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sábado, julho 26, 2025

Frida do ABBA: Uma História de Sucesso Marcada por um Passado Ligado ao Programa Nazista Lebensborn


 

Frida do ABBA: Uma História de Sucesso Marcada por um Passado Ligado ao Programa Nazista Lebensborn

Anni-Frid Lyngstad, carinhosamente conhecida como Frida, é uma das vozes icônicas do lendário grupo sueco ABBA, que conquistou o mundo com hits como Dancing Queen e Mamma Mia.

Nascida em 15 de novembro de 1945, em Ballangen, uma pequena vila na Noruega, apenas dois meses após o fim da Segunda Guerra Mundial, Frida alcançou fama internacional, mas sua história pessoal carrega um peso emocional profundo, marcado por sua ligação com o controverso programa nazista Lebensborn.

Criada por sua avó após a morte prematura de sua mãe, Frida sempre carregou a curiosidade e o vazio de não conhecer seu pai, uma busca que revelou as cicatrizes de um passado sombrio.

Lebensborn: A “Fonte da Vida” Nazista

O programa Lebensborn, cujo nome significa “Fonte da Vida” em alemão, foi idealizado por Heinrich Himmler, líder da Schutzstaffel (SS), em 1935. A iniciativa tinha como objetivo aumentar a população de indivíduos considerados “racialmente puros” para consolidar a ideologia ariana defendida pelo regime nazista.

Após a Primeira Guerra Mundial, a Alemanha enfrentava uma crise demográfica devido à perda de milhões de jovens, especialmente homens, o que comprometeu o crescimento populacional do país.

Além disso, a taxa de natalidade estava em declínio, e o regime via a criação de uma nova geração de “arianos puros” como essencial para o futuro do Terceiro Reich.

O Lebensborn funcionava como uma rede de instituições que incentivava a reprodução entre homens e mulheres selecionados por suas características físicas e suposta “pureza racial”.

Mulheres solteiras, muitas vezes norueguesas, dinamarquesas ou de outros países ocupados pelos nazistas, eram encorajadas a ter filhos com soldados alemães, especialmente membros da SS.

Essas crianças seriam criadas para fortalecer a “raça superior” idealizada por Hitler. As mães recebiam cuidados médicos e apoio financeiro durante a gravidez, e os bebês nascidos no programa eram frequentemente entregues a famílias alemãs ou criados em orfanatos controlados pelos nazistas.

Na Noruega, ocupada pela Alemanha entre 1940 e 1945, o programa Lebensborn encontrou terreno fértil. Estima-se que cerca de 12.000 crianças nasceram sob esse sistema no país, muitas delas enfrentando estigma e discriminação após a guerra, quando suas origens se tornaram conhecidas.

A Origem de Frida

A mãe de Frida, Synni Lyngstad, era uma jovem norueguesa de apenas 19 anos quando se envolveu com Alfred Haase, um sargento alemão estacionado na Noruega durante a ocupação.

O relacionamento resultou na gravidez de Frida, mas, com o fim da guerra, Haase retornou à Alemanha, sem saber que Synni estava grávida. Synni, como muitas outras mães de crianças Lebensborn, enfrentou um futuro incerto.

Após a libertação da Noruega, mulheres que tiveram relacionamentos com soldados alemães eram frequentemente vistas como traidoras, sofrendo humilhações públicas, como ter os cabelos raspados, ou sendo ostracizadas pela sociedade.

Synni faleceu tragicamente em 1947, quando Frida tinha apenas dois anos, vítima de insuficiência renal. Sem a mãe, Frida foi criada por sua avó, Agny, que decidiu deixar a Noruega e se mudar para a Suécia, fugindo do preconceito e da hostilidade enfrentados pelas famílias associadas ao Lebensborn.

Na Suécia, Frida cresceu sem saber a verdade sobre seu pai, acreditando, por muitos anos, que ele havia morrido durante a guerra.

A Busca pelo Pai

Apesar do sucesso estrondoso com o ABBA, que a transformou em uma estrela global nos anos 1970, Frida carregava o peso de não conhecer suas origens completas.

Foi somente em 1977, já no auge da fama, que ela descobriu a verdade sobre seu pai. Um artigo de jornal revelou que Alfred Haase estava vivo e morando na Alemanha.

Com a ajuda de sua colega de banda, Agnetha Fältskog, Frida conseguiu localizar Haase e estabelecer contato. O reencontro, embora emocionante, foi complexo.

Haase, que não sabia da existência de Frida, tinha construído outra vida na Alemanha, com uma nova família. A relação entre pai e filha nunca se tornou próxima, mas o encontro trouxe um certo fechamento para Frida, que pôde, finalmente, preencher uma lacuna de sua história.

O Legado de Frida e o Estigma do Lebensborn

A trajetória de Frida é um testemunho de resiliência. Apesar do estigma associado às crianças Lebensborn, que muitas vezes eram chamadas de “filhos do inimigo” e enfrentavam discriminação em suas comunidades, ela transformou sua vida por meio da música.

Sua voz poderosa e sua presença carismática no ABBA a tornaram uma figura amada em todo o mundo. No entanto, Frida nunca escondeu as cicatrizes de seu passado.

Em entrevistas, ela falou abertamente sobre a dor de crescer sem a mãe e a complexidade de descobrir suas origens ligadas a um dos capítulos mais sombrios da história.

O programa Lebensborn deixou um legado controverso. Após a guerra, muitas crianças nascidas no programa enfrentaram rejeição social e dificuldades para se integrar.

Na Noruega, algumas foram internadas em instituições psiquiátricas, enquanto outras lutaram para encontrar sua identidade em um mundo que as via com desconfiança.

Nos últimos anos, esforços têm sido feitos para reconhecer e reparar o sofrimento dessas pessoas, com pedidos de desculpas oficiais do governo norueguês e iniciativas para documentar suas histórias.

Além do ABBA: A Vida de Frida

Após o fim do ABBA, em 1982, Frida continuou sua carreira solo, lançando álbuns como Something’s Going On (1982), produzido por Phil Collins, que foi um sucesso comercial.

Ela também se envolveu em causas humanitárias e ambientais, usando sua plataforma para promover mudanças positivas. Em 1992, Frida se casou com o príncipe Heinrich Ruzzo Reuss von Plauen, tornando-se princesa de Reuss, um título que ela carregou com discrição até a morte do marido, em 1999.

A vida de Frida foi marcada por perdas pessoais, incluindo a trágica morte de sua filha, Ann Lise-Lotte Fredriksson, em um acidente de carro em 1998, mas sua força e determinação sempre a levaram adiante.

Conclusão

A história de Anni-Frid Lyngstad é muito mais do que a de uma estrela pop. É a história de uma mulher que superou as sombras de um passado ligado ao programa Lebensborn, enfrentou o estigma e encontrou seu lugar no mundo através da música.

Sua jornada de autodescoberta, marcada pela busca por seu pai e pela reconciliação com suas origens, ressoa como um exemplo de resiliência e humanidade. Frida não é apenas uma voz do ABBA, mas uma sobrevivente que transformou dor em arte, deixando um legado que vai além dos palcos.

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