A civilização hitita foi
umas das maiores da antiguidade. Em 1900 a.C., eles começaram a se estabelecer
na região que hoje compreende a Turquia. Sua capital era a cidade de Hattusa,
localizada na Ásia Central. No fim do império, Hattusa foi invadida, saqueada e
queimada.
Os hititas são citados
diversas vezes na Bíblia e muitos deles viveram na terra de Canaã durante o
tempo dos patriarcas. Com o passar do tempo, os hititas se tornaram poderosos o
bastante para invadir a Babilônia. Seu poder continuou a se expandir até que se
tornassem uma superpotência no mesmo nível do Egito e da Assíria.
No passado, alguns críticos
acreditavam que os hititas eram uma invenção dos autores bíblicos, que nunca
existiram de verdade. Hoje, contudo, está bem fundamentada sua existência na
história.
Arqueólogos conduziam
escavações em Bogazkale, na época do Império Otomano (atualmente Turquia) e
descobriram as ruínas de Hattusa, a capital dos hititas. Lá foram encontradas
cerca de 10 mil tábuas de arquivos reais do reino hitita.
Os hititas eram
um povo indo-europeu que, no II milénio a.C., fundou um poderoso
império na Anatólia central (atual Turquia), cuja queda data
dos séculos XIII-XII a.C. Na sua extensão máxima, o Império Hitita
compreendia a Anatólia, atualmente parte da Turquia e regiões do Líbano e
Síria.
História
Chamavam-se
a si próprios Hati (Hatti) e a sua capital era Hatusa (ou Hatuxa). Os
registros em baixo relevo e relatos da época descreviam os hititas como homens
fortes, de estatura baixa, com barbas e cabelos longos e cerrados,
possivelmente usados como proteção para o pescoço.
Os
cavalos eram venerados como animais nobres. Os encarregados de cuidar dos
cavalos assumiam notoriedade na sociedade hitita. Estima-se que os hititas
indo-europeus tenham entrado na Ásia Menor por volta do século XX
a.C., passando pela região do Cáucaso.
O seu
Império formou, junto com o Novo Reino do Egito, a Babilônia da dinastia
cassita e a Grécia micênica o quarteto das grandes potências
dos séculos XIV-XIII a.C.
Tal
como os antigos egípcios, seus contemporâneos, detinham uma escrita hieroglífica.
Sua principal arma eram os temidos carros de guerra com capacidade para
três pessoas (um condutor e dois guerreiros, geralmente um deles utilizando um
arco), uma inovação frente aos carros de guerra de 2 pessoas utilizados
tradicionalmente por seus vizinhos.
A
batalha de Cadexe é o evento mais famoso da história hitita, quando o
príncipe Hatusil III, tio do rei Muatal II atacou de assalto o exército de
Ramessés II do Egito nas proximidades da cidade de Cadexe.
A
dramática batalha (segundo relatos egípcios, o próprio faraó precisou usar a
espada para salvar sua vida) terminou sem vencedores, mas ambos os lados
reivindicaram a vitória. A batalha é ricamente detalhada em escrituras egípcias
e a descoberta dos sítios hititas na Turquia confirmou o triunfo hitita sobre o
Egito.
Depois
da Batalha de Cadexe, os hititas envolveram-se em uma guerra civil que
esfacelou o Império. Logo após a guerra, os hititas incendiaram Hatusa e
fugiram para uma região desconhecida.
Até
hoje não se sabe qual foi o destino dos hititas. O imo do poderio hitita,
bem como seu brio, havia sido deixado de lado quando as cidades mais poderosas
de seu império foram devastadas em guerras civis e abandonadas por seu próprio
povo. Sem suas capitais bélicas, o restante do império foi devastado por indo-europeus,
conhecidos como Povos do Mar.
Os
hititas também venceram outras batalhas importantes e eram grandes inimigos dos
gregos. Durante o apogeu do Império, saquearam a cidade-estado da Babilônia,
arrebataram cidades dos hurritas e também Alepo, do Egito.
Na Ásia
Menor, não havia povo tão evoluído quanto os hititas, que assimilaram tudo dos
antigos povos que ali viviam, conhecidos como seus ancestrais, os hatis, bem
como mantinham grande comunhão com Tróia, cidade que, segundo alguns estudiosos,
pagava na época tributo à suserania hitita.
Leis
As leis
hititas não incluíam as crueldades mutiladoras do antigo código babilônico, nem
do mais recente, assírio. Evidentemente, o desafio à autoridade real recebia
uma punição draconiana: a casa do infrator era "reduzida a um monte de
pedras" e o criminoso, apedrejado até a morte, junto com a família.
Fora
disso, a pena de morte era obrigatória apenas para o bestialismo e o estupro,
em relação ao qual se fazia uma estranha distinção entre atacar uma mulher
casada "nas montanhas", que era um crime capital, ou na casa dela.
Neste
último caso, se ninguém ouvisse a mulher gritar por ajuda, ela seria condenada
à morte, talvez com base na teoria de que ela estaria voluntariamente cometendo
adultério.
Responsabilidades do rei
O rei
hitita era visto como agente dos deuses na terra, tendo seu poder sido delegado
pelo Deus da Tempestade (o mais alto na hierarquia da religião hitita). Desse
modo, o rei estava na interseção entre o humano e o divino.
A sua
posição envolvia uma série de responsabilidades, que podem ser divididas em
militares, judiciais e religiosas. Judicialmente o rei delegava para o Deus Sol
como o supremo juiz, pessoalmente julgando disputas entre governantes vassalos e
em recursos contra julgamentos de um tribunal inferior.
Militarmente
o rei era o comandante e chefe dos exércitos hititas e
frequentemente os liderava nas batalhas. Religiosamente, o rei era o sumo
sacerdote de todas as divindades, mais notavelmente da Deusa do Sol de
Arinna.
Apesar
de delegar muitas dessas funções a outros, duas vezes por ano, na primavera e
outono, ele dirigia os rituais religiosos das divindades locais das cidades do
coração do Reino de Hatti. Os reis hititas evitavam não comparecer a esses
rituais, pois isso poderia irritar alguma divindade e levar a punições para o
próprio rei e seu reino.
Os Hititas e a Bíblia
Os
hititas são mencionados na Bíblia em diversas passagens, com algumas
traduções da Bíblia usando a denominação heteus. São listados no livro de
Gênesis 10,15 (a tabela das nações) como a segunda das doze nações
cananeias, descendentes de Hete.
Eles
são mencionados várias vezes como vivendo em ou próximo a Canaã, desde o tempo
de Abraão (estimado entre 2 000 a.C. e 1 500
a.C.) até o tempo de Esdras após o retorno do cativeiro babilônico (cerca
de 450 a.C.).
Os
hititas são contados desse modo entre os Cananeus. São descritos geralmente
como pessoas que viveram entre os Israelitas, mas que tinham seus próprios reis
e território, e eram suficientemente poderosos para pôr um exército sírio em
fuga segundo o registro bíblico. Urias, marido de Betsabá, era hitita segundo a
Bíblia (Segundo Livro de Samuel).
Arqueologia
Até
fins do século XIX, tudo quanto se sabia sobre os hititas provinha de
pequenas referências na Odisseia, onde são chamados de khetas, e de
algumas passagens do Velho Testamento.
Ainda
assim, desconhecia-se que essas referências aludiam a um mesmo povo. A
descoberta das primeiras ruínas misteriosas, hoje atribuídas aos hititas, na Turquia,
ocorrida em 1839, não sensibilizou a comunidade científica.
Quando
o arqueólogo, Henry Sayce, afirmou em 1880 que os heteus do Antigo
Testamento eram o mesmo povo que deixou diversos rastros na região da Ásia
Menor, a comunidade acadêmica recebeu suas afirmações com descrédito,
alcunhando-o de "o inventor dos hititas".
A confirmação
da teoria de Sayce veio por meio dos esforços de um arqueólogo alemão, Hugo
Winckler (1863–1913), cujas escavações em Boghazkoy, trouxeram à luz cerca
de 10 000 tabletes em escrita cuneiforme, pertencentes aos arquivos dos reis de
Hati.
As
primeiras informações mais claras sobre a história hitita somente foram
disponibilizadas por volta da primeira década do século XX e a
decifração dos seus hieróglifos ocorreu por volta de 1946. Após a morte
prematura de Winckler, em 1913, a Sociedade Germânica Oriental confiou a
publicação dos arquivos hititas a um grupo de assiriologistas.
Um
deles, o Professor Bedrich Hrozny, foi o autor da primeira gramática hitita e
estabeleceu o caráter indo-europeu da estrutura da língua. Coube também a ele
traduzir e publicar as duas coletâneas de leis hititas, que tantos
esclarecimentos trouxeram sobre a cultura desse povo.