Thomas
Andrews Jr. (7 de fevereiro de 1873 - 15 de abril de 1912) foi um proeminente
engenheiro naval irlandês, conhecido por seu papel como um dos principais
projetistas do RMS Titanic, o lendário transatlântico que naufragou em sua
viagem inaugural em 1912.
Como
diretor da Harland & Wolff, o maior estaleiro de Belfast, Andrews foi uma
figura central na construção do navio, mas sua vida foi muito mais do que sua
associação com o Titanic.
Sua
trajetória é marcada por uma ascensão meteórica na engenharia naval, uma
dedicação incansável ao trabalho e um legado de coragem durante a tragédia que
custou sua vida aos 39 anos.
Infância e Formação
Thomas
Andrews Jr. nasceu em Comber, Condado de Down, na Irlanda do Norte, em uma
família proeminente e influente. Ele era o segundo de cinco filhos de Thomas
Andrews Sr., um político e empresário, e Eliza Pirrie, cuja família estava
intimamente ligada à indústria naval.
Seu
tio, William Pirrie, era o presidente da Harland & Wolff, o que
proporcionou a Andrews uma conexão direta com o mundo da construção naval desde
cedo.
A
família Andrews era presbiteriana e valorizava a educação, o trabalho árduo e o
serviço à comunidade, princípios que moldaram a personalidade de Thomas.
Desde
jovem, Andrews demonstrou interesse por engenharia e mecânica. Ele estudou na
Royal Belfast Academical Institution, uma escola de prestígio, onde se destacou
em matemática e ciências.
Aos 16
anos, em 1889, ingressou na Harland & Wolff como aprendiz, iniciando uma
jornada que o levaria ao topo da indústria naval. Durante seus cinco anos de
aprendizado, ele passou por todos os departamentos do estaleiro, desde a
carpintaria até a fundição, adquirindo um conhecimento prático e detalhado
sobre a construção de navios.
Sua
dedicação e inteligência foram rapidamente reconhecidas, e ele se tornou um
protegido de seu tio, Lord Pirrie.
Carreira na Harland & Wolff
Após
completar seu treinamento, Andrews ascendeu rapidamente na hierarquia da
Harland & Wolff. Em 1901, aos 28 anos, foi nomeado chefe do departamento de
design, e em 1907 tornou-se diretor-gerente do estaleiro, uma posição de enorme
responsabilidade.
Sua
habilidade não se limitava à engenharia; ele era conhecido por sua capacidade
de liderança, atenção aos detalhes e empatia com os trabalhadores do estaleiro.
Andrews
frequentemente visitava as oficinas, conversava com os operários e acompanhava
de perto cada etapa da construção dos navios, o que lhe valeu respeito e
admiração.
Sob sua
supervisão, a Harland & Wolff construiu alguns dos maiores e mais luxuosos
transatlânticos da época, incluindo o RMS Olympic e o RMS Titanic, encomendados
pela White Star Line.
Andrews
foi o principal responsável pelo design estrutural e pelos sistemas de
segurança do Titanic, como os compartimentos estanques e as portas à prova
d’água.
Embora
o navio fosse anunciado como “praticamente inafundável” pela imprensa e pela
White Star Line, Andrews nunca endossou essa afirmação, ciente das limitações
de qualquer embarcação.
Ele
trabalhava incansavelmente para garantir que o Titanic fosse o mais seguro e
avançado possível, mas também sugeria melhorias, como aumentar o número de
botes salva-vidas, sugestão que foi ignorada pela companhia.
Vida Pessoal
Thomas
Andrews era descrito como um homem carismático, humilde e dedicado à família.
Em 1908, ele se casou com Helen Reilly Barbour, filha de um rico industrial
têxtil. O casal teve uma filha, Elizabeth Law-Barbour Andrews, nascida em 1910.
Andrews
era conhecido por seu equilíbrio entre a vida profissional intensa e o
compromisso com a família. Ele passava o tempo livre em sua casa em Belfast,
Dunallan, onde gostava de jardinagem e de momentos tranquilos com a esposa e a
filha. Sua personalidade afável e seu senso de responsabilidade o tornavam
querido tanto no ambiente profissional quanto no pessoal.
O Titanic e o Naufrágio
Durante
a viagem inaugural do Titanic, em abril de 1912, Andrews estava a bordo como
parte de uma equipe de “garantia” da Harland & Wolff, responsável por
monitorar o desempenho do navio e anotar possíveis melhorias para projetos
futuros.
Ele
passava os dias inspecionando o navio, conversando com a tripulação e os
passageiros, e fazendo anotações detalhadas sobre pequenos ajustes, como o
ruído de ventiladores ou a disposição de móveis.
Na
noite de 14 de abril de 1912, quando o Titanic colidiu com um iceberg no
Atlântico Norte, Andrews foi um dos primeiros a avaliar os danos. Com sua
expertise, ele calculou rapidamente que o navio afundaria em poucas horas, já
que a água inundava mais compartimentos estanques do que o projeto podia
suportar.
Ele
informou o capitão Edward Smith e a tripulação sobre a gravidade da situação,
insistindo na evacuação imediata. Andrews trabalhou incansavelmente durante as
horas finais, ajudando a organizar a descida dos botes salva-vidas,
incentivando passageiros a usarem coletes salva-vidas e, segundo relatos, até
jogando cadeiras ao mar para servir como flutuadores.
Testemunhas
relataram atos de heroísmo de Andrews. Uma comissária de bordo, Mary Sloan,
contou que ele a encorajou a embarcar em um bote, garantindo que ela estaria
segura.
Outros
relatos sugerem que ele foi visto percorrendo os corredores, orientando
passageiros em pânico. Sua última aparição confirmada foi no salão de fumantes
da primeira classe, onde, segundo um sobrevivente, ele parecia em estado de
choque, encarando um relógio na parede enquanto a água começava a invadir o
navio.
Andrews
não fez nenhuma tentativa de salvar a própria vida, aceitando o destino com uma
resignação que reflete sua responsabilidade como engenheiro-chefe do navio.
Legado e Impacto
A morte
de Thomas Andrews, aos 39 anos, foi um golpe para a Harland & Wolff e para
a comunidade de Belfast. Sua perda foi profundamente sentida por sua família,
colegas e pela sociedade da época, que o via como um símbolo de integridade e
competência. Sua esposa, Helen, nunca se casou novamente e dedicou-se a criar a
filha, Elizabeth, que viveu até 1973.
O
naufrágio do Titanic, que resultou na morte de mais de 1.500 pessoas, foi um
marco na história marítima. A tragédia expôs falhas críticas, como a
insuficiência de botes salva-vidas e a negligência na navegação em águas com
icebergs.
Andrews,
embora não fosse responsável pelas decisões operacionais do navio, carregava o
peso de ser o principal projetista. Sua sugestão de aumentar o número de botes,
se tivesse sido aceita, poderia ter salvo mais vidas.
O
legado de Andrews vive não apenas em sua contribuição para a engenharia naval,
mas também em sua conduta durante o desastre. Ele é lembrado como um homem que
uniu genialidade técnica a um senso de dever e sacrifício.
Em
Belfast, sua cidade natal, memoriais e exposições, como o Titanic Belfast
Museum, celebram sua vida e seu trabalho. Sua história continua a inspirar
reflexões sobre os limites da tecnologia e a importância da responsabilidade
humana diante de desafios imprevisíveis.
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