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domingo, dezembro 01, 2024

Cassandra de Tróia


 

Na mitologia grega, Cassandra, por vezes também referida como Alexandra, é uma profetisa do deus Apolo que possuía o dom de anunciar profecias nas quais ninguém acreditava, sendo por isso considerada louca.

Filha dos reis de Tróia, Priamo e Hécuba, Cassandra tinha 18 irmãos, entre os quais Heitor, Páris e Polixena. A versão mais comum do mito é a que nos é relatada na tragédia Agamémnon, de Ésquilo.

De acordo com o Poeta, o deus Apolo, tendo-se apaixonado pela princesa, considerada a mais bela das filhas de Príamo, oferecera-lhe o dom da profecia em troca do seu amor.

Tendo aceite a proposta, a princesa troiana recebera o dom, mas ter-se-ia depois recusado a cumprir com a sua parte do acordo, pelo que Apolo retira-lhe o dom da persuasão, fazendo com que ninguém acreditasse nas suas profecias.

Outra versão do mito conta que pelo nascimento de Cassandra e do seu irmão gêmeo, Heleno, os pais teriam dado uma festa no templo de Apolo e ter-se-iam esquecido lá das crianças.

No dia seguinte, quando voltaram para as buscar, tê-las-iam encontrado dormindo enquanto serpentes passavam as suas línguas pelos seus ouvidos. Mais tarde, tanto Cassandra como Heleno revelaram dons proféticos.

Cassandra torna-se uma figura importante no que diz respeito à Guerra de Tróia, pois profetizou o que iria acontecer caso os troianos levassem o cavalo de madeira para dentro das muralhas, não tendo ninguém acreditado nela, apesar dos seus avisos. Consequentemente, Troia é vencida e destruída pelos gregos.

Arctino de Mileto, em Iliupersis, relata que quando a cidade foi tomada pelos gregos, Cassandra refugiou-se no templo da deusa Atena de onde foi retirada com violência por Ajax, que chegou a derrubar a estátua da deusa que Cassandra agarrava entre os braços. Licofron, no seu poema Alexandra, acrescenta que Cassandra chegou mesmo a ser violada.

Por terem deixado Ájax sem castigo por este ato, os gregos irão sofrer grandes e graves tormentas no seu longo regresso a casa, como nos relata Eurípedes na sua tragédia As Troianas.

Após a queda de Tróia, Cassandra foi entregue ao rei dos gregos, Agamémnon, como despojo de guerra, tendo sido levada para Argos onde ambos encontrarão a morte às mãos da mulher do rei, Clitemnestra, o que, aliás, tinha sido já previsto por Cassandra na tragédia As Troianas, de Eurípides. O episódio da sua morte é relatado na tragédia Agamémnon, de Ésquilo.

Há ainda relatos de que Cassandra e Agamémnon teriam tido dois filhos, os gêmeos Telédamo e Pélops.

Complexo de Cassandra

Em psicologia e psicanálise, o complexo de Cassandra, também chamado de síndrome de Cassandra ou maldição de Cassandra ocorre quando várias predições, profecias, avisos e coisas do tipo são tomadas como falsas ou desacreditadas veementemente.

O termo se origina na mitologia grega: Cassandra, filha de Priamo, rei de Troia, conquista a paixão de Apolo, que lhe dá o dom da profecia, porém, quando o deus percebe que a jovem não corresponde a seus sentimentos amorosos, a amaldiçoa, fazendo com que todas as suas profecias, avisos e predições sejam tidas pelos demais como mentiras, impossibilitando-a também de comprovar a validez de suas visões.

Portanto, o complexo de Cassandra se aplica a pessoas que, apesar de estarem dizendo a verdade, são tomadas como mentirosas, ou quando uma pessoa, visando o melhor, avisa e dá conselhos, mas têm seus conselhos ignorados.

Pode-se aplicar também o termo a pessoas que sentem constantemente que serão tidas como mentirosas. Mesmo sendo um termo psicológico, isto não se trata de uma doença psicológica em si, apenas situações cotidianas.


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