Propaganda

This is default featured slide 1 title

Go to Blogger edit html and find these sentences.Now replace these sentences with your own descriptions.This theme is Bloggerized by Lasantha Bandara - Premiumbloggertemplates.com.

This is default featured slide 2 title

Go to Blogger edit html and find these sentences.Now replace these sentences with your own descriptions.This theme is Bloggerized by Lasantha Bandara - Premiumbloggertemplates.com.

This is default featured slide 3 title

Go to Blogger edit html and find these sentences.Now replace these sentences with your own descriptions.This theme is Bloggerized by Lasantha Bandara - Premiumbloggertemplates.com.

This is default featured slide 4 title

Go to Blogger edit html and find these sentences.Now replace these sentences with your own descriptions.This theme is Bloggerized by Lasantha Bandara - Premiumbloggertemplates.com.

This is default featured slide 5 title

Go to Blogger edit html and find these sentences.Now replace these sentences with your own descriptions.This theme is Bloggerized by Lasantha Bandara - Premiumbloggertemplates.com.

terça-feira, setembro 09, 2025

Jerry Adriani - Ídolo da Jovem Guarda





Jerry Adriani, nome artístico de Jair Alves de Sousa, nasceu em 29 de janeiro de 1947, no bairro do Brás, em São Paulo, e faleceu em 23 de abril de 2017, no Rio de Janeiro.

Cantor, ator e apresentador, ele foi uma das figuras mais emblemáticas da Jovem Guarda, movimento musical dos anos 1960 que marcou a história da música brasileira ao trazer influências do rock and roll internacional, especialmente de artistas como Elvis Presley e os Beatles, adaptadas ao contexto brasileiro.

Biografia e Início da Carreira

Filho de uma família humilde, Jair Alves de Sousa demonstrou interesse pela música desde jovem. Inspirado pelo ator americano Jerry Lewis e pelo cantor italiano Adriano Celentano, adotou o nome artístico Jerry Adriani, que refletia sua admiração pelo cenário artístico internacional.

Sua carreira profissional começou em 1964, aos 17 anos, com a gravação de seu primeiro LP, Italianíssimo, uma coletânea de canções em italiano que capitalizava a popularidade da música romântica italiana no Brasil.

No mesmo ano, lançou Credi a Me, consolidando sua presença no mercado musical. Em 1965, Jerry deu um passo importante ao gravar Um Grande Amor, seu primeiro álbum em português, que o conectou diretamente ao público jovem brasileiro.

Nesse período, ele também se destacou como apresentador de televisão, comandando o programa Excelsior a Go Go na TV Excelsior, ao lado do comunicador Luiz Aguiar.

O programa era um espaço vibrante para a divulgação de artistas da Jovem Guarda, como Os Vips, Os Incríveis, Trini Lopez e Cidinha Campos, reforçando a efervescência cultural da época.

Entre 1967 e 1968, já na TV Tupi de São Paulo, Jerry apresentou A Grande Parada, um programa musical ao vivo que contava com a participação de artistas consagrados, como Neyde Aparecida, Zélia Hoffmann, Betty Faria e Marília Pêra.

O programa se tornou um marco na televisão brasileira, promovendo a diversidade da música popular brasileira e consolidando Jerry como uma figura carismática e versátil.

Cinema e Consolidação na Jovem Guarda

Além da música e da televisão, Jerry Adriani também incursionou no cinema, participando de três filmes nos anos 1960: Essa Gatinha é Minha (1966, com Peri Ribeiro e Anik Malvil), Jerry, A Grande Parada (1967) e Jerry em Busca do Tesouro (1968, com Neyde Aparecida e os Pequenos Cantores da Guanabara).

Esses filmes, típicos da estética da Jovem Guarda, misturavam música, comédia e romantismo, atraindo o público jovem que se identificava com o movimento.

Em 1969, Jerry foi agraciado com o título de cidadão carioca, um reconhecimento de sua forte ligação com o Rio de Janeiro, cidade que adotou como lar e onde construiu grande parte de sua carreira.

Foi também nesse período que ele desempenhou um papel fundamental na trajetória de Raul Seixas, outro ícone da música brasileira. Jerry conheceu Raul em Salvador, quando este liderava a banda Raulzito e os Panteras.

Impressionado com o talento do jovem músico, Jerry o convidou para se mudar para o Rio de Janeiro, onde Raulzito e os Panteras se tornaram a banda de apoio de Jerry por três anos.

Durante esse período, Raul compôs canções como “Tudo Que é Bom Dura Pouco”, “Tarde Demais” e “Doce, Doce Amor”, que se tornaram sucessos na voz de Jerry. Entre 1969 e 1971, Raul Seixas também atuou como produtor de Jerry, antes de iniciar sua bem-sucedida carreira solo.

Carreira Internacional e Diversificação Musical

Na década de 1970, Jerry Adriani expandiu sua carreira para além do Brasil, realizando shows em países como Venezuela, Peru, Estados Unidos, México e Canadá.

Sua versatilidade o levou a explorar novos gêneros musicais, como a soul music, gravando canções de compositores brasileiros como Hyldon, Paulo Cesar Barros e Robson Jorge.

Em 1975, ele participou do musical Brazilian Follies, dirigido por Caribe Rocha, no Hotel Nacional, no Rio de Janeiro. O espetáculo, que ficou em cartaz por um ano e meio, foi um sucesso de público e crítica, destacando a capacidade de Jerry de se reinventar artisticamente.

Um dos momentos mais marcantes de sua carreira ocorreu em julho de 1981, quando Jerry se apresentou para mais de 30 mil pessoas em um show ao ar livre no parque de exposições de Governador Valadares, Minas Gerais.

Contratado pelo radialista Marcos Niemeyer, ele também participou do programa Resenha do Jegue, apresentado por Niemeyer e Beto Teixeira na Rádio Ibituruna.

Durante sua passagem pela cidade, Jerry demonstrou sua simplicidade e carisma, caminhando pelo centro, distribuindo autógrafos e interagindo com os fãs.

Anos 1990: Retorno às Raízes e Novos Sucessos

Na década de 1990, Jerry Adriani revisitou suas raízes roqueiras com o álbum Elvis Vive (1990), um tributo ao ídolo Elvis Presley, que marcou seu 24º disco. O projeto reforçou sua conexão com o rock and roll, gênero que o consagrou na Jovem Guarda.

Em 1994, ele aceitou o convite do diretor Cecil Thiré para atuar na novela 74.5: Uma Onda no Ar, produzida pela TV PLUS e exibida pela Rede Manchete.

A novela, que também foi transmitida em Portugal, alcançou grande sucesso e trouxe Jerry de volta aos holofotes como ator. Em 1999, Jerry lançou Forza Sempre, um álbum em que reinterpretou canções da banda Legião Urbana em italiano.

O disco foi um marco em sua carreira pós-Jovem Guarda, vendendo mais de 200 mil cópias. A faixa “Santa Luccia Luntana” foi incluída na trilha sonora da novela Terra Nostra, da Rede Globo, ampliando ainda mais seu alcance e popularidade.

Morte e Legado

Jerry Adriani faleceu em 23 de abril de 2017, aos 70 anos, vítima de um câncer de pâncreas. Diagnosticado em março daquele ano, ele enfrentou a doença com coragem, mas sua condição evoluiu rapidamente.

Internado por duas semanas no Hospital Vitória, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, Jerry continuou a realizar shows até o final de março, mesmo em tratamento para uma trombose venosa na perna.

Seu corpo foi sepultado no Cemitério São Francisco Xavier, no bairro do Caju, Rio de Janeiro. Ele deixou três filhos e um neto.

Impacto Cultural e Legado

Jerry Adriani foi muito mais do que um ídolo da Jovem Guarda. Sua trajetória reflete a efervescência cultural dos anos 1960 no Brasil, quando a Jovem Guarda trouxe frescor e rebeldia à música brasileira, dialogando com a juventude de uma época marcada por transformações sociais e culturais.

Sua habilidade de transitar entre gêneros musicais, da música italiana ao rock, soul e até releituras de bandas de rock nacional, demonstra sua versatilidade e visão artística.

Além disso, sua influência vai além da música. Ao ajudar Raul Seixas a dar os primeiros passos no cenário nacional, Jerry contribuiu para a formação de um dos maiores ícones do rock brasileiro.

Sua presença carismática na televisão e no cinema também o tornou um dos rostos mais reconhecíveis de sua geração, conectando diferentes públicos ao longo de cinco décadas de carreira.

Hoje, Jerry Adriani é lembrado como um pioneiro que ajudou a moldar a identidade da música jovem brasileira, deixando um legado de canções atemporais e uma história de dedicação à arte. Suas músicas continuam a ser redescobertas por novas gerações, e sua contribuição para a cultura brasileira permanece viva.



Simplicidade


A Busca pela Felicidade: Simplicidade e Consciência"

Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade." - Mário Quintana

A reflexão de Mário Quintana, um dos maiores poetas brasileiros, nos convida a repensar a felicidade de forma profunda e descomplicada. Em um mundo onde a busca por realização pessoal muitas vezes é confundida com conquistas grandiosas, status ou acumulação de bens,

Quintana nos lembra que a verdadeira felicidade reside nas coisas mais simples da vida. É um convite para desacelerar, observar e valorizar o que realmente importa.

A simplicidade da felicidade, como destaca o poeta, está nos pequenos momentos: o calor de um abraço, o aroma de um café pela manhã, uma conversa sincera com um amigo ou o som da chuva caindo suavemente.

No entanto, vivemos em uma era acelerada, onde a constante busca por "mais" - mais sucesso, mais reconhecimento, mais bens materiais - pode nos cegar para esses instantes sutis.

Muitas vezes, deixamos a felicidade escapar porque estamos ocupados demais perseguindo ideais inatingíveis ou comparando nossas vidas com as de outros, especialmente em tempos de redes sociais, onde a ilusão de vidas perfeitas é amplificada.

Expandindo essa ideia, é importante refletir sobre os acontecimentos contemporâneos que moldam nossa percepção de felicidade. Em 2025, o mundo enfrenta desafios complexos: mudanças climáticas, polarização social e avanços tecnológicos que, embora tragam conforto, também geram ansiedade e desconexão.

Estudos recentes, como os da Organização Mundial da Saúde, apontam um aumento global nos casos de ansiedade e depressão, o que reforça a necessidade de voltarmos o olhar para o que Quintana sugere: encontrar alegria nas coisas simples.

Por exemplo, iniciativas comunitárias, como hortas urbanas ou movimentos de atenção plena, têm ganhado força como formas de reconectar as pessoas com o presente e com a comunidade, promovendo bem-estar.

Além disso, a felicidade, como sentimento efêmero, exige presença. Não é algo que se conquista de uma vez por todas, mas algo que se cultiva diariamente.

Quintana nos alerta para o risco de deixá-la "ir embora" por não percebermos sua simplicidade. Isso significa que, para sermos felizes, precisamos treinar nossa capacidade de notar e apreciar os momentos que nos tocam.

Seja um pôr do sol inesperado, uma risada compartilhada ou até mesmo a sensação de superar um pequeno obstáculo, esses instantes são os tijolos que constroem uma vida plena.

Por fim, vale lembrar que a busca pela felicidade também envolve aceitação. Nem todos os dias serão radiantes, e está tudo bem. A simplicidade da felicidade inclui acolher as imperfeições da vida, entendendo que ela não é um estado constante, mas um mosaico de momentos.

Como Quintana sugere, faça o que for necessário para ser feliz, mas faça com leveza, com atenção e com gratidão pelo que já existe ao seu redor.

segunda-feira, setembro 08, 2025

A Psicopatia de Alexandre de Moraes


 

Alexandre de Moraes é frequentemente descrito por seus críticos como alguém que não se intimida com manifestações populares. Ao contrário, muitos acreditam que esse tipo de exposição o alimenta, como se houvesse certo prazer em observar as multidões reagindo diretamente às suas decisões.

Essa percepção - ainda que polêmica - atribui ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) uma postura quase psicológica de quem se satisfaz com o impacto que exerce sobre milhões de pessoas.

As manifestações em verde e amarelo, que tomaram a Avenida Paulista, o Rio de Janeiro e diversas capitais brasileiras, parecem, paradoxalmente, fortalecer sua imagem.

Para os que o contestam, Moraes não se sente acuado diante das ruas tomadas, mas vê nisso uma confirmação de sua centralidade na política nacional. Como se cada grito de protesto fosse, em certa medida, o reflexo do alcance de sua autoridade.

Esses protestos, geralmente impulsionados por decisões polêmicas - como o bloqueio de perfis em redes sociais, a prisão de figuras públicas e investigações que atingem comunicadores e lideranças políticas -, são vistos por muitos como afrontas à liberdade de expressão e instrumentos de um poder concentrado demais em um único magistrado.

Atos cívicos como os de 7 de setembro, que historicamente atraem multidões para defender pautas conservadoras e criticar o STF, acabam intensificando a tensão entre sociedade civil e Judiciário.

Enquanto os manifestantes interpretam tais medidas como abusos de poder, Moraes e seus aliados no STF sustentam que suas decisões são necessárias para proteger a democracia contra desinformação, ataques institucionais e tentativas de desestabilização - argumento reforçado especialmente após os acontecimentos de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes em Brasília foram invadidas e depredadas.

Esse episódio passou a servir de justificativa recorrente para ações duras contra movimentos de oposição. No entanto, o impacto das manifestações até agora não alterou a postura firme do ministro.

Pelo contrário, há quem acredite que ele se fortalece justamente ao constatar que suas ações mobilizam massas inteiras, ainda que em oposição. Isso o coloca como uma espécie de protagonista involuntário - ou talvez deliberado - do embate político.

A experiência recente do Brasil mostra que protestos de rua só se tornam realmente eficazes quando combinados a organização, liderança e pressão institucional.

Foi assim em 2013, com as Jornadas de Junho, que começaram difusas, mas se transformaram em catalisadoras de mudanças políticas, e também nos atos pró-impeachment de Dilma Rousseff, em 2015 e 2016, que ganharam força por meio da articulação com partidos e setores organizados da sociedade. Sem essa coordenação, manifestações tendem a se dissipar como catarse coletiva, sem resultados concretos.

Hoje, o cenário político é de polarização intensa. De um lado, defensores de Moraes e do STF o veem como guardião da democracia contra movimentos considerados golpistas.

De outro, seus críticos o acusam de extrapolar limites constitucionais, acumulando para si um poder desproporcional e exercendo um controle que ameaça a independência entre os Poderes.

Para que os atos atuais tenham consequências reais, seria necessário ir além das ruas: apresentar demandas claras, como a revisão de decisões controversas, a criação de mecanismos de controle sobre o STF ou mesmo mudanças institucionais que reduzam a concentração de poder em um único ministro.

Sem isso, as mobilizações continuarão servindo mais como demonstração de descontentamento do que como ferramenta efetiva de transformação.

Enquanto isso, Alexandre de Moraes permanece no centro do debate público, odiado por uns, defendido por outros - e, acima de tudo, intocado em sua posição.

Martha Gellhorn – A Única Mulher Repórter a testemunhar in loco o desembarque do Dia D.


 

Martha Gellhorn, uma das mais notáveis jornalistas de guerra do século XX, foi a única mulher repórter a testemunhar in loco o desembarque do Dia D, em 6 de junho de 1944, nas praias da Normandia.

Naquele que seria um dos episódios mais decisivos da Segunda Guerra Mundial, a imprensa estava rigidamente controlada pelo comando militar aliado, e as restrições impostas às mulheres jornalistas as afastavam das zonas de maior perigo.

Oficialmente credenciada pela revista Collier’s, Gellhorn viu seu pedido de cobertura da operação negado, mas não se deixou deter. Determinada a estar no centro da história, desafiou as ordens e embarcou clandestinamente em um navio-hospital britânico que partiria para a França.

Escondeu-se no banheiro até que a embarcação estivesse em alto-mar, garantindo assim a travessia até a zona de desembarque. Quando o navio ancorou diante das praias tomadas por fumaça, barulho de tiros e explosões, Gellhorn não se limitou a observar de longe.

Desceu junto à equipe médica, sob risco constante de bombardeios e tiroteios, e se pôs a ajudar no resgate dos soldados feridos, carregando macas, oferecendo água e conforto, ao mesmo tempo em que registrava mentalmente o que via.

Sua coragem a colocou no coração da ação. Enquanto muitos jornalistas permaneciam em navios de observação ou aguardavam instruções em zonas mais seguras, Gellhorn caminhava entre corpos, destroços e homens desesperados.

Mais tarde, transformaria essa experiência em reportagens impactantes publicadas na Collier’s, narrativas cruas e empáticas que expunham não apenas os aspectos estratégicos da invasão, mas sobretudo o custo humano da guerra.

Ela descreveu a visão das praias cobertas de corpos, os médicos exaustos que trabalhavam sem descanso, e o espírito resiliente dos soldados que, mesmo em meio ao horror, seguiam avançando.

O feito de Gellhorn no Dia D não foi um episódio isolado em sua trajetória. Antes mesmo da Normandia, ela já havia se destacado como correspondente da Guerra Civil Espanhola, cobrindo de perto o cerco de Madri e os bombardeios de Barcelona, além de relatar a Segunda Guerra Sino-Japonesa e a Guerra de Inverno na Finlândia.

Mais tarde, acompanharia ainda a guerra do Vietnã e os conflitos na América Central, sempre priorizando a voz dos civis e combatentes anônimos sobre as narrativas oficiais.

Sua determinação em superar barreiras de gênero e burocráticas a tornou um ícone do jornalismo. Em uma época em que a presença de mulheres na linha de frente era quase impensável, Gellhorn provou que elas podiam reportar a guerra com a mesma competência, coragem e humanidade que seus colegas homens.

Ela não buscava apenas narrar batalhas: queria dar rosto e voz ao sofrimento humano, às vítimas invisíveis da história. Martha Gellhorn continuou a cobrir conflitos até os anos 1990, já septuagenária, sempre movida pela mesma obstinação de revelar a verdade da guerra sem disfarces.

Seu legado ultrapassa a crônica jornalística: é uma prova de que, mesmo diante da brutalidade, a palavra pode resgatar a dignidade dos que sofrem.

Sua presença na Normandia, clandestina e ousada, não foi apenas um ato de coragem pessoal, mas um marco na história do jornalismo, símbolo de resistência contra limites impostos e da busca incessante pela verdade.

domingo, setembro 07, 2025

A Sociedade Complexa das Formigas


 

As formigas formam a sociedade mais complexa da Terra, superada apenas pela sociedade humana. Esses insetos notáveis são capazes de construir verdadeiras cidades subterrâneas, com estruturas intricadas e surpreendentemente estáveis, que podem abrigar de milhares a centenas de milhões de indivíduos, dependendo da espécie.

Algumas colônias chegam a atingir profundidades de até 25 metros e podem perdurar por décadas, demonstrando uma organização social e arquitetônica impressionante.

Essas "metrópoles" das formigas são compostas por uma rede complexa de câmaras e túneis, cada um com uma função específica. Há o "palácio real", onde reside a rainha, responsável por colocar milhares de ovos que garantem a continuidade da colônia.

Existem "jardins de infância", áreas destinadas ao cuidado e desenvolvimento das larvas, onde as operárias alimentam e protegem os filhotes até que se tornem adultos.

As formigas cortadeiras, por exemplo, possuem "fazendas" especializadas, onde cultivam fungos para alimentação - um feito notável, já que as formigas desenvolveram a agricultura milhões de anos antes dos humanos.

Essas fazendas são mantidas com folhas cortadas e processadas pelas operárias, que também gerenciam "fábricas" para moagem e preparo desse material.

Além disso, as colônias contam com armazéns para estocar alimentos, depósitos específicos para descarte de lixo e até mesmo "cemitérios" onde as formigas mortas são cuidadosamente depositadas, evitando a propagação de doenças.

A organização militar também é impressionante: muitas espécies possuem castas de soldados, que defendem a colônia de predadores e invasores, às vezes sacrificando suas próprias vidas.

Estradas internas facilitam o trânsito eficiente das operárias, enquanto dutos de ventilação regulam a temperatura e a umidade, garantindo um ambiente ideal.

Sistemas de drenagem sofisticados evitam inundações, mesmo em períodos de chuvas intensas. Um aspecto fascinante é a comunicação dentro dessas sociedades.

As formigas utilizam feromônios, toques e até sons para coordenar tarefas, como a busca por alimento ou a defesa do formigueiro. Algumas espécies, como as formigas tecelãs, constroem ninhos suspensos em árvores, usando larvas para produzir seda que une folhas, demonstrando um nível de engenhosidade comparável ao de grandes arquitetos.

Outras, como as formigas legionárias, organizam "exércitos" que realizam incursões em massa para capturar presas, movendo-se com uma precisão quase militar.

Essas sociedades também exibem comportamentos altruístas extremos. Operárias trabalham incansavelmente pelo bem da colônia, muitas vezes sem se reproduzir, enquanto a rainha foca na produção de descendentes.

Em algumas espécies, como as formigas melífloras, certas operárias atuam como "barris vivos", armazenando néctar em seus corpos para alimentar a colônia em tempos de escassez. Esse nível de especialização e cooperação é um testemunho da complexidade evolutiva dessas criaturas.

Curiosamente, as formigas também enfrentam desafios semelhantes aos humanos, como guerras entre colônias, "escravização" de outras formigas (em espécies que capturam e forçam indivíduos de outras colônias a trabalhar para elas) e até epidemias, que exigem estratégias de higiene rigorosas.

Estudos recentes indicam que algumas espécies utilizam microrganismos benéficos para combater patógenos, uma espécie de "medicina" primitiva. Em resumo, as formigas não apenas constroem cidades impressionantes, mas também demonstram uma inteligência coletiva e uma capacidade de adaptação que as tornam um dos maiores exemplos de organização social no reino animal.

Sua habilidade de resolver problemas complexos, como a construção de ninhos resilientes ou a gestão de recursos, continua a fascinar cientistas e inspira estudos em áreas como biologia, engenharia e até inteligência artificial.


Todos iguais



No sofrimento, somos todos iguais. Não há distinção entre raças, classes ou crenças quando o peso da dor nos atinge. O medo, a angústia e a fragilidade são traços universais que atravessam a experiência humana, unindo-nos em nossa vulnerabilidade.

Seja na perda de um ente querido, na luta contra a doença, na solidão de noites insones ou na incerteza do amanhã, todos nós, em algum momento, enfrentamos o sofrimento.

Mas, diante disso, surge a pergunta: qual vida vale mais? Qual vida merece menos? A resposta é clara: toda vida importa. Cada ser humano carrega em si uma história única, sonhos, lutas e esperanças.

Toda vida sente, sofre, celebra e, inevitavelmente, enfrenta a finitude. Não há hierarquia entre as existências - a dor de um não é menor que a de outro, assim como a alegria de um não é menos valiosa.

Somos feitos da mesma essência, e é essa conexão profunda que nos convida à empatia, à compaixão e à ação. Nos últimos anos, o mundo tem nos colocado diante de acontecimentos que reforçam essa reflexão.

Conflitos globais, crises humanitárias, desastres naturais e desigualdades crescentes expõem a fragilidade da vida e a urgência de reconhecermos o valor de cada indivíduo.

Pense nas famílias deslocadas por guerras, nas comunidades devastadas por enchentes, ou nas pessoas que, em silêncio, enfrentam batalhas pessoais contra a pobreza, a doença ou a discriminação.

Cada uma dessas histórias carrega um peso que não pode ser medido ou comparado. E, ainda assim, muitas vezes, nos perdemos em divisões, julgamentos e indiferença, esquecendo que o sofrimento do outro também é nosso.

Refletir sobre isso é mais do que um exercício filosófico; é um chamado à responsabilidade. Como podemos construir um mundo onde a dignidade de cada vida seja respeitada?

Como podemos transformar a dor compartilhada em pontes para a solidariedade? Talvez a resposta esteja em pequenas ações: ouvir com atenção, estender a mão, ou simplesmente reconhecer a humanidade no outro.

Afinal, se todos sofremos, todos também temos a capacidade de aliviar o sofrimento - nosso e dos demais. Por isso, paremos por um momento. Olhemos ao redor.

Escutemos as vozes que clamam por justiça, por acolhimento, por um lugar no mundo. E que, ao refletirmos, possamos nos perguntar: o que estou fazendo para honrar o valor de toda vida?

sábado, setembro 06, 2025

Edward Smith, Comodoro




Edward Smith, o Comodoro da White Star Line

Edward John Smith, nascido em 27 de janeiro de 1850 em Hanley, Staffordshire, Inglaterra, é uma figura lendária na história marítima, conhecido tanto por sua carreira ilustre quanto pelo trágico destino como comandante do RMS Titanic.

Em 1904, Smith alcançou o prestigioso posto de Comodoro da White Star Line, uma das mais renomadas companhias de navegação da época. Esse título significava que ele sempre estaria no comando do maior e mais imponente navio da frota, uma responsabilidade que refletia sua vasta experiência e reputação impecável.

Seu primeiro comando como Comodoro foi o RMS Baltic, durante sua viagem inaugural em 29 de junho de 1904. Três anos depois, em 8 de maio de 1907, assumiu o RMS Adriatic, navio-irmão do Baltic, que consolidou sua posição como um dos capitães mais respeitados da companhia.

Após a chegada do Adriatic a Nova York em sua viagem inaugural, Smith fez uma declaração memorável sobre sua carreira:

“Quando alguém me pergunta como melhor descrever minha experiência de quase quarenta anos no mar, eu simplesmente digo: sem intercorrências. Claro que houve tempestades de inverno, vendavais, nevoeiros e coisas do tipo, mas em toda a minha experiência, nunca estive em qualquer acidente digno de nota. Apenas em uma ocasião vi uma embarcação em perigo em todos os meus anos no mar. Eu nunca vi um naufrágio, nunca estive em um naufrágio, nem estive em qualquer situação que ameaçasse acabar em desastre de algum tipo. Perceba, eu não sou um bom material para uma história.”

Essa declaração, embora otimista, não refletia completamente a realidade de sua carreira, que, embora brilhante, não esteve isenta de incidentes.

Incidentes Menores e a Reputação de Smith

Apesar de sua autoproclamação de uma carreira "sem intercorrências", Edward Smith enfrentou alguns contratempos. Em 1889, enquanto comandava o SS Coptic, o navio encalhou na costa do Rio de Janeiro, Brasil, durante uma manobra.

Vinte anos depois, em 1909, um incidente semelhante ocorreu com o RMS Adriatic em Nova York. Ambos os eventos, no entanto, foram resolvidos sem consequências graves, demonstrando a habilidade de Smith em lidar com situações adversas.

Durante seu comando no Adriatic, ele ganhou o apelido de "Rei da Tempestade", uma referência à sua capacidade de navegar com segurança mesmo em condições climáticas extremas.

Entre seus muitos apelidos, o que mais se destacou foi "Comandante dos Milionários". Smith era extremamente admirado no meio marítimo e entre os passageiros de elite, que valorizavam sua personalidade serena, reconfortante e confiante.

Sua presença calma, aliada a um tom de voz benevolente, mas firme, conquistava a confiança de todos. Muitos passageiros abastados da White Star Line se recusavam a viajar em navios que não fossem comandados por ele, o que atesta sua popularidade.

O oficial Charles Lightoller, que serviu com Smith no Olympic e no Titanic, escreveu em suas memórias que o capitão era excepcional na manobra de grandes navios pelos estreitos canais do porto de Nova York, destacando sua destreza e autoridade tranquila.

Smith também se tornou o marinheiro mais bem pago de sua época, recebendo um salário anual de 1.250 libras esterlinas (equivalente a mais de 150 mil libras em valores atuais, ajustados pela inflação), além de um bônus de 200 libras por evitar colisões.

Em comparação, Henry Wilde, seu oficial chefe no Olympic e no Titanic, recebia cerca de 300 libras por ano, evidenciando o status elevado de Smith dentro da companhia.

A Classe Olympic e o Primeiro Grande Acidente

Com o sucesso do Baltic e do Adriatic, a White Star Line decidiu investir em uma nova geração de transatlânticos de proporções nunca antes vistas: a Classe Olympic, composta pelo RMS Olympic, RMS Titanic e, posteriormente, o RMS Britannic.

Como Comodoro, Smith foi designado para comandar cada um desses navios em suas viagens inaugurais. Em 21 de junho de 1911, ele assumiu o comando do RMS Olympic, o primeiro da classe, para sua viagem inaugural.

Antes da partida, Smith foi recebido pelo rei Afonso XIII da Espanha, que ficou tão impressionado com o capitão que, após o naufrágio do Titanic, enviou uma carta pessoal de condolências à viúva de Smith, Eleanor.

A viagem inaugural do Olympic foi um sucesso, exceto por uma pequena colisão com um rebocador no porto de Nova York, um incidente menor que não comprometeu a reputação do navio ou de seu comandante. No entanto, o primeiro acidente significativo da carreira de Smith ocorreu em 20 de setembro de 1911, no Solent, próximo à Ilha de Wight.

Enquanto navegava paralelamente ao HMS Hawke, um cruzador da Marinha Real Britânica, o Olympic realizou uma manobra inesperada para estibordo. A sucção gerada pelas enormes hélices do Olympic atraiu o Hawke, que colidiu de proa com a popa do transatlântico, abrindo dois grandes buracos no casco do Olympic, inundando dois compartimentos e danificando um dos eixos das hélices.

O Hawke, por sua vez, sofreu danos graves na proa e quase emborcou. Apesar da gravidade do incidente, o Olympic conseguiu retornar a Southampton por conta própria. As investigações posteriores atribuíram a culpa ao Olympic, mas Smith foi isento de responsabilidade direta.

O navio foi enviado para reparos nos estaleiros da Harland & Wolff, em Belfast, retornando ao serviço em novembro de 1911. Smith continuou no comando do Olympic até 30 de março de 1912, quando foi substituído pelo capitão Herbert Haddock para assumir o comando do RMS Titanic.

O Titanic e o Legado de Smith

Em abril de 1912, Edward Smith assumiu o comando do RMS Titanic, o segundo navio da Classe Olympic e o maior transatlântico do mundo na época. Considerado "praticamente inafundável" pela propaganda da White Star Line, o Titanic representava o ápice da engenharia naval e do luxo marítimo.

A viagem inaugural do Titanic, que partiu de Southampton em 10 de abril de 1912 com destino a Nova York, era vista como o ponto alto da carreira de Smith, que planejava se aposentar após essa travessia.

No entanto, na noite de 14 de abril de 1912, o Titanic colidiu com um iceberg no Atlântico Norte, a cerca de 600 km da costa da Terra Nova. O impacto abriu brechas em pelo menos cinco compartimentos estanques do navio, que não foi projetado para resistir a danos tão extensos.

Em menos de três horas, o Titanic afundou, levando consigo cerca de 1.500 vidas, incluindo a de Edward Smith. Relatos de sobreviventes sugerem que Smith permaneceu no comando até o fim, supervisionando a evacuação e garantindo que mulheres e crianças fossem priorizadas nos botes salva-vidas.

Sua conduta durante a tragédia foi descrita como heroica, mas também cercada de controvérsias, especialmente pela decisão de manter a alta velocidade do navio apesar dos avisos de icebergs na região. O naufrágio do Titanic marcou o fim trágico de uma carreira notável e lançou uma sombra sobre o legado de Smith.

Enquanto alguns o veem como um comandante experiente que enfrentou uma catástrofe imprevisível, outros questionam suas decisões, como a de ignorar os alertas de gelo e manter a velocidade do navio. Apesar disso, sua reputação como um líder respeitado e carismático permanece intacta entre aqueles que o conheceram.

Legado e Reflexão

Edward Smith personificava o ideal do capitão marítimo da Era Eduardiana: experiente, confiante e profundamente respeitado por colegas e passageiros. Sua carreira, marcada por feitos impressionantes e alguns contratempos, reflete a complexidade da navegação em uma era de rápida inovação tecnológica.

O naufrágio do Titanic, embora tenha definido seu legado para a posteridade, não apaga os quase 40 anos de serviço exemplar que o tornaram uma figura icônica no mundo marítimo.

A tragédia do Titanic também levou a mudanças significativas na regulamentação marítima, incluindo a obrigatoriedade de botes salva-vidas suficientes para todos a bordo e a criação do Patrulha Internacional do Gelo.

Assim, a história de Edward Smith não é apenas a de um homem, mas também a de uma era de ambição, confiança e, por fim, lições aprendidas a um custo devastador.



O Baltic, primeiro Navio que Smith comandou como Comodoro