O Titanic acabou entrando para a história como um dos navios mais famosos de todos os tempos. Por mais de cem anos tem sido a inspiração para obras de ficção e não-ficção. Ele é lembrado em monumentos para os mortos e em museus que exibem artefatos tirados dos destroços.
Logo em seguida ao naufrágio, cartões postais memoriais foram vendidos aos milhares, assim como memorabilias que iam de latas de doces, pratos, até ursos de pelúcia pretos de luto. Vários sobreviventes escreveram relatos sobre suas experiências, porém foi apenas em 1955 que o primeiro livro historicamente preciso foi publicado: A Night to Remenber (Uma Noite para Recordar) de Walter Lord.
Uma das mais persistentes histórias a respeito do navio era o mito de que ele era "inafundável", iniciado com o rumor de que no dia de seu lançamento algum funcionário da empresa supostamente afirmara que "Nem mesmo Deus poderia afundar este navio". No entanto, Titanic nunca foi descrito como inafundável até depois de seu naufrágio.
De acordo com o sociólogo britânico Richard Howells, este talvez seja o maior mito em torno do Titanic. Segundo ele, esse entendimento foi essencialmente uma invenção da cultura popular para fornecer um significado moral ao acidente. Desta forma, a história do Titanic se tornou mítica após o seu afundamento: "É um mito retrospectivo, e isso faz com que seja uma história melhor.
Se um homem em seu orgulho constrói um navio inafundável (como Prometeu roubando o fogo dos deuses), faz sentido mítico perfeito que Deus esteja tão irritado com tal afronta a ponto de afundar o navio com tudo dentro [...] Contrariamente à interpretação popular, a White Star Line em momento algum fez quaisquer reivindicações substantivas de que o Titanic era inafundável e ninguém realmente falou sobre o navio ser inafundável até depois do acidente".
A utilização de imagens do Olympic para noticiar o naufrágio do irmão também alimentou teorias de conspiração e mistérios a seu respeito, isso porque o Titanic não havia sido grande notícia até afundar. Simon McCallum, curador do British Film Institute, afirma que isso fez com que cineastas projetassem "suas próprias narrativas sobre o evento a partir deste ponto de partida".
O primeiro filme sobre o desastre, Saved from the Titanic (Salvo do Titanic), foi lançado apenas 29 dias depois do naufrágio e era estrelado pela atriz e sobrevivente Dorothy Gibson. O filme britânico A Night to Remember (Uma Noite para Recordar) de 1958, baseado no livro homônimo, é ainda considerado por muitos como a versão mais historicamente precisa do naufrágio.
O filme de maior sucesso financeiro é Titanic de 1997, que se tornou a maior bilheteria da história na época e venceu onze Oscars, incluindo Melhor Filme e Melhor Diretor.
O desastre do Titanic é lembrado por uma grande variedade de memoriais e monumentos em homenagens às vítimas, erguidos em países de língua inglesa, principalmente nas cidades que sofreram as maiores perdas. Elas incluem Southampton, Belfast e Liverpool no Reino Unido, Nova Iorque e Washington D.C nos Estados Unidos, e Cobh (antiga Queenstown) na Irlanda.
Muitos museus ao redor do mundo têm exibições sobre o Titanic. Na Irlanda do Norte, o principal é o centro turístico Titanic Belfast, inaugurado em março de 2012, erguido no mesmo local onde os três navios da Classe Olympic foram construídos.
A RMS Titanic Inc., que está autorizada a retirar partes dos destroços, tem uma exibição permanente sobre o navio no Luxor Hotel em Las Vegas, contando inclusive com um pedaço de 22 toneladas do casco. A empresa também organiza uma exibição que viaja ao redor do mundo.
Em Halifax, o Museu Marítimo do Atlântico mostra artefatos recuperados do mar alguns dias depois do naufrágio, que incluem pedaços de madeira dos painéis que adornavam a Sala de Estar da Primeira Classe e uma espreguiçadeira original, além de objetos retirados dos corpos das vítimas.
O centenário do Titanic, em 2012, foi marcado e celebrado por peças teatrais, programas de rádio, documentários, exibições e viagens especiais para o local do desastre, junto com selos e moedas comemorativas.
Danos da colisão do Titanic com iceberg
Danos da colisão do Titanic com iceberg. O Titanic já estava começando a inclinar apenas minutos depois da colisão.
Smith e
Andrews foram para os conveses inferiores investigar os danos, descobrindo que
os depósitos de carga, sala dos correios e quadra de squash já estavam
inundadas, enquanto a sala das caldeiras nº 6 já tinha mais de quatro metros de
água e a sala nº 5 também já estava começando a ser inundada.
Estima-se
que aproximadamente sete toneladas de água estavam entrando no navio por
segundo, quinze vezes mais do que as bombas eram capazes de expelir.
Em
apenas 45 minutos, mais de treze mil toneladas de água já tinham entrado na
embarcação.
Andrews
logo percebeu que o Titanic estava condenado; ele e Smith voltaram
para a ponte, onde o engenheiro informou os oficiais sobre a situação,
aconselhou o lançamento imediato dos botes salva-vidas e estimou que o navio
afundasse em pouco mais de uma hora.
O
impacto do iceberg havia entortado as placas de aço do casco e causadas seis
pequenas aberturas, com todas juntas equivalente a uma área de pouco mais de um
metro quadrado de todo o navio.
A maior
abertura tinha por volta de doze metros de comprimento e aparentemente seguiu a
linhas das placas de aço.
As
placas na parte central do navio eram mantidas unidas por três fileiras de
rebites feitos de aço de carbono, porém as placas da proa e popa ficavam presas
por duas linhas de rebites feitos com ferro forjado, que segundo especialistas
estavam no limite da tensão antes mesmo da colisão.
Esse
segundo tipo de rebite era mais propenso a sair do lugar em situações de grande
tensão, ainda mais sob um frio extremo como na noite em que o Titanic afundou.
Acima
da linha d'água, havia pouquíssimos sinais da colisão. Os comissários no salão
de jantar da primeira classe haviam sentido um tremor, que eles pensaram ter
sido causados pela quebra de uma das lâminas das hélices.
Muitos
passageiros da primeira e segunda classe sentiram uma batida ou tremor, porém
não sabiam do que se tratava.
Aqueles
nos conveses inferiores, principalmente tripulantes e passageiros da terceira
classe perto do local da colisão, sentiram o impacto da batida bem mais
diretamente.
Primeiras ações após a colisão do Titanic
Primeiras
ações após a colisão do Titanic. Às 0h05min já do dia 15 de abril, Smith deu
ordem para que os botes fossem preparados e os passageiros acordados.
Ele
ordenou que Phillips e Bride começassem a enviar pedidos de socorro, que
erroneamente direcionaram os navios de resgate para uma posição 21 km
distante de onde o Titanic realmente estava.
Os
comissários de bordo logo foram bater de porta em porta chamando os passageiros
e pedindo para que eles fossem para o convés dos botes.
O
tratamento recebido dependia da posição social; os comissários da primeira
classe cuidavam cada um de apenas algumas cabines, então eles podiam ajudar os
passageiros a se vestirem e irem para o convés, enquanto os comissários da
segunda e terceira classe tinham de percorrer várias cabines rapidamente,
rudemente acordar os passageiros e mandá-los colocarem coletes
salva-vidas.
Apesar
das ordens, muitos passageiros e tripulantes estavam relutantes em atender aos
pedidos, por não acreditarem que o Titanic estava em perigo ou por
não quererem sair no frio da noite.
Não foi
dito que o navio estava afundando, porém algumas pessoas perceberam que ele
estava inclinando.
No
convés a tripulação iniciou o preparo dos botes, porém era difícil ouvir
qualquer coisa devido ao barulho do vapor das caldeiras que estava sendo
evacuado pelas chaminés.
O som
era tão alto que tiveram que usar sinais de mão para se comunicarem. Além
disso, eles estavam mal preparados para uma emergência já que o treinamento com
botes havia sido mínimo.
Esses
barcos supostamente estariam com suprimentos de emergência, porém muitos
passageiros posteriormente descobriram que tinham recebido apenas provisões
parciais, apesar dos esforços do padeiro chefe Charles
Joughin e sua equipe.
Nenhum
exercício de emergência havia sido realizado no Titanic desde sua
partida de Southampton.
Botes lançados do Titanic
Smith, ainda em estado de paralisia concordou com a
cabeça e disse "coloque as mulheres e crianças e abaixe-os".
Lightoller assumiu o lançamento dos botes no lado
bombordo enquanto Murdoch ficou encarregado do lado estibordo.
Entretanto, os dois homens interpretaram as ordens de
maneira diferente: o primeiro-oficial entendeu que eram mulheres e
crianças primeiro, enquanto o segundo oficial presumiu que eram
mulheres e crianças apenas.
Dessa forma, Lightoller lançava seus botes caso não
houvesse nenhuma mulher por perto para embarcar, enquanto Murdoch por sua vez
permitia a entrada de homens depois de embarcadas todas as mulheres e crianças.
Nenhum dos
dois sabia a capacidade exata dos barcos e temeram superlotá-los, assim vários
botes foram abaixados com menos da metade de sua capacidade total.
Pouquíssimos passageiros estavam inicialmente
dispostos a embarcar nos botes e os oficiais tiveram grande dificuldade em
persuadi-los. Eles eram em sua enorme maioria membros da primeira classe.
Ismay sabia da necessidade de urgência na evacuação e
correu pelo lado estibordo do convés superior pedindo para as pessoas
embarcarem.
Algumas mulheres, casais e homens solteiros foram
persuadidos a embarcar no bote nº 7, que foi o primeiro a ser lançado ao mar
por volta das 0h45min com apenas 28 pessoas.
Nos conveses inferiores a situação era bem mais
alarmante. Os tripulantes das salas das caldeiras nº 5 e 6 estavam lutando por
suas vidas enquanto ao mesmo tempo tentavam impedir que o vapor das caldeiras
não entrasse em contato com água congelante do oceano, algo que poderia
ocasionar uma explosão.
A sala da caldeira nº 4 começou a ser inundada por
volta das 1h20min, inicialmente pelo chão, indicando que o iceberg
possivelmente também danificou a parte inferior do casco.
Mais para a popa, o engenheiro chefe Bell e seus
colegas continuaram trabalhando nos geradores elétricos do navio a fim de
manter as luzes e o rádio funcionando.
Eles aparentemente permaneceram em seus postos até o
fim, garantindo que o Titanic permanecesse iluminado até os
minutos finais.
No convés superior o lançamento dos botes continuou
com o de nº 6 às 0h55hmin, também com apenas 28 pessoas. Os barcos
continuaram a ser abaixados em intervalos de alguns minutos em ambos os lados,
porém a grande maioria estava sem lotação total.
O nº 5 tinha 41 pessoas, o nº 3 foi com 32, o nº 8 com
39 e o nº 1 com apenas 12 de uma capacidade total de 40. A evacuação não
ocorreu calmamente e alguns passageiros se feriram.
A descida dos botes também era perigosa, com o nº 6
quase sendo inundado por água que saia do navio e o nº 3 tendo seus turcos
emperrados.
A seriedade da situação ficou aparente para os
passageiros por volta das 1h20min, quando muitos começaram a se despedir e
maridos a levar suas esposas para os botes.
Fogos de artifício sinalizadores eram disparados
periodicamente para tentar atrair a atenção de algum navio por perto enquanto
os operadores de rádio continuavam a mandar pedidos de socorro CQD.
Phillips começou a usar o recém instaurado SOS. Várias
embarcações responderam aos chamados do Titanic, incluindo seu
irmão Olympic, porém o mais perto era o RMS Carpathia, a 93 km
de distância.
Até então, a grande maioria dos passageiros que tinham
conseguido embarcar nos botes eram da primeira e segunda classe.
Poucas pessoas da terceira classe tinham conseguido
chegar ao convés superior, com a maioria se perdendo nos labirintos de
corredores ou ficando presos atrás de grades que segregavam as acomodações da
terceira classe daquelas da primeira e segunda.
Aparentemente em pelo menos em alguns lugares, a
tripulação do Titanic ativamente impediu que os passageiros da
terceira classe escapassem, com barreiras trancadas e vigiadas por tripulantes
a fim de impedir que as pessoas corressem para os botes.
À
aproximadamente 1h30min, o Titanic estava adernando para
bombordo e sua inclinação aumentando. Os botes restantes foram preenchidos
rapidamente e com uma lotação mais próxima da capacidade total.
O nº 11 foi lançado com cinco pessoas a mais do que
podia carregar, quase sendo inundado por uma das saídas de exaustão das bombas.
O nº 13 por muito pouco não teve o mesmo problema,
porém enfrentou dificuldades em soltar suas cordas; ele acabou indo para embaixo
do nº 15, que estava sendo abaixado, no entanto os ocupantes do barco
conseguiram cortar as cordas em tempo.
O pânico já estava se alastrando entre os passageiros,
com o quinto oficial Lowe sendo forçado a disparar seu revólver no ar para
impedir que pessoas pulassem em seu bote, o nº 14.
O último barco lançado com sucesso foi o desmontável D
às 2h05min com apenas 20 pessoas a bordo com mais duas pulando nele
enquanto estava sendo abaixado.
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