Na
mitologia grega, Cassandra, por vezes também referida como Alexandra, é
uma profetisa do deus Apolo que possuía o dom de anunciar profecias nas
quais ninguém acreditava, sendo por isso considerada louca.
Filha
dos reis de Tróia, Priamo e Hécuba, Cassandra tinha 18 irmãos, entre os quais Heitor,
Páris e Polixena. A versão mais comum do mito é a que nos é relatada na
tragédia Agamémnon, de Ésquilo.
De
acordo com o Poeta, o deus Apolo, tendo-se apaixonado pela princesa,
considerada a mais bela das filhas de Príamo, oferecera-lhe o dom da profecia
em troca do seu amor.
Tendo
aceite a proposta, a princesa troiana recebera o dom, mas ter-se-ia depois
recusado a cumprir com a sua parte do acordo, pelo que Apolo retira-lhe o dom
da persuasão, fazendo com que ninguém acreditasse nas suas profecias.
Outra
versão do mito conta que pelo nascimento de Cassandra e do seu irmão gêmeo,
Heleno, os pais teriam dado uma festa no templo de Apolo e ter-se-iam esquecido
lá das crianças.
No dia
seguinte, quando voltaram para as buscar, tê-las-iam encontrado dormindo
enquanto serpentes passavam as suas línguas pelos seus ouvidos. Mais tarde, tanto
Cassandra como Heleno revelaram dons proféticos.
Cassandra
torna-se uma figura importante no que diz respeito à Guerra de Tróia, pois
profetizou o que iria acontecer caso os troianos levassem o cavalo de madeira para
dentro das muralhas, não tendo ninguém acreditado nela, apesar dos seus avisos.
Consequentemente, Troia é vencida e destruída pelos gregos.
Arctino
de Mileto, em Iliupersis, relata que quando a cidade foi tomada pelos
gregos, Cassandra refugiou-se no templo da deusa Atena de onde foi
retirada com violência por Ajax, que chegou a derrubar a estátua da deusa que
Cassandra agarrava entre os braços. Licofron, no seu poema Alexandra,
acrescenta que Cassandra chegou mesmo a ser violada.
Por
terem deixado Ájax sem castigo por este ato, os gregos irão sofrer grandes e
graves tormentas no seu longo regresso a casa, como nos relata Eurípedes na
sua tragédia As Troianas.
Após a
queda de Tróia, Cassandra foi entregue ao rei dos gregos, Agamémnon, como
despojo de guerra, tendo sido levada para Argos onde ambos encontrarão a morte
às mãos da mulher do rei, Clitemnestra, o que, aliás, tinha sido já previsto
por Cassandra na tragédia As Troianas, de Eurípides. O episódio da sua
morte é relatado na tragédia Agamémnon, de Ésquilo.
Há
ainda relatos de que Cassandra e Agamémnon teriam tido dois filhos, os gêmeos
Telédamo e Pélops.
Complexo
de Cassandra
Em
psicologia e psicanálise, o complexo de Cassandra, também chamado de síndrome
de Cassandra ou maldição de Cassandra ocorre quando várias predições,
profecias, avisos e coisas do tipo são tomadas como falsas ou desacreditadas
veementemente.
O termo
se origina na mitologia grega: Cassandra, filha de Priamo, rei de Troia,
conquista a paixão de Apolo, que lhe dá o dom da profecia, porém, quando o deus
percebe que a jovem não corresponde a seus sentimentos amorosos, a amaldiçoa,
fazendo com que todas as suas profecias, avisos e predições sejam tidas pelos
demais como mentiras, impossibilitando-a também de comprovar a validez de suas
visões.
Portanto,
o complexo de Cassandra se aplica a pessoas que, apesar de estarem dizendo a
verdade, são tomadas como mentirosas, ou quando uma pessoa, visando o melhor,
avisa e dá conselhos, mas têm seus conselhos ignorados.
Pode-se
aplicar também o termo a pessoas que sentem constantemente que serão tidas como
mentirosas. Mesmo sendo um termo psicológico, isto não se trata de uma doença
psicológica em si, apenas situações cotidianas.
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