integrar os afro-americanos recém-libertados à sociedade.

A KKK, também chamada simplesmente de “o Klan”, tinha como objetivo principal impedir a igualdade racial, negando aos negros direitos como aquisição de terras, participação política e acesso à educação.

O nome “Ku Klux Klan”, registrado oficialmente em 1867, provavelmente deriva da palavra grega kýklos (“círculo” ou “anel”) e da palavra inglesa clan (“clã”), evocando a ideia de um grupo fechado e secreto.

Outra hipótese sugere que o nome imita o som do engatilhar de um rifle, refletindo a natureza violenta do grupo. Inicialmente, a KKK era um grupo paramilitar que utilizava táticas de terror, como intimidações, linchamentos e assassinatos, para alcançar seus objetivos racistas e políticos.

A organização foi oficialmente suprimida pela Lei dos Direitos Civis de 1871, promulgada durante a administração do presidente Ulysses S. Grant, que a classificou como grupo terrorista.

Apesar disso, a KKK não desapareceu completamente, apenas entrou em declínio gradual, ressurgindo em diferentes momentos históricos com novas ondas de violência e intolerância.

A Segunda Onda da Ku Klux Klan (1915-1944)

A KKK experimentou um renascimento em 1915, impulsionada pelo lançamento do filme O Nascimento de uma Nação, dirigido por D.W. Griffith.

Estreado em 8 de fevereiro de 1915, o filme romantizava a KKK como defensora da “civilização branca” durante a Reconstrução, glorificando a supremacia branca em meio a uma trama de amor no contexto da Guerra Civil.

O impacto cultural do filme foi imenso, inflamando sentimentos racistas em todo o país e inspirando a recriação da KKK. Na noite de 16 de outubro de 1915, William Joseph Simmons, um pregador metodista e ex-vendedor, liderou um grupo de 15 homens ao topo da Stone Mountain, na Geórgia.

Lá, diante de um altar improvisado, eles queimaram uma cruz, fizeram um juramento de lealdade ao “Império Invisível” e anunciaram o renascimento da Ku Klux Klan.

O ritual, iluminado pela cruz em chamas, incluiu a exibição de uma bandeira americana, uma espada e uma Bíblia, símbolos que reforçavam a mistura de nacionalismo, racismo e fervor religioso.

Sob a liderança de Simmons, a KKK da segunda onda adotou uma ideologia que combinava protestantismo fundamentalista, supremacia branca e xenofobia.

O grupo pregava que apenas os “bons brancos cristãos” - os WASP (White Anglo-Saxon Protestants, ou protestantes brancos anglo-saxões) - poderiam salvar os Estados Unidos da suposta “decadência moral”.

Seus alvos incluíam não apenas afro-americanos, mas também católicos, judeus, asiáticos, imigrantes em geral, ativistas pelos direitos civis, líderes sindicais e defensores do fim da Lei Seca.

A KKK justificava suas ações violentas - linchamentos, espancamentos, intimidações e incêndios - com uma leitura distorcida de passagens bíblicas, que reinterpretava sob o viés do ódio racial.

A organização adotou símbolos marcantes, como túnicas e capuzes brancos, cruzes em chamas, hinos e uma “linguagem sagrada” com termos ininteligíveis, que reforçavam sua aura de mistério e terror.

Esses elementos, aliados à desfiles públicos grandiosos, atraíram milhões de membros na década de 1920, com estimativas de 4 a 5 milhões de adeptos em seu auge.

A KKK infiltrou-se em instituições públicas, cooptando juízes, xerifes, prefeitos e até governadores, especialmente no Sul e no Centro-Oeste dos EUA.

Sob a liderança de Hiram Wesley Evans, um dentista de Dallas, a KKK se transformou em uma organização secreta poderosa, funcionando como um “Estado paralelo” que desafiava as leis federais.

A participação de mulheres também cresceu, especialmente após a conquista do sufrágio feminino em 1920. Grupos como o Women of the Ku Klux Klan chegaram a reunir cerca de 500.000 membros, promovendo os mesmos ideais racistas e xenófobos.

Declínio da Segunda Onda

A popularidade da KKK começou a declinar na década de 1930, durante a Grande Depressão (1929-1939). As dificuldades econômicas enfraqueceram a organização, que enfrentava problemas financeiros internos e cisões entre seus líderes.

Além disso, denúncias de crimes brutais, como linchamentos e assassinatos, amplamente noticiados pela imprensa, começaram a contradizer a imagem de “defensores da moral cristã” que a KKK tentava projetar.

O golpe final veio durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Os Estados Unidos, alinhados aos Aliados na luta contra o nazismo e outras ideologias totalitárias, viam com crescente repulsa os ideais extremistas e racistas da KKK. Em 1944, a organização foi oficialmente dissolvida pela segunda vez, pressionada por investigações federais e pela rejeição pública.

A Terceira Onda da Ku Klux Klan (Década de 1950 até o Presente)

A KKK ressurgiu na década de 1950, impulsionada pela ascensão do movimento pelos direitos civis, que lutava contra a segregação racial e pela igualdade para os afro-americanos.

Diversos grupos regionais da Klan emergiram, com destaque para os Cavaleiros Brancos da Ku Klux Klan, liderados por Samuel Bowers no Mississippi. Essa terceira onda caracterizou-se por um ódio renovado, agora ampliado para incluir anticomunismo, homofobia, anticatolicismo, neonazismo e oposição à miscigenação racial.

A violência da KKK intensificou-se, com ataques diretos a ativistas dos direitos civis. Um dos episódios mais notórios foi o atentado à Igreja Batista da 16ª Rua, em Birmingham, Alabama, em 15 de setembro de 1963.

Uma bomba composta por 15 dinamites foi colocada nos degraus da igreja, matando quatro meninas afro-americanas - Addie Mae Collins, Denise McNair, Carole Robertson e Cynthia Wesley - e ferindo 22 pessoas.

O ataque chocou o país e galvanizou o apoio ao movimento pelos direitos civis. Outros atos de violência marcaram essa fase. Em 1964, membros da KKK foram responsáveis pelo assassinato de três ativistas dos direitos civis - James Chaney, Andrew Goodman e Michael Schwerner - no Mississippi, caso que ficou conhecido como “Assassinatos de Freedom Summer”.

Em 1971, a Klan usou bombas para destruir 10 ônibus escolares em Pontiac, Michigan, em protesto contra a integração racial nas escolas. Em 1979, cinco manifestantes comunistas foram mortos por membros da KKK e do Partido Nazista Americano em Greensboro, Carolina do Norte, no que ficou conhecido como o “Massacre de Greensboro”.

Em 1980, quatro mulheres negras idosas foram assassinadas por membros da KKK em Chattanooga, Tennessee.

A KKK nos Tempos Modernos

Embora a influência da KKK tenha diminuído significativamente desde seu auge, a organização nunca desapareceu completamente. A partir da década de 1980, a Klan adaptou suas estratégias para atrair novos membros, focando em questões como imigração ilegal, criminalidade urbana e oposição a direitos LGBTQ+.

Suas campanhas recentes exploram medos da classe média branca, frequentemente em aliança com outros grupos supremacistas, como neonazistas e skinheads, adotando inclusive elementos de sua estética, como cabeças raspadas e tatuagens.

A KKK moderna opera de forma fragmentada, com pequenos grupos regionais que utilizam a internet e as redes sociais para disseminar propaganda racista e recrutar membros.

Apesar de sua influência reduzida, a organização continua a representar uma ameaça, especialmente em comunidades onde o extremismo racial encontra eco.

Impacto e Legado

A Ku Klux Klan deixou um legado de violência, ódio e divisão nos Estados Unidos. Sua história reflete as tensões raciais e sociais que persistem no país, desde a Reconstrução até os dias atuais. Embora a KKK tenha perdido muito de seu poder político e social, sua ideologia supremacista continua a inspirar grupos extremistas, evidenciando a necessidade de combater o racismo e a intolerância em todas as suas formas.

A luta contra a KKK e seus ideais foi marcada por vitórias significativas, como a aprovação de leis federais contra a segregação racial e a condenação de membros da Klan por seus crimes.

No entanto, o ressurgimento de movimentos supremacistas brancos em tempos recentes mostra que o combate ao ódio racial permanece um desafio urgente.


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