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segunda-feira, setembro 29, 2025

A Ilusão da Gratuidade


 

Muitos desejam viver às custas do Estado, mas ignoram uma verdade fundamental: o Estado vive às custas de todos nós. Não existe “dinheiro público” como se fosse uma fonte mágica e inesgotável.

Todo recurso estatal provém, em última análise, dos impostos pagos pela população, sejam eles diretos, como o imposto de renda, ou indiretos, embutidos nos preços de bens e serviços que todos consomem. O Estado, por si só, não produz riqueza; ele apenas redistribui aquilo que arrecada da sociedade.

Quando o governo oferece programas como o Bolsa Família, auxílios emergenciais ou subsídios, como o vale-gás, é essencial compreender que esses benefícios não surgem do nada. Alguém está trabalhando e pagando impostos para sustentar essas iniciativas.

Cada real distribuído pelo governo foi antes retirado do bolso dos cidadãos - trabalhadores formais, autônomos, empresários ou até mesmo os próprios beneficiários desses programas, que também arcam com impostos indiretos ao consumir produtos e serviços.

Por exemplo, o ICMS, que incide sobre itens básicos como alimentos, combustíveis e energia elétrica, é pago por todos, independentemente de sua renda.

Essa dinâmica cria um ciclo em que a população, muitas vezes sem perceber, financia os próprios programas que a beneficiam, mas com um custo adicional: a ineficiência estatal.

Parte significativa dos recursos arrecadados se perde na engrenagem da máquina pública - seja em salários elevados, privilégios políticos, burocracia excessiva ou má gestão - antes mesmo de chegar a quem realmente precisa.

No Brasil, estima-se que cerca de 40% do PIB é absorvido pelo setor público, mas a qualidade dos serviços oferecidos, como saúde, educação e infraestrutura, raramente reflete o montante arrecadado.

Além disso, a dependência de programas assistenciais, embora em muitos casos necessária para reduzir desigualdades históricas, pode gerar efeitos colaterais.

Nos últimos anos, especialmente após a pandemia da Covid-19, houve um aumento expressivo nos gastos sociais. Como consequência, a dívida pública ultrapassou 80% do PIB em 2024, segundo o Banco Central.

Essa situação significa que, no futuro, o Estado poderá ser forçado a elevar ainda mais os impostos ou a cortar serviços essenciais para equilibrar suas contas, onerando novamente a população.

A história econômica mostra que esse caminho não é sustentável: países como a Grécia e a Argentina já enfrentaram sérias crises fiscais exatamente por manterem gastos acima da capacidade de arrecadação.

Isso não significa que os programas sociais devam ser eliminados - ao contrário, eles são vitais para milhões de brasileiros em situação de vulnerabilidade.

O que precisa ser discutido é a sustentabilidade fiscal e a eficiência no uso do dinheiro público. É legítimo questionar: até que ponto a estrutura atual, marcada por alta carga tributária e gastos mal planejados, realmente beneficia a sociedade?

Um Estado mais enxuto, eficiente e transparente, com foco em investimentos produtivos - como educação de qualidade, infraestrutura moderna e incentivo à geração de empregos - poderia reduzir a dependência de auxílios, criar oportunidades reais de ascensão social e estimular um ciclo virtuoso de crescimento econômico.

É esse tipo de desenvolvimento que transforma programas assistenciais de medidas permanentes em mecanismos transitórios de apoio. Portanto, é fundamental que a sociedade compreenda uma lição simples e poderosa: não existe “dinheiro grátis”.

Cada benefício distribuído pelo governo carrega o peso dos impostos pagos por todos. A verdadeira mudança exige transparência, responsabilidade fiscal e gestão eficiente dos recursos públicos.

Afinal, não há nada mais caro do que aquilo que o governo nos fornece sob a ilusão da gratuidade. 

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