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terça-feira, julho 22, 2025

Dalai Lama.



Dalai Lama - O Chamado do Agora

Reflexões do Dalai Lama sobre a Vida e a Impermanência"

Perguntaram ao Dalai Lama: - O que mais o surpreende na humanidade?

Com a serenidade de quem observa a vida de uma perspectiva elevada, ele respondeu: - Os homens.

Porque sacrificam a saúde para acumular riqueza, e depois gastam a riqueza tentando recuperar a saúde perdida.

Vivem tão obcecados pelo futuro que negligenciam o presente, e assim, não vivem nem o agora, nem o que está por vir.

Passam pela vida como se fossem imortais, e partem como se jamais tivessem vivido de verdade.

Essa reflexão, atribuída ao Dalai Lama, expõe com clareza e profundidade uma das maiores contradições da existência humana: a incapacidade de priorizar o que realmente importa.

Em busca de segurança, sucesso ou validação externa, as pessoas frequentemente sacrificam o que há de mais precioso: o tempo, a saúde e os relacionamentos.

Essa sabedoria, embora simples, ressoa como um convite urgente à introspecção em um mundo cada vez mais acelerado e desconectado. A sociedade contemporânea, movida por uma cultura de produtividade desenfreada, intensifica esse ciclo vicioso.

A pressão para alcançar metas, conquistar status ou acumular bens materiais leva muitos a trabalhar exaustivamente, ignorando sinais do corpo e da mente.

Estudos recentes apontam que o estresse crônico, alimentado por essa busca incessante, está diretamente ligado ao aumento de doenças como ansiedade, depressão e problemas cardiovasculares.

Por exemplo, segundo a Organização Mundial da Saúde, transtornos mentais afetam mais de 700 milhões de pessoas globalmente, muitos deles desencadeados por estilos de vida que priorizam o acúmulo em detrimento do bem-estar.

Além disso, a ilusão de controle é outro pilar dessa contradição. Ao tentar dominar o futuro por meio de planejamento obsessivo ou acumulação de recursos, o ser humano esquece a impermanência - a única certeza da vida.

Essa mentalidade é agravada por um mundo hiper conectado, onde redes sociais e a cultura do "sempre mais" criam a falsa ideia de que a felicidade está em conquistas externas.

Um exemplo marcante é a ascensão do movimento de "desistência silenciosa" (quiet quitting), que ganhou força em 2022 e continua relevante em 2025.

Muitos trabalhadores, exaustos pela pressão de carreiras insustentáveis, começaram a estabelecer limites, priorizando a saúde mental e o tempo pessoal em vez de ambições corporativas.

Essa reflexão do Dalai Lama encontra eco em diversas tradições filosóficas e espirituais. No budismo, a prática da atenção plena (mindfulness) enfatiza a importância de viver o momento presente, reconhecendo que o passado é apenas memória e o futuro, uma projeção incerta.

O estoicismo, por sua vez, nos ensina a focar no que está sob nosso controle - nossas ações e atitudes no agora - e aceitar a transitoriedade da vida. Até mesmo o existencialismo, com sua ênfase na criação de sentido em um mundo sem garantias, nos convida a abraçar o presente como o único espaço onde a existência ganha forma.

Um exemplo recente que ilustra essa sabedoria é a história de movimentos como o "slow living", que ganhou adeptos em todo o mundo, especialmente após a pandemia de 2020. Pessoas de diferentes culturas começaram a reavaliar suas prioridades, buscando uma vida mais simples e significativa.

No Japão, por exemplo, o conceito de ikigai - encontrar propósito na interseção entre paixão, habilidade e contribuição ao mundo - tem inspirado muitos a redescobrir a alegria nas pequenas coisas do cotidiano, em vez de perseguir objetivos grandiosos e distantes.

Contudo, viver no presente não significa abandonar sonhos ou responsabilidades. É, antes, um convite a equilibrar ambição com gratidão, ação com pausa, planejamento com aceitação.

Como o Dalai Lama sugere, a verdadeira vida acontece no agora - no abraço de um ente querido, na contemplação de uma paisagem, no silêncio que nos reconecta com nós mesmos.

Quando ignoramos isso, corremos o risco de chegar ao fim da jornada com arrependimentos, percebendo, tarde demais, que o que buscávamos sempre esteve ao nosso alcance.

Portanto, a mensagem do Dalai Lama é um chamado à presença. Em um mundo que nos puxa constantemente para o próximo objetivo, a próxima conquista, talvez a maior rebeldia seja parar, respirar e viver - de verdade - o momento que temos agora.

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