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quarta-feira, outubro 22, 2025

Ned Parfett - Vendedor de Jornais do Desastre do Titanic

 



Edward John "Ned" Parfett foi um jovem vendedor de jornais britânico que ganhou notoriedade por ser fotografado anunciando o naufrágio do RMS Titanic em 1912, aos 15 anos, nas ruas de Londres.

Mais tarde, ele se tornaria soldado na Primeira Guerra Mundial, onde demonstrou bravura, mas encontrou um fim trágico semanas antes do armistício. Sua história, marcada por uma fotografia icônica e por sua coragem, permanece como um símbolo de uma era turbulenta.

Início de Vida

Ned Parfett nasceu em 21 de julho de 1896, no bairro de Waterloo, em Londres, Inglaterra. Era o terceiro de seis filhos de uma família de origem irlandesa com fortes raízes católicas.

Seus antepassados haviam imigrado para a Inglaterra em meados do século XIX, estabelecendo-se na capital britânica. A família Parfett vivia modestamente, e, como era comum na época, as crianças muitas vezes começavam a trabalhar cedo para ajudar no sustento do lar.

Ainda jovem, Ned trabalhou na construção civil, uma ocupação comum para meninos de sua classe social. No entanto, após sofrer um acidente - cujos detalhes não são amplamente documentados, mas que provavelmente envolveu uma lesão leve - ele abandonou o setor e passou a ganhar a vida como vendedor de jornais nas movimentadas ruas de Londres.

Essa mudança de ofício o colocaria, por acaso, no centro de um dos eventos mais marcantes do início do século XX. O Naufrágio do Titanic e a Fotografia Icônica

Em 15 de abril de 1912, o RMS Titanic, descrito como o maior e mais luxuoso transatlântico de sua época, colidiu com um iceberg no Atlântico Norte e afundou, resultando na morte de mais de 1.500 pessoas.

A tragédia chocou o mundo, e Londres, sede da White Star Line, empresa proprietária do navio, tornou-se o epicentro das notícias. No dia seguinte ao desastre, Ned Parfett, então com apenas 15 anos, foi fotografado em frente aos escritórios da White Star Line, na Cockspur Street, no coração de Londres.

Ele segurava um cartaz do jornal Evening News com a manchete, em tradução livre: "Desastre do Titanic - Grande Perda de Vidas". A imagem, capturada por um fotógrafo desconhecido, mostra um jovem de aparência determinada, com o uniforme típico de um jornaleiro, anunciando a tragédia para uma multidão ansiosa por informações.

A fotografia tornou-se um símbolo duradouro do impacto do naufrágio na sociedade da época, ilustrando como a notícia se espalhou pelas ruas. O trabalho de Ned como vendedor de jornais era árduo, exigindo longas horas nas ruas, muitas vezes em condições adversas, para atrair clientes com gritos que destacavam as manchetes do dia.

Sua presença na fotografia reflete não apenas o papel dos jornaleiros na disseminação de notícias, mas também a curiosidade pública sobre o Titanic, um evento que abalou as noções de progresso e invencibilidade tecnológica da era eduardiana.

Primeira Guerra Mundial

Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial em 1914, a vida de Ned, como a de muitos jovens de sua geração, foi profundamente transformada. Embora tivesse apenas 18 anos no início do conflito, ele se alistou no Exército Britânico em 1916, ingressando na Artilharia de Campo Real (Royal Field Artillery).

Sua decisão de se alistar pode ter sido motivada tanto pelo patriotismo fervoroso da época quanto pela pressão social para que jovens se juntassem ao esforço de guerra.

Na Artilharia Real, Ned inicialmente atuou como piloto de expedição, responsável por transportar mensagens e suprimentos em condições perigosas no front ocidental.

Mais tarde, foi transferido para tarefas de reconhecimento, uma função que exigia coragem e agilidade, já que envolvia explorar áreas sob fogo inimigo para coletar informações estratégicas.

Sua conduta exemplar no campo de batalha lhe rendeu reconhecimento: ele foi condecorado com a Medalha Militar do Reino Unido, uma honraria concedida por atos de bravura.

Os despachos militares destacavam a dedicação de Ned. Um oficial que o supervisionava escreveu sobre sua coragem, mencionando que ele frequentemente acompanhava missões sob intensos bombardeios, demonstrando confiabilidade e sangue-frio em situações de extremo perigo.

Morte Trágica

Em 29 de outubro de 1918, a apenas duas semanas do armistício que encerrou a Primeira Guerra Mundial, Ned Parfett enfrentou um destino cruel. Ele estava na cidade de Valenciennes, na França, prestes a entrar de licença para retornar ao Reino Unido.

Decidiu, então, visitar uma loja para comprar roupas novas, provavelmente em antecipação ao regresso para casa. Tragicamente, enquanto estava no estabelecimento, um projétil de artilharia alemã atingiu o local. Ned, aos 22 anos, foi uma das vítimas do ataque e morreu instantaneamente.

Após sua morte, o oficial que o recomendara para tarefas de reconhecimento escreveu uma carta comovente a um dos irmãos de Ned:

"Em muitas ocasiões, ele me acompanhou durante bombardeios severos, sempre depositei a maior confiança possível nele. Sua coragem e dedicação eram notáveis, e sua perda é profundamente sentida."

Ned foi sepultado no Cemitério de Guerra Britânico em Verchain-Maugré, na França, um dos muitos campos de descanso para soldados aliados que perderam a vida no conflito. Sua morte, tão próxima do fim da guerra, é um lembrete da brutalidade e do acaso que marcaram o destino de muitos jovens durante o período.

Legado

A história de Ned Parfett é um retrato da vida de um jovem comum que, por circunstâncias extraordinárias, tornou-se parte da história. A fotografia do Titanic, capturada em um momento fugaz de sua adolescência, imortalizou-o como um símbolo da tragédia que abalou o mundo.

Sua bravura na Primeira Guerra Mundial, por outro lado, reflete o sacrifício de uma geração marcada pelo conflito. Embora Ned tenha vivido apenas 22 anos, sua trajetória encapsula os desafios e as tragédias de sua era.

Ele é lembrado não apenas pela imagem icônica de 1912, mas também como um jovem que enfrentou adversidades com determinação, desde as ruas de Londres até os campos de batalha da França. Sua história permanece como um testemunho da resiliência humana em tempos de crise.



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