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segunda-feira, setembro 12, 2022

Naufrágio do Titanic



Titanic acabou entrando para a história como um dos navios mais famosos de todos os tempos. Por mais de cem anos tem sido a inspiração para obras de ficção e não-ficção. Ele é lembrado em monumentos para os mortos e em museus que exibem artefatos tirados dos destroços. 

Logo em seguida ao naufrágio, cartões postais memoriais foram vendidos aos milhares, assim como memorabilias que iam de latas de doces, pratos, até ursos de pelúcia pretos de luto. Vários sobreviventes escreveram relatos sobre suas experiências, porém foi apenas em 1955 que o primeiro livro historicamente preciso foi publicado: A Night to Remenber (Uma Noite para Recordar) de Walter Lord.

Uma das mais persistentes histórias a respeito do navio era o mito de que ele era "inafundável", iniciado com o rumor de que no dia de seu lançamento algum funcionário da empresa supostamente afirmara que "Nem mesmo Deus poderia afundar este navio". No entanto, Titanic nunca foi descrito como inafundável até depois de seu naufrágio. 

De acordo com o sociólogo britânico Richard Howells, este talvez seja o maior mito em torno do Titanic. Segundo ele, esse entendimento foi essencialmente uma invenção da cultura popular para fornecer um significado moral ao acidente. Desta forma, a história do Titanic se tornou mítica após o seu afundamento: "É um mito retrospectivo, e isso faz com que seja uma história melhor. 

Se um homem em seu orgulho constrói um navio inafundável (como Prometeu roubando o fogo dos deuses), faz sentido mítico perfeito que Deus esteja tão irritado com tal afronta a ponto de afundar o navio com tudo dentro [...] Contrariamente à interpretação popular, a White Star Line em momento algum fez quaisquer reivindicações substantivas de que o Titanic era inafundável e ninguém realmente falou sobre o navio ser inafundável até depois do acidente". 

A utilização de imagens do Olympic para noticiar o naufrágio do irmão também alimentou teorias de conspiração e mistérios a seu respeito, isso porque o Titanic não havia sido grande notícia até afundar. Simon McCallum, curador do British Film Institute, afirma que isso fez com que cineastas projetassem "suas próprias narrativas sobre o evento a partir deste ponto de partida".

O primeiro filme sobre o desastre, Saved from the Titanic (Salvo do Titanic), foi lançado apenas 29 dias depois do naufrágio e era estrelado pela atriz e sobrevivente Dorothy Gibson. O filme britânico A Night to Remember (Uma Noite para Recordar) de 1958, baseado no livro homônimo, é ainda considerado por muitos como a versão mais historicamente precisa do naufrágio. 

O filme de maior sucesso financeiro é Titanic de 1997, que se tornou a maior bilheteria da história na época e venceu onze Oscars, incluindo Melhor Filme e Melhor Diretor.

O desastre do Titanic é lembrado por uma grande variedade de memoriais e monumentos em homenagens às vítimas, erguidos em países de língua inglesa, principalmente nas cidades que sofreram as maiores perdas. Elas incluem Southampton, Belfast e Liverpool no Reino Unido, Nova Iorque e Washington D.C nos Estados Unidos, e Cobh (antiga Queenstown) na Irlanda. 

Muitos museus ao redor do mundo têm exibições sobre o Titanic. Na Irlanda do Norte, o principal é o centro turístico Titanic Belfast, inaugurado em março de 2012, erguido no mesmo local onde os três navios da Classe Olympic foram construídos.

A RMS Titanic Inc., que está autorizada a retirar partes dos destroços, tem uma exibição permanente sobre o navio no Luxor Hotel em Las Vegas, contando inclusive com um pedaço de 22 toneladas do casco. A empresa também organiza uma exibição que viaja ao redor do mundo. 

Em Halifax, o Museu Marítimo do Atlântico mostra artefatos recuperados do mar alguns dias depois do naufrágio, que incluem pedaços de madeira dos painéis que adornavam a Sala de Estar da Primeira Classe e uma espreguiçadeira original, além de objetos retirados dos corpos das vítimas. 

O centenário do Titanic, em 2012, foi marcado e celebrado por peças teatrais, programas de rádio, documentários, exibições e viagens especiais para o local do desastre, junto com selos e moedas comemorativas.

Danos da colisão do Titanic com iceberg


Danos da colisão do Titanic com iceberg. O Titanic já estava começando a inclinar apenas minutos depois da colisão.

Smith e Andrews foram para os conveses inferiores investigar os danos, descobrindo que os depósitos de carga, sala dos correios e quadra de squash já estavam inundadas, enquanto a sala das caldeiras nº 6 já tinha mais de quatro metros de água e a sala nº 5 também já estava começando a ser inundada. 

Estima-se que aproximadamente sete toneladas de água estavam entrando no navio por segundo, quinze vezes mais do que as bombas eram capazes de expelir. 

Em apenas 45 minutos, mais de treze mil toneladas de água já tinham entrado na embarcação. 

Andrews logo percebeu que o Titanic estava condenado; ele e Smith voltaram para a ponte, onde o engenheiro informou os oficiais sobre a situação, aconselhou o lançamento imediato dos botes salva-vidas e estimou que o navio afundasse em pouco mais de uma hora.

O impacto do iceberg havia entortado as placas de aço do casco e causadas seis pequenas aberturas, com todas juntas equivalente a uma área de pouco mais de um metro quadrado de todo o navio.

A maior abertura tinha por volta de doze metros de comprimento e aparentemente seguiu a linhas das placas de aço. 

As placas na parte central do navio eram mantidas unidas por três fileiras de rebites feitos de aço de carbono, porém as placas da proa e popa ficavam presas por duas linhas de rebites feitos com ferro forjado, que segundo especialistas estavam no limite da tensão antes mesmo da colisão. 

Esse segundo tipo de rebite era mais propenso a sair do lugar em situações de grande tensão, ainda mais sob um frio extremo como na noite em que o Titanic afundou.

Acima da linha d'água, havia pouquíssimos sinais da colisão. Os comissários no salão de jantar da primeira classe haviam sentido um tremor, que eles pensaram ter sido causados pela quebra de uma das lâminas das hélices.

Muitos passageiros da primeira e segunda classe sentiram uma batida ou tremor, porém não sabiam do que se tratava.

Aqueles nos conveses inferiores, principalmente tripulantes e passageiros da terceira classe perto do local da colisão, sentiram o impacto da batida bem mais diretamente.



Primeiras ações após a colisão do Titanic

Primeiras ações após a colisão do Titanic. Às 0h05min já do dia 15 de abril, Smith deu ordem para que os botes fossem preparados e os passageiros acordados.

Ele ordenou que Phillips e Bride começassem a enviar pedidos de socorro, que erroneamente direcionaram os navios de resgate para uma posição 21 km distante de onde o Titanic realmente estava. 

Os comissários de bordo logo foram bater de porta em porta chamando os passageiros e pedindo para que eles fossem para o convés dos botes. 

O tratamento recebido dependia da posição social; os comissários da primeira classe cuidavam cada um de apenas algumas cabines, então eles podiam ajudar os passageiros a se vestirem e irem para o convés, enquanto os comissários da segunda e terceira classe tinham de percorrer várias cabines rapidamente, rudemente acordar os passageiros e mandá-los colocarem coletes salva-vidas. 

Apesar das ordens, muitos passageiros e tripulantes estavam relutantes em atender aos pedidos, por não acreditarem que o Titanic estava em perigo ou por não quererem sair no frio da noite.

Não foi dito que o navio estava afundando, porém algumas pessoas perceberam que ele estava inclinando.

No convés a tripulação iniciou o preparo dos botes, porém era difícil ouvir qualquer coisa devido ao barulho do vapor das caldeiras que estava sendo evacuado pelas chaminés. 

O som era tão alto que tiveram que usar sinais de mão para se comunicarem. Além disso, eles estavam mal preparados para uma emergência já que o treinamento com botes havia sido mínimo.

Esses barcos supostamente estariam com suprimentos de emergência, porém muitos passageiros posteriormente descobriram que tinham recebido apenas provisões parciais, apesar dos esforços do padeiro chefe Charles Joughin e sua equipe.

Nenhum exercício de emergência havia sido realizado no Titanic desde sua partida de Southampton. 

Tudo isso foi piorado pela aparente indecisão, insegurança e paralisia de Smith, que falhou em dar certas ordens, não organizou a tripulação e negligenciou informações cruciais sobre a real situação do navio.



Botes lançados do Titanic

O preenchimento dos botes salva-vidas começou por volta das 0h20min. O segundo oficial Lightoller se dirigiu ao capitão e sugeriu que a evacuação fosse iniciada com as mulheres e crianças.

Smith, ainda em estado de paralisia concordou com a cabeça e disse "coloque as mulheres e crianças e abaixe-os". 

Lightoller assumiu o lançamento dos botes no lado bombordo enquanto Murdoch ficou encarregado do lado estibordo.

Entretanto, os dois homens interpretaram as ordens de maneira diferente: o primeiro-oficial entendeu que eram mulheres e crianças primeiro, enquanto o segundo oficial presumiu que eram mulheres e crianças apenas

Dessa forma, Lightoller lançava seus botes caso não houvesse nenhuma mulher por perto para embarcar, enquanto Murdoch por sua vez permitia a entrada de homens depois de embarcadas todas as mulheres e crianças. 

Nenhum dos dois sabia a capacidade exata dos barcos e temeram superlotá-los, assim vários botes foram abaixados com menos da metade de sua capacidade total.

Pouquíssimos passageiros estavam inicialmente dispostos a embarcar nos botes e os oficiais tiveram grande dificuldade em persuadi-los. Eles eram em sua enorme maioria membros da primeira classe. 

Ismay sabia da necessidade de urgência na evacuação e correu pelo lado estibordo do convés superior pedindo para as pessoas embarcarem.

Algumas mulheres, casais e homens solteiros foram persuadidos a embarcar no bote nº 7, que foi o primeiro a ser lançado ao mar por volta das 0h45min com apenas 28 pessoas.

Nos conveses inferiores a situação era bem mais alarmante. Os tripulantes das salas das caldeiras nº 5 e 6 estavam lutando por suas vidas enquanto ao mesmo tempo tentavam impedir que o vapor das caldeiras não entrasse em contato com água congelante do oceano, algo que poderia ocasionar uma explosão. 

A sala da caldeira nº 4 começou a ser inundada por volta das 1h20min, inicialmente pelo chão, indicando que o iceberg possivelmente também danificou a parte inferior do casco. 

Mais para a popa, o engenheiro chefe Bell e seus colegas continuaram trabalhando nos geradores elétricos do navio a fim de manter as luzes e o rádio funcionando. 

Eles aparentemente permaneceram em seus postos até o fim, garantindo que o Titanic permanecesse iluminado até os minutos finais.

No convés superior o lançamento dos botes continuou com o de nº 6 às 0h55hmin, também com apenas 28 pessoas. Os barcos continuaram a ser abaixados em intervalos de alguns minutos em ambos os lados, porém a grande maioria estava sem lotação total. 

O nº 5 tinha 41 pessoas, o nº 3 foi com 32, o nº 8 com 39 e o nº 1 com apenas 12 de uma capacidade total de 40. A evacuação não ocorreu calmamente e alguns passageiros se feriram. 

A descida dos botes também era perigosa, com o nº 6 quase sendo inundado por água que saia do navio e o nº 3 tendo seus turcos emperrados.

A seriedade da situação ficou aparente para os passageiros por volta das 1h20min, quando muitos começaram a se despedir e maridos a levar suas esposas para os botes.

Fogos de artifício sinalizadores eram disparados periodicamente para tentar atrair a atenção de algum navio por perto enquanto os operadores de rádio continuavam a mandar pedidos de socorro CQD. 

Phillips começou a usar o recém instaurado SOS. Várias embarcações responderam aos chamados do Titanic, incluindo seu irmão Olympic, porém o mais perto era o RMS Carpathia, a 93 km de distância.

Até então, a grande maioria dos passageiros que tinham conseguido embarcar nos botes eram da primeira e segunda classe.

Poucas pessoas da terceira classe tinham conseguido chegar ao convés superior, com a maioria se perdendo nos labirintos de corredores ou ficando presos atrás de grades que segregavam as acomodações da terceira classe daquelas da primeira e segunda. 

Aparentemente em pelo menos em alguns lugares, a tripulação do Titanic ativamente impediu que os passageiros da terceira classe escapassem, com barreiras trancadas e vigiadas por tripulantes a fim de impedir que as pessoas corressem para os botes.

À aproximadamente 1h30min, o Titanic estava adernando para bombordo e sua inclinação aumentando. Os botes restantes foram preenchidos rapidamente e com uma lotação mais próxima da capacidade total. 

O nº 11 foi lançado com cinco pessoas a mais do que podia carregar, quase sendo inundado por uma das saídas de exaustão das bombas.

O nº 13 por muito pouco não teve o mesmo problema, porém enfrentou dificuldades em soltar suas cordas; ele acabou indo para embaixo do nº 15, que estava sendo abaixado, no entanto os ocupantes do barco conseguiram cortar as cordas em tempo. 

O pânico já estava se alastrando entre os passageiros, com o quinto oficial Lowe sendo forçado a disparar seu revólver no ar para impedir que pessoas pulassem em seu bote, o nº 14. 

O último barco lançado com sucesso foi o desmontável D às 2h05min com apenas 20 pessoas a bordo com mais duas pulando nele enquanto estava sendo abaixado. 

A água já havia alcançado o convés dos botes e o castelo da proa estava totalmente submerso. Smith fez uma última inspeção pelo convés, liberou Bride e Phillips de suas funções e anunciou para a tripulação que "Agora é cada homem por si"..



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