Não importa quantas vezes uma cobra troque de pele,
ela nunca deixará de ser uma cobra. Sua essência permanece a mesma,
independentemente das aparências, das novas cores ou das promessas de mudança. 
Reflita sobre isso antes de permitir que certas
pessoas retornem à sua vida. Ser picado uma vez pode ser um acidente, um
descuido ou até mesmo uma traição inesperada. Mas, se você for picado
novamente, não culpe apenas a cobra - questione também sua decisão de se expor
ao veneno mais uma vez.
Essa metáfora vai muito além dos répteis e fala sobre
o coração humano: confiança, discernimento e o poder de aprender com a dor. Há
pessoas que vestem novas peles com uma habilidade impressionante. 
Mudam o discurso, ajustam o tom, ensaiam
arrependimentos e prometem transformações profundas. Mas, no fundo, continuam
guiadas pelos mesmos impulsos, pelos mesmos hábitos destrutivos e pela mesma
falta de verdade.
Quantas vezes você já acreditou em um pedido de
desculpas que parecia sincero, apenas para ver tudo se repetir? Quantas vezes
permitiu o retorno de alguém que jurava ter mudado, e acabou percebendo que o
tempo só aperfeiçoou as artimanhas, não o caráter? 
Essas experiências nos ensinam que algumas naturezas
são constantes - podem se disfarçar por um tempo, mas cedo ou tarde o veneno
volta a se manifestar.
A lição não é sobre guardar rancor, nem sobre
endurecer o coração. É sobre sabedoria. É compreender que o perdão pode existir
sem reconciliação, e que proteger-se não é frieza - é amor-próprio. Cada
“picada” que você recebeu deixou uma marca, e essas marcas não são cicatrizes
de fraqueza, mas selos de aprendizado. 
Pense nos momentos em que abriu a porta novamente: o
amigo que traiu sua confiança e voltou a fazê-lo; o parceiro que prometeu
mudança, mas repetiu os mesmos gestos que doeram antes; o familiar que sempre
fere com as mesmas palavras, disfarçadas de preocupação. 
Em cada um desses reencontros, a vida estava te
perguntando: “Você aprendeu a lição?”
Não se trata de fechar o coração, mas de colocar
guardiões na entrada da alma - limites firmes que preservam a paz que tanto
custou conquistar. Antes de permitir que alguém volte ao seu convívio, observe.
A pele pode parecer nova, mas o veneno ainda está lá?
As ações confirmam as palavras ou apenas as contradizem com o tempo?
Proteger-se não é covardia. É maturidade. E, às vezes,
a maior prova de força está em dizer “não” - não por vingança, mas por
consciência. 
Porque, no fim, quem aprende a reconhecer o padrão deixa de ser vítima do ciclo. E isso é libertador.

 
 








 
 
 
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