Edward
John "Ned" Parfett foi um jovem vendedor de jornais britânico que
ganhou notoriedade por ser fotografado anunciando o naufrágio do RMS Titanic em
1912, aos 15 anos, nas ruas de Londres.
Mais
tarde, ele se tornaria soldado na Primeira Guerra Mundial, onde demonstrou
bravura, mas encontrou um fim trágico semanas antes do armistício. Sua
história, marcada por uma fotografia icônica e por sua coragem, permanece como
um símbolo de uma era turbulenta.
Início de Vida
Ned
Parfett nasceu em 21 de julho de 1896, no bairro de Waterloo, em Londres,
Inglaterra. Era o terceiro de seis filhos de uma família de origem irlandesa
com fortes raízes católicas.
Seus
antepassados haviam imigrado para a Inglaterra em meados do século XIX,
estabelecendo-se na capital britânica. A família Parfett vivia modestamente, e,
como era comum na época, as crianças muitas vezes começavam a trabalhar cedo
para ajudar no sustento do lar.
Ainda
jovem, Ned trabalhou na construção civil, uma ocupação comum para meninos de
sua classe social. No entanto, após sofrer um acidente - cujos detalhes não são
amplamente documentados, mas que provavelmente envolveu uma lesão leve - ele
abandonou o setor e passou a ganhar a vida como vendedor de jornais nas
movimentadas ruas de Londres.
Essa
mudança de ofício o colocaria, por acaso, no centro de um dos eventos mais
marcantes do início do século XX. O Naufrágio do Titanic e a Fotografia Icônica
Em 15
de abril de 1912, o RMS Titanic, descrito como o maior e mais luxuoso
transatlântico de sua época, colidiu com um iceberg no Atlântico Norte e
afundou, resultando na morte de mais de 1.500 pessoas.
A
tragédia chocou o mundo, e Londres, sede da White Star Line, empresa
proprietária do navio, tornou-se o epicentro das notícias. No dia seguinte ao
desastre, Ned Parfett, então com apenas 15 anos, foi fotografado em frente aos
escritórios da White Star Line, na Cockspur Street, no coração de Londres.
Ele
segurava um cartaz do jornal Evening News com a manchete, em tradução livre:
"Desastre do Titanic - Grande Perda de Vidas". A imagem, capturada
por um fotógrafo desconhecido, mostra um jovem de aparência determinada, com o
uniforme típico de um jornaleiro, anunciando a tragédia para uma multidão
ansiosa por informações.
A
fotografia tornou-se um símbolo duradouro do impacto do naufrágio na sociedade
da época, ilustrando como a notícia se espalhou pelas ruas. O trabalho de Ned
como vendedor de jornais era árduo, exigindo longas horas nas ruas, muitas
vezes em condições adversas, para atrair clientes com gritos que destacavam as
manchetes do dia.
Sua
presença na fotografia reflete não apenas o papel dos jornaleiros na
disseminação de notícias, mas também a curiosidade pública sobre o Titanic, um
evento que abalou as noções de progresso e invencibilidade tecnológica da era
eduardiana.
Primeira Guerra Mundial
Com a
eclosão da Primeira Guerra Mundial em 1914, a vida de Ned, como a de muitos
jovens de sua geração, foi profundamente transformada. Embora tivesse apenas 18
anos no início do conflito, ele se alistou no Exército Britânico em 1916, ingressando
na Artilharia de Campo Real (Royal Field Artillery).
Sua
decisão de se alistar pode ter sido motivada tanto pelo patriotismo fervoroso
da época quanto pela pressão social para que jovens se juntassem ao esforço de
guerra.
Na
Artilharia Real, Ned inicialmente atuou como piloto de expedição, responsável
por transportar mensagens e suprimentos em condições perigosas no front
ocidental.
Mais
tarde, foi transferido para tarefas de reconhecimento, uma função que exigia
coragem e agilidade, já que envolvia explorar áreas sob fogo inimigo para
coletar informações estratégicas.
Sua
conduta exemplar no campo de batalha lhe rendeu reconhecimento: ele foi
condecorado com a Medalha Militar do Reino Unido, uma honraria concedida por
atos de bravura.
Os
despachos militares destacavam a dedicação de Ned. Um oficial que o
supervisionava escreveu sobre sua coragem, mencionando que ele frequentemente
acompanhava missões sob intensos bombardeios, demonstrando confiabilidade e
sangue-frio em situações de extremo perigo.
Morte Trágica
Em 29
de outubro de 1918, a apenas duas semanas do armistício que encerrou a Primeira
Guerra Mundial, Ned Parfett enfrentou um destino cruel. Ele estava na cidade de
Valenciennes, na França, prestes a entrar de licença para retornar ao Reino Unido.
Decidiu,
então, visitar uma loja para comprar roupas novas, provavelmente em antecipação
ao regresso para casa. Tragicamente, enquanto estava no estabelecimento, um
projétil de artilharia alemã atingiu o local. Ned, aos 22 anos, foi uma das
vítimas do ataque e morreu instantaneamente.
Após
sua morte, o oficial que o recomendara para tarefas de reconhecimento escreveu
uma carta comovente a um dos irmãos de Ned:
"Em
muitas ocasiões, ele me acompanhou durante bombardeios severos, sempre
depositei a maior confiança possível nele. Sua coragem e dedicação eram
notáveis, e sua perda é profundamente sentida."
Ned foi
sepultado no Cemitério de Guerra Britânico em Verchain-Maugré, na França, um
dos muitos campos de descanso para soldados aliados que perderam a vida no
conflito. Sua morte, tão próxima do fim da guerra, é um lembrete da brutalidade
e do acaso que marcaram o destino de muitos jovens durante o período.
Legado
A
história de Ned Parfett é um retrato da vida de um jovem comum que, por
circunstâncias extraordinárias, tornou-se parte da história. A fotografia do
Titanic, capturada em um momento fugaz de sua adolescência, imortalizou-o como
um símbolo da tragédia que abalou o mundo.
Sua
bravura na Primeira Guerra Mundial, por outro lado, reflete o sacrifício de uma
geração marcada pelo conflito. Embora Ned tenha vivido apenas 22 anos, sua
trajetória encapsula os desafios e as tragédias de sua era.
Ele é
lembrado não apenas pela imagem icônica de 1912, mas também como um jovem que
enfrentou adversidades com determinação, desde as ruas de Londres até os campos
de batalha da França. Sua história permanece como um testemunho da resiliência
humana em tempos de crise.
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