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terça-feira, junho 17, 2025

Especificações do Titanic



O RMS Titanic, juntamente com seus navios irmãos Olympic e Britannic, representava o auge da engenharia naval no início do século XX. Construído pela Harland & Wolff em Belfast, o navio era movido por uma combinação avançada de dois sistemas de propulsão.

Suas 29 caldeiras a vapor, distribuídas em seis salas, alimentavam dois motores de tripla expansão com quatro cilindros cada, responsáveis por girar as duas hélices laterais.

O vapor excedente era canalizado para uma turbina de baixa pressão que acionava a hélice central, permitindo ao Titanic atingir uma velocidade média de 21 nós (aproximadamente 39 km/h). O consumo diário de carvão variava entre 638 e 737 toneladas, refletindo a imensa energia necessária para mover um navio de 46.328 toneladas.

A energia elétrica do navio, essencial para iluminação, ventilação e outros equipamentos, era fornecida por quatro dínamos de 400 kW. A fuligem resultante da queima de carvão era expelida pelas três primeiras chaminés, enquanto a quarta, ornamental, foi incluída para conferir ao Titanic e aos outros navios da Classe Olympic uma aparência mais imponente, além de servir como ventilação para a casa de máquinas e as cozinhas.

Na parte frontal do convés dos botes, localizava-se a ponte de comando, que se estendia por toda a largura do navio. Ela incluía dois passadiços, duas cabines de observação laterais, uma sala de navegação e uma sala de cartas marítimas.

Atrás da ponte, ficavam os alojamentos dos oficiais, com cabines proporcionais à hierarquia. O capitão Edward Smith, por exemplo, ocupava uma suíte luxuosa com escritório, banheiro privativo e até uma banheira, um privilégio raro na época.

Próximo à primeira chaminé, a sala de comunicações sem fio era operada 24 horas por dia pelos radiotelegrafistas Jack Phillips e Harold Bride, utilizando a tecnologia de ponta da Marconi Company.

Na proa, os alojamentos dos foguistas e mecânicos eram acessados por uma escada em espiral e um longo corredor que levava às salas de máquinas. Um cesto de gávea, localizado no mastro dianteiro, era acessado por uma escada interna e servia como posto de observação. Uma passarela de navegação na popa complementava o sistema de comando.

A comunicação a bordo era facilitada por uma linha telefônica que conectava a ponte de comando ao cesto de gávea, à casa do leme, à passarela de navegação e à casa de máquinas, garantindo manobras rápidas e precisas. Uma segunda linha permitia que os passageiros da primeira classe solicitassem serviços diretamente do conforto de suas cabines.



Instalações de Luxo do Titanic

O Titanic foi projetado para oferecer um nível de conforto e sofisticação sem precedentes, superando qualquer outro navio de sua época. As instalações da primeira classe, localizadas entre o convés dos botes e o convés E, incluíam um ginásio equipado com aparelhos modernos, uma quadra de squash, uma sala de fumar decorada com lareira e pinturas de Norman Wilkinson, um restaurante à lá carte, dois cafés ornamentados com palmeiras, uma piscina coberta, banhos turcos, uma sala de leitura com móveis de mogno e vitrais, além de um convés de passeio coberto.

Algumas cabines da primeira classe possuíam banheiros privativos, uma raridade na época, e duas suítes de luxo contavam até com conveses privativos exclusivos.

Duas grandes escadarias conectavam os conveses e instalações da primeira classe. A escadaria dianteira, localizada entre a primeira e a segunda chaminé, era coberta por uma cúpula de vidro e adornada por um relógio entalhado conhecido como "Honra e Glória Coroando o Tempo".

Três elevadores, operando entre os conveses A e E, serviam exclusivamente os passageiros da primeira classe. No convés D, a escadaria desembocava em uma grandiosa sala de jantar, decorada com detalhes opulentos. A segunda escadaria, entre a terceira e a quarta chaminé, também era coberta por uma cúpula de vidro, reforçando o esplendor do navio.

Os passageiros da segunda classe desfrutavam de acomodações comparáveis às de primeira classe de outros navios, com cabines confortáveis, uma sala de jantar elegante e acesso a um convés de passeio.

Mesmo a terceira classe, embora mais simples, oferecia condições melhores do que em muitas embarcações contemporâneas, com dormitórios coletivos e áreas comuns bem equipadas.




Medidas de Segurança do Titanic

O casco do Titanic era dividido em 16 compartimentos estanques, projetados para aumentar a segurança em caso de colisão. Doze comportas estanques, estrategicamente posicionadas, podiam ser fechadas remotamente a partir da ponte de comando ou automaticamente em caso de inundação.

No entanto, os compartimentos centrais se estendiam apenas até o convés E, enquanto os da proa e popa alcançavam o convés D. Os projetistas acreditavam que o navio poderia permanecer flutuando mesmo com até quatro compartimentos da proa inundados, ou dois compartimentos adjacentes em qualquer parte do casco.

O navio também contava com um fundo duplo e oito bombas d’água capazes de extrair 400 toneladas de água por hora. Essas características levaram a imprensa a popularizar o mito de que o Titanic era "inafundável", embora a White Star Line nunca tenha feito tal afirmação oficialmente.

A ideia de "praticamente inafundável" já havia sido usada para descrever outros navios da companhia, como o RMS Cedric, em 1903. O Titanic estava equipado com 20 botes salva-vidas: 14 botes padrão com capacidade para 65 pessoas, dois cúteres de emergência para 40 pessoas e quatro botes desmontáveis Engelhardt, cada um capaz de acomodar 47 pessoas.

No total, os botes poderiam transportar 1.178 pessoas, cerca de um terço da capacidade total do navio, que era de aproximadamente 3.300 passageiros e tripulantes.

Embora isso excedesse as exigências das leis marítimas da época, que priorizavam a transferência de passageiros para navios de resgate em vez de evacuação total, o número de botes era insuficiente para um desastre de grandes proporções.

O engenheiro Alexander Carlisle propôs incluir mais botes, mas a ideia foi rejeitada por J. Bruce Ismay, presidente da White Star Line, para evitar a redução do espaço no convés dos botes e não comprometer a imagem de segurança da empresa. Contudo, Carlisle conseguiu instalar turcos Wellin, capazes de lançar até dois botes por unidade, como precaução para futuras mudanças na legislação.

O Naufrágio do Titanic

Na noite de 14 de abril de 1912, durante sua viagem inaugural de Southampton, Inglaterra, para Nova York, EUA, o Titanic colidiu com um iceberg no Atlântico Norte, a cerca de 600 km ao sul da Terra Nova. A colisão, às 23h40, abriu brechas em pelo menos cinco compartimentos estanques da proa, superando o limite de segurança projetado.

A água inundou rapidamente o navio, que começou a afundar pela proa, impossibilitando o fechamento completo de algumas comportas. Os radiotelegrafistas Jack Phillips e Harold Bride enviaram sinais de socorro (CQD e SOS) por quase duas horas, contatando navios próximos, como o RMS Carpathia.

No entanto, a evacuação foi caótica. Muitos botes foram lançados com menos da metade de sua capacidade, devido à falta de treinamento da tripulação e à crença inicial de que o navio não afundaria rapidamente.

A prioridade dada às mulheres e crianças, embora louvável, resultou em confusão, e alguns botes partiram sem homens que poderiam ter auxiliado na remagem. Às 2h20 de 15 de abril, o Titanic desapareceu sob as águas geladas, levando consigo cerca de 1.500 vidas.

Dos 2.224 passageiros e tripulantes a bordo, apenas 710 sobreviveram, resgatados pelo Carpathia horas depois. A tragédia expôs falhas graves na segurança marítima, incluindo a insuficiência de botes salva-vidas, a falta de exercícios de evacuação e a negligência com alertas de icebergs enviados por outros navios. A velocidade do Titanic, mantida mesmo em uma região conhecida por icebergs, também foi amplamente debatida.

Impacto e Legado

O naufrágio do Titanic chocou o mundo e gerou mudanças significativas nas regulamentações marítimas. Em 1914, a Convenção Internacional para a Salvaguarda da Vida Humana no Mar (SOLAS) foi estabelecida, exigindo botes salva-vidas suficientes para todos a bordo, exercícios regulares de evacuação e monitoramento contínuo de comunicações por rádio.

A tragédia também inspirou avanços na construção naval, como cascos mais robustos e sistemas de detecção de obstáculos. O Titanic permanece um símbolo de arrogância tecnológica e da fragilidade humana diante da natureza.

Sua história foi imortalizada em livros, filmes (como o de 1997, dirigido por James Cameron) e exposições, como a recuperação de artefatos do naufrágio, descoberto em 1985 por Robert Ballard.

Até hoje, o Titanic fascina por sua grandiosidade, sua tragédia e as lições que deixou para a humanidade.

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