Muitos desejam viver às custas do Estado, mas ignoram
uma verdade fundamental: o Estado vive às custas de todos nós. Não existe
“dinheiro público” como se fosse uma fonte mágica e inesgotável.
Todo recurso estatal provém, em última análise, dos
impostos pagos pela população, sejam eles diretos, como o imposto de renda, ou
indiretos, embutidos nos preços de bens e serviços que todos consomem. O
Estado, por si só, não produz riqueza; ele apenas redistribui aquilo que
arrecada da sociedade.
Quando o governo oferece programas como o Bolsa
Família, auxílios emergenciais ou subsídios, como o vale-gás, é essencial
compreender que esses benefícios não surgem do nada. Alguém está trabalhando e
pagando impostos para sustentar essas iniciativas.
Cada real distribuído pelo governo foi antes retirado
do bolso dos cidadãos - trabalhadores formais, autônomos, empresários ou até
mesmo os próprios beneficiários desses programas, que também arcam com impostos
indiretos ao consumir produtos e serviços.
Por exemplo, o ICMS, que incide sobre itens básicos
como alimentos, combustíveis e energia elétrica, é pago por todos,
independentemente de sua renda.
Essa dinâmica cria um ciclo em que a população, muitas
vezes sem perceber, financia os próprios programas que a beneficiam, mas com um
custo adicional: a ineficiência estatal.
Parte significativa dos recursos arrecadados se perde
na engrenagem da máquina pública - seja em salários elevados, privilégios
políticos, burocracia excessiva ou má gestão - antes mesmo de chegar a quem realmente
precisa.
No Brasil, estima-se que cerca de 40% do PIB é
absorvido pelo setor público, mas a qualidade dos serviços oferecidos, como
saúde, educação e infraestrutura, raramente reflete o montante arrecadado.
Além disso, a dependência de programas assistenciais,
embora em muitos casos necessária para reduzir desigualdades históricas, pode
gerar efeitos colaterais.
Nos últimos anos, especialmente após a pandemia da
Covid-19, houve um aumento expressivo nos gastos sociais. Como consequência, a
dívida pública ultrapassou 80% do PIB em 2024, segundo o Banco Central.
Essa situação significa que, no futuro, o Estado
poderá ser forçado a elevar ainda mais os impostos ou a cortar serviços
essenciais para equilibrar suas contas, onerando novamente a população.
A história econômica mostra que esse caminho não é
sustentável: países como a Grécia e a Argentina já enfrentaram sérias crises
fiscais exatamente por manterem gastos acima da capacidade de arrecadação.
Isso não significa que os programas sociais devam ser
eliminados - ao contrário, eles são vitais para milhões de brasileiros em
situação de vulnerabilidade.
O que precisa ser discutido é a sustentabilidade
fiscal e a eficiência no uso do dinheiro público. É legítimo questionar: até
que ponto a estrutura atual, marcada por alta carga tributária e gastos mal
planejados, realmente beneficia a sociedade?
Um Estado mais enxuto, eficiente e transparente, com
foco em investimentos produtivos - como educação de qualidade, infraestrutura
moderna e incentivo à geração de empregos - poderia reduzir a dependência de
auxílios, criar oportunidades reais de ascensão social e estimular um ciclo
virtuoso de crescimento econômico.
É esse tipo de desenvolvimento que transforma
programas assistenciais de medidas permanentes em mecanismos transitórios de
apoio. Portanto, é fundamental que a sociedade compreenda uma lição simples e
poderosa: não existe “dinheiro grátis”.
Cada benefício distribuído pelo governo carrega o peso
dos impostos pagos por todos. A verdadeira mudança exige transparência,
responsabilidade fiscal e gestão eficiente dos recursos públicos.
Afinal, não há nada mais caro do que aquilo que o governo nos fornece sob a ilusão da gratuidade.
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