Heinrich Luitpold Himmler, nascido em 7 de outubro de
1900, em Munique, Alemanha, foi uma das figuras mais influentes e temidas do
Terceiro Reich, sendo considerado o segundo homem mais poderoso do regime
nazista, atrás apenas de Adolf Hitler.
Como líder da Schutzstaffel (SS), Himmler foi o
principal arquiteto do sistema de campos de concentração e da chamada “Solução
Final”, a política de extermínio em massa de judeus, ciganos, homossexuais,
opositores políticos e outros grupos considerados “indesejáveis” pelo regime
nazista.
Apesar de sua lealdade inicial a Hitler, Himmler
tornou-se uma das maiores decepções do Führer ao tentar negociar secretamente
com os Aliados no final da Segunda Guerra Mundial, o que levou à sua expulsão
do Partido Nazista e à ordem de prisão por traição.
Início de Vida e Ascensão no Partido Nazista
Filho de uma família católica de classe média, Himmler
ingressou no exército alemão durante a Primeira Guerra Mundial, mas não chegou
a combater, pois o armistício de 1918 foi assinado antes da conclusão de seu
treinamento.
Frustrado por não ter servido ativamente, ele
canalizou seu fervor nacionalista para o movimento völkisch, um nacionalismo
extremo que glorificava a “pureza” alemã.
No início dos anos 1920, Himmler filiou-se ao Partido
Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (Partido Nazista), atraído pela
ideologia antissemita e expansionista de Hitler.
Em 1926, Himmler assumiu a liderança do setor de
propaganda do Partido Nazista nas regiões da Baviera, Suábia e Palatinado,
demonstrando habilidade organizacional. Em 1929, foi nomeado Reichsführer-SS,
chefe da Schutzstaffel, uma pequena organização paramilitar inicialmente
responsável pela proteção pessoal de Hitler.
Sob sua liderança, a SS transformou-se em uma das
instituições mais poderosas e aterrorizantes do regime, crescendo de algumas
centenas de membros para 52 mil em 1933, ano em que Hitler assumiu o poder como
chanceler da Alemanha.
A Construção do Império da SS
Himmler investiu na expansão da SS, transformando-a em
uma força de elite que combinava funções de segurança, inteligência e
repressão. Em 1933, ele supervisionou a criação de Dachau, o primeiro campo de
concentração nazista, que serviu como modelo para outros campos e como centro
de detenção para opositores políticos, judeus e outros grupos perseguidos.
A SS tornou-se o principal instrumento de repressão do
regime, controlando a Gestapo (polícia secreta) e, posteriormente, a
administração dos territórios ocupados durante a guerra.
Após a invasão da Polônia em 1939, Himmler foi nomeado
Comissário do Reich para o Fortalecimento da Nacionalidade Alemã, obtendo
controle sobre as áreas anexadas.
Ele implementou políticas brutais de germanização,
deslocando à força mais de 300 mil judeus poloneses e outros grupos étnicos
para guetos ou territórios ocupados, enquanto promovia a colonização de alemães
étnicos nessas regiões.
Em 1941, com a invasão da União Soviética (Operação
Barbarossa), Himmler ampliou seu poder ao supervisionar a administração
política das zonas ocupadas e o sistema de campos de concentração e extermínio.
A “Solução Final” e o Holocausto
Como chefe da SS, Himmler foi o principal responsável
pela implementação da “Solução Final”, o plano nazista para o genocídio
sistemático dos judeus europeus. Em 1941, ele ordenou a criação dos
Einsatzgruppen, esquadrões da morte que executaram centenas de milhares de
judeus, ciganos e comunistas nos territórios ocupados do Leste Europeu.
Com a construção de campos de extermínio de Auschwitz,
Treblinka e Sobibor, Himmler supervisionou a deportação e assassinato de
milhões de pessoas em câmaras de gás e por outros métodos brutais.
Em 1943, Himmler foi nomeado Ministro do Interior,
consolidando ainda mais seu controle sobre a máquina repressiva do Reich. Ele
coordenou a deportação de milhões de judeus de toda a Europa ocupada para os
campos de extermínio, enquanto promovia experimentos médicos desumanos e a
exploração de trabalho escravo.
Sua obsessão pela “pureza racial” também o levou a
apoiar projetos como o Lebensborn, um programa para aumentar a população
“ariana” por meio de incentivos à natalidade e sequestro de crianças
consideradas “racialmente adequadas” em territórios ocupados.
O Atentado de 20 de julho e o Auge do Poder
Em 20 de julho de 1944, um grupo de oficiais alemães,
liderado por Claus von Stauffenberg, tentou assassinar Hitler com uma bomba no
quartel-general do Führer, conhecido como Wolfsschanze.
O atentado fracassou, e Himmler, como chefe da SS,
liderou a repressão aos conspiradores. Ele ordenou a prisão de mais de 5 mil
suspeitos, dos quais cerca de 4.900 foram executados em represália.
Esse episódio reforçou sua posição como um dos homens
mais poderosos e temidos do regime, consolidando a confiança de Hitler em sua
lealdade.
A Traição e a Queda
Com a derrota alemã iminente no início de 1945,
Himmler começou a perceber que a guerra estava perdida. Em segredo, ele iniciou
negociações com os Aliados ocidentais, por meio de intermediários como o conde
Folke Bernadotte, da Cruz Vermelha Sueca.
Himmler ofereceu a rendição de forças alemãs no front
ocidental e a libertação de prisioneiros de campos de concentração em troca de
garantias pessoais de imunidade.
Ele acreditava que poderia negociar um papel em um
governo pós-guerra ou, pelo menos, evitar a captura pelos soviéticos, que o
consideravam um dos principais criminosos de guerra.
Quando Hitler descobriu essas negociações, em abril de
1945, ficou furioso. Em seu testamento político, redigido em 29 de abril, um
dia antes de seu suicídio, Hitler destituiu Himmler de todos os cargos,
expulsou-o do Partido Nazista e ordenou sua prisão por traição. Se tivesse sido
capturado pelos nazistas, Himmler provavelmente teria sido executado.
Fuga, Captura e Suicídio
Após a rendição alemã em 8 de maio de 1945, Himmler
tentou fugir disfarçado, usando documentos falsos em nome de Heinrich
Hitzinger, um suposto sargento da polícia militar.
Ele raspou o bigode, adotou óculos e vestiu um
uniforme comum para evitar reconhecimento. No entanto, em 21 de maio, foi
capturado por tropas britânicas em um posto de controle na Alemanha.
Durante um interrogatório, Himmler revelou sua
verdadeira identidade. Dois dias depois, em 23 de maio de 1945, enquanto estava
sob custódia em Lüneburg, ele cometeu suicídio ao morder uma cápsula de cianeto
escondida em sua boca, morrendo em minutos.
Legado e Impacto
Heinrich Himmler foi uma figura central na maquinaria
de terror do Terceiro Reich, responsável pela morte de milhões de pessoas e pela
implementação de políticas de genocídio que marcaram o Holocausto como um dos
maiores crimes contra a humanidade na história.
Sua obsessão pela ideologia nazista, combinada com sua
eficiência burocrática, transformou a SS em um instrumento de repressão e
extermínio sem precedentes.
Sua tentativa de negociar com os Aliados no final da
guerra revelou não apenas seu oportunismo, mas também sua crença equivocada de
que poderia escapar da justiça pelos crimes cometidos.
A traição de Himmler a Hitler, embora motivada por
interesses pessoais, não alterou o curso da guerra, mas simbolizou o colapso
interno do regime nazista.
Sua morte por suicídio, antes de enfrentar um julgamento, privou o mundo de uma oportunidade de responsabilizá-lo diretamente em tribunais como os de Nuremberg, mas sua responsabilidade pelos horrores do Holocausto permanece indelével na história.
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