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segunda-feira, março 10, 2025

Gustavo Franz Wagner, O Monstro de Sobibor


 

Gustav Franz Wagner nasceu em Viena, Áustria, em 18 de julho de 1911. Foi um cruel oficial austríaco da SS, ocupando o posto de sargento, conhecido por sua brutalidade implacável.

Wagner atuou como vice comandante do campo de extermínio de Sobibor, na Polônia ocupada pelos nazistas, durante a Operação Reinhard, um plano sistemático para assassinar milhões de judeus.

Estima-se que entre 200.000 e 250.000 judeus tenham sido mortos nas câmaras de gás desse campo sob sua supervisão. Devido à sua extrema crueldade, ele ganhou os apelidos de “A Besta” e “Lobo” entre os prisioneiros e sobreviventes.

Início de Vida

Wagner ingressou no exército austríaco em 1928, servindo como soldado antes de se envolver com o nazismo. Em 1931, tornou-se membro do então ilegal Partido Nazista na Áustria, registrado sob o número 443.217.

Após ser preso por atividades de agitação nacional-socialista, proibidas na época, fugiu para a Alemanha. Lá, juntou-se às SA (Sturmabteilung) e, posteriormente, à Schutzstaffel (SS) no final da década de 1930. Inicialmente, serviu como guarda em um campo de concentração cuja localização exata permanece desconhecida.

Em maio de 1940, Wagner integrou o programa de eutanásia Aktion T4, uma iniciativa nazista para eliminar pessoas com deficiências físicas ou mentais. No centro de extermínio de Hartheim, desempenhou funções administrativas e supervisionou a cremação dos corpos das vítimas assassinadas.

Sua experiência no T4 o qualificou para tarefas ainda mais sinistras. Em março de 1942, foi designado para ajudar na criação do campo de extermínio de Sobibor, onde supervisionou diretamente a construção das instalações, incluindo as câmaras de gás, os alojamentos e as cercas de segurança.

Sobibor e a Brutalidade de Wagner

Assim que Sobibor foi concluído, Wagner assumiu o cargo de vice comandante, subordinado ao comandante Franz Stangl, com o título oficial de sargento-intendente. Ele era responsável por selecionar os prisioneiros recém-chegados - em sua maioria judeus provenientes de guetos - que seriam usados como trabalhadores forçados no campo ou em tarefas externas.

Aqueles não selecionados eram enviados diretamente para as câmaras de gás. Durante suas ausências, como em períodos de férias, suas funções eram assumidas por Karl Frenzel.

Mais do que qualquer outro oficial em Sobibor, Wagner mantinha contato diário com os prisioneiros, sendo descrito pelos sobreviventes como um sádico de sangue frio.

Ele espancava e assassinava judeus sem motivo aparente, muitas vezes por puro prazer. O prisioneiro Moshe Bahir, um dos sobreviventes, o retratou como um homem que “desfrutava da violência” e que “matava com um sorriso no rosto”, destacando sua natureza desumana.

Após a fuga de dois prisioneiros na primavera de 1943, Wagner comandou um esquadrão de soldados da Wehrmacht para instalar campos minados ao redor de Sobibor, numa tentativa de impedir novas evasões.

Apesar disso, seus esforços falharam em evitar a histórica revolta de Sobibor, em 14 de outubro de 1943. Naquele dia, Wagner estava ausente, de férias com sua esposa Karin para celebrar o nascimento de sua filha, Marion.

Os prisioneiros, cientes de sua ausência, aproveitaram a oportunidade, pois o consideravam o oficial mais rigoroso e temido do campo. A revolta resultou na fuga de cerca de 300 prisioneiros, embora muitos tenham sido recapturados ou mortos posteriormente.

Após o levante, Wagner retornou e recebeu ordens para desmantelar o campo e eliminar evidências dos crimes ali cometidos. Ele supervisionou os chamados Arbeitsjuden (“judeus trabalhadores”), prisioneiros forçados a demolir as instalações.

Quando o trabalho terminou, Wagner os executou sem hesitação. Sua eficiência e crueldade foram tão notáveis que Heinrich Himmler, um dos principais arquitetos do Holocausto, o descreveu como “um dos homens mais merecedores da Operação Reinhard”.

Após a Guerra

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, Wagner conseguiu inicialmente escapar da justiça. Disfarçado como motociclista militar, foi detido em um campo de prisioneiros de guerra, mas logo libertado por falta de identificação precisa.

Trabalhou na construção civil na Alemanha e foi condenado à morte in absentia, mas já havia fugido. Por acaso, Franz Stangl, seu ex-comandante, o encontrou enquanto Wagner trabalhava na demolição de uma casa.

Juntos, cruzaram a fronteira para a Itália, onde foram abrigados pelo clero do Collegio Teutonico di Santa Maria dell’Anima, em Roma. Por meio das chamadas Ratlines - rotas de fuga organizadas por simpatizantes nazistas -, conseguiram passagens para a Síria e, posteriormente, para o Brasil.

No Brasil, Wagner foi admitido como residente permanente sob o pseudônimo “Günther Mendel”, recebendo um passaporte brasileiro. Trabalhou como empregado doméstico para uma rica família brasileira e, mais tarde, como fabricante de estacas de concreto em uma fazenda. Casou-se com uma viúva local e criou os filhos dela, vivendo discretamente nos arredores de São Paulo.

Captura e Morte

Wagner permaneceu foragido até 30 de maio de 1978, quando foi localizado após uma investigação conduzida por Simon Wiesenthal, o famoso caçador de nazistas.

A pista surgiu quando um jornalista mostrou a Wiesenthal uma foto de teuto-brasileiros celebrando o 89º aniversário de Hitler. Embora Wiesenthal tenha identificado erroneamente um dos homens como Wagner, a publicidade do caso o pressionou a se entregar às autoridades brasileiras.

Israel, Áustria, Iugoslávia, Alemanha Ocidental e Polônia solicitaram sua extradição, mas o Brasil recusou todos os pedidos.

Em uma entrevista à BBC em 1979, Wagner demonstrou total falta de remorso, declarando: “Eu não tinha sentimentos. Era apenas um trabalho. À noite, nunca falávamos sobre isso; apenas bebíamos e jogávamos cartas”. Sua frieza chocou o mundo.

Em 3 de outubro de 1980, Wagner foi encontrado morto em Atibaia, com uma faca cravada no peito. Seu advogado classificou o caso como suicídio, mas sobreviventes como Szlomo Szmaizner sugeriram a historiadores como Jules Schelvis e Richard Rashke que sua morte poderia envolver circunstâncias misteriosas, possivelmente um acerto de contas. A verdade permanece incerta.

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