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terça-feira, fevereiro 11, 2025

A Brevidade da Vida a Partir de Sêneca


 

Entre as muitas inquietações que atormentam a alma humana, poucas são tão universais e inescapáveis quanto a consciência da brevidade da vida. Desde a Antiguidade, muitos foram os pensadores que se debruçaram sobre essa condição inexorável, mas poucos o fizeram com a clareza, a acidez e a profundidade de Sêneca.

Em sua obra De Brevitate Vitae, o filósofo estoico desmonta a ilusão de que o tempo nos é escasso por natureza. Para ele, a vida não é curta em si mesma, mas sim desperdiçada pelos homens, que a dissipam em futilidades, ambições vãs e preocupações insignificantes.

O problema, pois, não reside na duração da existência, mas no mau uso que dela fazemos. Sêneca argumenta que muitos se queixam da brevidade da vida apenas quando percebem que a desperdiçaram.

Essa constatação tardia evidencia uma ilusão perigosa: a crença na eternidade ou, pelo menos, na infinita disponibilidade de tempo. O homem comum vive como se o tempo lhe pertencesse, postergando suas prioridades e se entregando a distrações efêmeras, apenas para, ao final, lamentar-se da rápida passagem dos anos.

O estoicismo de Sêneca convida a um outro olhar: viver plenamente significa aproveitar conscientemente cada instante, conduzindo a existência de forma deliberada e significativa.

A grande ironia é que, enquanto somos avarentos com bens materiais, tratamos o tempo com negligência. Sêneca observa que ninguém entrega sua riqueza sem relutância, mas todos distribuem suas horas com displicência, como se estas fossem inesgotáveis.

Esse paradoxo denuncia uma profunda falta de compreensão do valor do tempo e da efemeridade da vida. Diante dessa realidade, a filosofia estoica propõe um remédio: a atenção plena ao presente e a reflexão sobre a mortalidade como forma de viver melhor.

Longe de ser um pensamento pessimista, essa perspectiva convida à ação e à sabedoria na administração da própria existência. Se, ao invés de temer a morte, nos dedicarmos a fazer bom uso da vida, o problema da brevidade se dissolve.

Portanto, a grande lição de Sêneca não é simplesmente a constatação da fugacidade da vida, mas a exigência de que a vivamos de forma consciente e significativa. A eternidade é uma ilusão, mas uma vida bem vivida, ainda que breve, carrega em si a plenitude da imortalidade.

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