Desencontro - “Existe também o estranho desencontro de ter o corpo num lugar e a alma em outro, de estar lá ou de ainda não estar aqui.”
(Rosa Lobato de Faria)
Rosa Maria de Bettencourt Rodrigues Lobato de Faria, conhecida por Rosa Lobato de Faria foi uma atriz,
escritora, romancista, poetisa, contista, dramaturga e guionista de novelas e
séries portuguesa.
Atriz e
escritora, Rosa Lobato de Faria nasceu em Lisboa, Santa Isabel, Portugal no dia
20 de abril de 1932 no seio de uma família originária da Índia Portuguesa, com
raízes aristocratas.
Filha de Vera
Corrêa Mendes de Bettencourt Rodrigues e de Joaquim Antônio de Lemos Lobato de
Faria, capitão-de-mar-e-guerra do porto da Figueira da Foz e de Caminha.
Viveu em Entrecampos e estudou quatro anos (dos
13-17 anos) no Instituto de Odivelas, colégio para filhas de militares, e
no Colégio Moderno. Estudou Filologia Germânica na Universidade de Coimbra.
Depois de ter sido dona de casa - enquanto casada com
Antônio Sacchetti, pretendente ao título de Visconde da Granja - e
empregada numa loja de eletrodomésticos, teve a sua primeira experiência
como atriz por volta dos 40 anos, pela mão de Antônio Pedro Vasconcelos, que a
levou a participar no filme Perdido por Cem... 1973.
Por volta dos 50 anos inicia um percurso regular na
televisão – Nicolau Breyner leva-a para o elenco de Vila Faia
1982, a primeira novela portuguesa. Quase ao mesmo tempo voltou ao cinema, com
Lauro Antônio, em Paisagem Sem Barcos (1983).
Na escrita, Rosa Lobato de Faria ganhou projeção como
letrista de canções, depois de obter, já nos anos 90, um primeiro lugar no
Festival RTP da Canção com Amor de Água Fresca (1992),
interpretado por Dina. Mas, além de letrista, o seu nome apareceria como
romancista, contista, dramaturga e guionista de novelas e séries.
Em finais dos anos 1980 colaborou na escrita do
guião da sitcom Humor de Perdição, ao lado de Herman
José e Miguel Esteves Cardoso (1987) - sitcom em que também
participava como atriz.
A esta
primeira experiência seguiram-se diversas séries e novelas, tais como Passarelle
(1989), Pisca-Pisca (1989), Nem o Pai Morre Nem a Gente
Almoça (1990), Telhados de Vidro (1994) e Tudo ao
Molho e Fé em Deus (1995).
Foi a letrista que, a par de José Carlos Ary dos Santos,
permanece como a mais bem sucedida no Festival RTP da Canção, tendo obtido
quatro vezes o primeiro lugar com Amor de Água Fresca (1992), Chamar
a Música (1994), Baunilha e Chocolate (1995) e Antes
do Adeus (1997).
Foi também nos anos 1990 que surgiu como autora
de romances - estreou-se com O Pranto de Lúcifer (1995),
seguindo-se, a um ritmo de uma publicação por ano, os títulos Os
Pássaros de Seda (1996), Os Três Casamentos de Camilla S. (1997), Romance
de Cordélia (1998), O Prenúncio das Águas (1999) - galardoado
com o Prêmio Máxima de Literatura em 2000 - A Trança de Inês (2001)
e, subsequentemente, O Sétimo Véu (2003), Os Linhos da
Avó (2004) e A Flor do Sal (2005).
Em coautoria
participou em Os Novos Mistérios da Estrada de Sintra e Código
d' Avintes. No conto publicou livros dedicados às crianças - A Erva
Milagrosa, As quatro Portas do Céu e Histórias de Muitas
Cores.
Na poesia foi
autora de A Gaveta de Baixo, longo poema inédito, acompanhado de
aguarelas de Oliveira Tavares, estando o resto da sua obra poética reunida no volume Poemas
Escolhidos e Dispersos (1997). Para o teatro escreveu as peças A
Hora do Gato, Sete Anos – Esquemas de um Casamento e A
Severa.
Além da experiência na novela Vila Faia, Rosa
Lobato de Faria integrou o elenco de diversas outras séries e novelas (1987 - Cobardias,
1988 - A Mala de Cartão, 1992 - Crónica do Tempo, 1992 - Os
Melhores Anos), sitcoms (1987) - Humor de
Perdição, 1990 - Nem o Pai Morre Nem a Gente Almoça, 2002 - A
Minha Sogra é uma Bruxa, 2006 - Aqui Não Há Quem Viva) e
novelas (1983 - Origens, 2004 - Só Gosto de Ti,
2004 – O Jogo, 2005 - Ninguém como Tu).
Vitimou-a uma anemia, aos 77 anos no dia 2 de
fevereiro de 2010. Era viúva de Joaquim Aires de Figueiredo Magalhães (Porto, 5
de agosto de 1916 - Lisboa, Hospital dos Capuchinhos, 26 de novembro de 2008),
editor literário, com quem casara civilmente a 14 de agosto de 1978 e de quem
não teve filhos.
"Balão Azul", um texto inédito da escritora,
foi lançado em março 2011 é o primeiro título da coleção Biblioteca Infantil
Rosa Lobato de Faria.
A 8 de Junho de 2010 foi agraciada a título póstumo
com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.
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