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segunda-feira, agosto 12, 2024

Flávio Josefo



Flávio Josefo: O Historiador Judaico-Romano e Sua Obra

Flávio Josefo, também conhecido pelo seu nome hebraico Yosef ben Mattityahu ("José, filho de Matias") e, após tornar-se cidadão romano, como Tito Flávio Josefo, foi uma figura central na historiografia do judaísmo do século I.

Nascido por volta de 37 d.C. em Jerusalém, Josefo era descendente de uma linhagem de sacerdotes e, por parte de sua mãe, da dinastia real dos Asmoneus.

Ele é mais conhecido por registrar in loco os eventos da Primeira Guerra Judaico-Romana (66-73 d.C.), incluindo a destruição de Jerusalém e do Segundo Templo em 70 d.C. pelas tropas romanas lideradas pelo general Vespasiano e seu filho Tito, ambos futuros imperadores.

Suas obras oferecem um panorama valioso do judaísmo no século I, da revolta judaica contra Roma e do contexto que marcou a separação definitiva do cristianismo do judaísmo.

Biografia e Contexto Histórico

As principais informações sobre a vida de Josefo provêm de sua autobiografia, Vida de Flávio Josefo. Ele nasceu em uma família de sacerdotes em Jerusalém e recebeu uma educação rigorosa na Torá e nas tradições judaicas.

Aos 13 anos, começou a estudar as principais seitas judaicas da época - saduceus, fariseus e essênios - e, aos 19 anos, optou por aderir ao farisaísmo, que enfatizava a observância da Lei e a crença na ressurreição dos mortos.

Josefo também menciona os zelotes, a quem atribui a responsabilidade por incitar a revolta contra Roma, que culminou na destruição de Jerusalém. Em 64 d.C., aos 26 anos, Josefo viajou a Roma como parte de uma embaixada para negociar a libertação de sacerdotes judeus presos pelo procurador romano Marco Antônio Félix.

Com a ajuda de Popeia Sabina, esposa do imperador Nero, ele obteve sucesso nessa missão. Ao retornar à Judeia, encontrou Jerusalém à beira de uma revolta contra o domínio romano, agravada por tensões religiosas, políticas e sociais.

Josefo tentou dissuadir os líderes rebeldes, mas seus esforços foram em vão. Em 66 d.C., os revoltosos tomaram a Fortaleza Antônia, marcando o início da Primeira Guerra Judaico-Romana.

Para evitar ser acusado de simpatizar com os romanos, Josefo buscou refúgio no Templo de Jerusalém. Após a morte de líderes rebeldes como Manaém, ele se aliou aos sacerdotes do Sinédrio, que aguardavam reforços romanos para sufocar a revolta.

No entanto, as tropas de Céstio Galo, governador da Síria, foram derrotadas, intensificando o conflito. O Sinédrio então enviou Josefo à Galileia, onde ele foi nomeado governador militar da província.

Lá, fortificou cidades como Jotapata, mas enfrentou resistência de grupos extremistas, especialmente os liderados por João de Giscala, que o acusavam de ser conciliador com Roma. Em 67 d.C., as forças romanas de Vespasiano invadiram a Galileia e tomaram Jotapata após um cerco prolongado.

Josefo, junto com 40 homens, escondeu-se em uma cisterna. Quando descobertos, os romanos ofereceram rendição em troca de suas vidas. Josefo propôs um método de suicídio coletivo, conhecido hoje como o "problema de Josefo" ou "Roleta Romana", no qual os homens tirariam a sorte para se matar em sequência.

Por estratégia ou sorte, Josefo e outro sobrevivente permaneceram vivos e se renderam às forças de Vespasiano em julho de 67 d.C., tornando-se prisioneiros de guerra. Durante seu cativeiro, Josefo ganhou a confiança de Vespasiano ao profetizar que ele se tornaria imperador.

Quando a profecia se cumpriu em 69 d.C., Josefo foi libertado e adotou o nome Flávio em homenagem a seu patrono. Durante o cerco de Jerusalém em 70 d.C., ele atuou como mediador entre os romanos e os rebeldes judeus, tentando negociar a rendição para evitar a destruição da cidade.

Após a queda de Jerusalém, Josefo foi bem recebido pelos romanos, recebendo cidadania, uma pensão e terras confiscadas na Judeia. Em 71 d.C., acompanhou Tito a Roma, onde viveu como cliente da dinastia flaviana (Vespasiano, Tito e Domiciano) e escreveu suas obras sob seu patronato.

A vida pessoal de Josefo foi marcada por casamentos conturbados. Sua primeira esposa morreu durante o cerco de Jerusalém, junto com seus pais. Vespasiano arranjou-lhe um segundo casamento com uma prisioneira judia, que o abandonou.

Por volta de 70 d.C., Josefo casou-se com uma judia de Alexandria, com quem teve três filhos, dos quais apenas Flávio Hircano sobreviveu à infância. Após se divorciar, casou-se pela quarta vez com uma judia de Creta, com quem teve dois filhos, Flávio Justo e Flávio Simônides Agripa.

Obras Principais

As obras de Josefo são fontes inestimáveis para o estudo do judaísmo, da revolta contra Roma e do contexto histórico do século I. Suas principais obras são:

A Guerra dos Judeus (c. 75 d.C.): Escrita em grego, mas baseada em um relato anterior em aramaico destinado à comunidade judaica da Mesopotâmia, esta obra narra a Primeira Guerra Judaico-Romana (66-73 d.C.), com foco na revolta, no cerco de Jerusalém e na destruição do Segundo Templo.

Josefo baseou-se em suas experiências como governador militar e prisioneiro, além de registros romanos e judaicos. A obra é uma fonte primária essencial para entender o conflito e as tensões entre judeus e romanos.

Antiguidades Judaicas (c. 94 d.C.): Esta obra monumental, também escrita em grego, traça a história do povo judeu desde a criação, conforme narrada no Gênesis, até o início da revolta contra Roma.

Josefo buscou apresentar o judaísmo como uma tradição antiga e respeitável aos leitores greco-romanos. O livro contém o controverso Testimonium Flavianum, um trecho que menciona Jesus de Nazaré, mas cuja autenticidade é debatida por estudiosos.

Contra Apião (c. 97 d.C.): Uma defesa do judaísmo contra acusações antissemitas, especialmente as do gramático Apião e mitos propagados por autores como Manetão.

Josefo argumenta que o judaísmo é uma religião e filosofia clássica, compatível com a cultura greco-romana, e refuta alegações de práticas bárbaras atribuídas aos judeus.

Vida de Flávio Josefo (c. 99 d.C.): Sua autobiografia, escrita para responder às críticas de Justo de Tiberíades, um adversário que o acusava de traição e má conduta durante a guerra. A obra é valiosa, mas contém lacunas e omissões, o que reflete a tentativa de Josefo de justificar suas ações controversas.

Controvérsias e o Papel de Josefo

A vida de Josefo é marcada por ambiguidades que geram debates até hoje. Ele foi acusado por contemporâneos e historiadores posteriores de traição por não ter se suicidado com seus companheiros em Jotapata e por colaborar com os romanos durante o cerco de Jerusalém.

Críticos o veem como um oportunista que abandonou seu povo em troca de favores romanos, apontando suas obras como propaganda flaviana ou uma tentativa de reabilitar sua reputação.

No entanto, uma reavaliação moderna sugere que Josefo agiu pragmaticamente em um contexto de guerra devastadora. Comparado a líderes zelotes como Simão bar Giora e João de Giscala, que resistiram até o fim e foram capturados ou mortos, Josefo optou pela sobrevivência, acreditando que poderia preservar a memória e a cultura judaica por meio de suas obras.

Enquanto os zelotes contribuíram para a destruição de Jerusalém ao rejeitar negociações, Josefo tentou evitar o banho de sangue, embora sem sucesso. Além disso, Josefo foi um apologista eficaz do judaísmo no mundo romano. Ele apresentou os judeus como um povo civilizado, devoto e filosófico, desafiando estereótipos antissemitas.

Suas obras influenciaram tanto leitores pagãos quanto cristãos, e Eusébio de Cesareia, no século IV, relata que uma estátua em sua homenagem foi erguida em Roma.

No século XIX, A Guerra dos Judeus era amplamente lida na Europa, especialmente em famílias escocesas e inglesas, como observa o escritor Alberto Manguel.

Josefo e a Ausência de Menções a Jesus

Um ponto frequentemente debatido é a escassez de referências a Jesus de Nazaré nas obras de Josefo, especialmente considerando que ele viveu na mesma época e região em que Jesus foi crucificado (por volta de 30-33 d.C.).

A principal menção a Jesus aparece no Testimonium Flavianum (Antiguidades Judaicas, Livro 18, Capítulo 3), onde Josefo supostamente descreve Jesus como um "homem sábio", que realizou "feitos surpreendentes" e foi crucificado sob Pôncio Pilatos, sendo reconhecido como o Messias por seus seguidores.

No entanto, a autenticidade desse trecho é amplamente contestada. Muitos estudiosos acreditam que o Testimonium Flavianum é uma interpolação cristã posterior, inserida por copistas medievais para reforçar a narrativa cristã.

O texto, em sua forma atual, contém linguagem laudatória que não se alinha com o estilo de Josefo ou com sua perspectiva judaica, que não reconhecia Jesus como o Messias.

Alguns defendem que o trecho original pode ter contido uma menção neutra a Jesus, mas foi alterado para refletir crenças cristãs. Outra referência, no Livro 20 das Antiguidades Judaicas, menciona a execução de "Tiago, o irmão de Jesus, chamado Cristo", e é considerada mais autêntica, mas ainda assim breve. A ausência de menções mais detalhadas a Jesus nas obras de Josefo pode ser explicada por vários fatores:

Contexto Histórico: Josefo escreveu para um público romano e judaico, focando em eventos de grande escala, como a revolta contra Roma e a história do povo judeu.

O movimento cristão, nos anos 60-70 d.C., ainda era pequeno e marginal, não representando uma força política ou social significativa na Judeia. Assim, Jesus e seus seguidores podem não ter sido vistos como relevantes para os propósitos de Josefo.

Objetivos Literários: Como apologista do judaísmo, Josefo buscava enfatizar a antiguidade e a respeitabilidade de sua cultura, evitando temas que pudessem dividir seu público ou desviar o foco. Menções a Jesus, que era controverso entre judeus e ainda não amplamente conhecido entre romanos, poderiam comprometer esse objetivo.

Prática da Crucificação: A crucificação era um método comum de execução no Império Romano, especialmente para rebeldes e criminosos. Embora os evangelhos cristãos descrevam Jesus como uma figura de impacto, com milagres e ensinamentos, essas narrativas podem não ter sido amplamente conhecidas ou aceitas na Judeia de Josefo, especialmente entre as elites sacerdotais a que ele pertencia.

Censura ou Perda de Textos: É possível que Josefo tenha mencionado Jesus em outros trechos que foram perdidos ou censurados, especialmente considerando que suas obras foram preservadas por copistas cristãos, que podem ter alterado ou suprimido passagens.

Perspectiva Judaica: Como fariseu, Josefo provavelmente não via Jesus como uma figura central para o judaísmo. Os fariseus, em geral, rejeitavam os movimentos messiânicos, e Josefo pode ter considerado o cristianismo nascente como uma seita menor, irrelevante em comparação com os zelotes ou outras facções judaicas.

Apesar da ausência de menções detalhadas, o Testimonium Flavianum, mesmo se parcialmente autêntico, sugere que Josefo tinha algum conhecimento de Jesus.

A falta de ênfase em sua figura pode refletir tanto a escala limitada do cristianismo na época quanto as prioridades de Josefo como historiador e apologista.

Legado

Flávio Josefo permanece uma figura complexa: para alguns, um traidor que se aliou aos romanos; para outros, um pragmático que preservou a história e a cultura judaica em um momento de crise.

Suas obras continuam sendo fontes indispensáveis para historiadores, oferecendo insights sobre o judaísmo, a política romana e o contexto do cristianismo primitivo.

Embora suas ações durante a guerra sejam controversas, seu papel como mediador cultural entre o judaísmo e o mundo greco-romano é inegável, tornando-o uma ponte entre dois mundos em conflito.

Eloísa Mafalda - Dona Pombinha Abelha em Roque Santeiro.

Eloísa Mafalda - Dona Pombinha Abelha em Roque Santeiro.

Eloísa Mafalda: Uma Vida de Talento e Carisma

Eloísa Mafalda, nome artístico de Mafalda Theotto, nasceu em 18 de setembro de 1924, na cidade de Jundiaí, interior de São Paulo. Neta de imigrantes italianos, a atriz brasileira deixou um legado marcante na televisão, no rádio e, em menor escala, no cinema e no teatro, com uma carreira que atravessou décadas e conquistou gerações de espectadores.

Infância e Primeiros Desafios

Filha de uma família humilde, Mafalda cresceu em um ambiente de simplicidade, mas repleto de afeto. Brincalhona por natureza, ela mesma dizia, com seu característico bom humor: “Eu era infeliz e não sabia”.

As dificuldades financeiras de sua família eram enfrentadas com resiliência, e Mafalda sempre destacou que, apesar das adversidades, seu maior desejo era encontrar a felicidade nas pequenas coisas.

Em 1940, a separação dos pais trouxe mudanças significativas. Para ajudar no sustento do lar, seu irmão, Oliveira Neto, começou a trabalhar como locutor nas rádios Tupi e Difusora, em São Paulo.

Mafalda, por sua vez, encontrou na costura uma forma de contribuir com a família, trabalhando como costureira. Sua determinação e espírito alegre, no entanto, a levariam por caminhos inesperados.

Aos 12 anos, Mafalda quase marcou presença nos Jogos Olímpicos de 1936, como nadadora. Apesar de seu talento no esporte, seu pai não permitiu a participação, uma decisão que, embora frustrante na época, acabou direcionando-a para outro destino: as artes cênicas.

O Início de uma Carreira Inesperada

A trajetória artística de Eloísa Mafalda começou por acaso, como ela mesma gostava de contar. Após se mudar para São Paulo, conseguiu um emprego como auxiliar de escritório nas Emissoras Associadas.

Lá, conheceu Alice Waldvoguel, uma alemã que se tornou sua mentora, ensinando-lhe os fundamentos da arte cênica e da interpretação. Esse encontro foi decisivo para despertar seu interesse pela atuação.

O verdadeiro pontapé inicial veio por influência de seu irmão, Oliveira Neto, que já trabalhava na Tupi-Tamoio, no Rio de Janeiro. Ele incentivou Mafalda a fazer um teste para um radioteatro, e ela foi aprovada com facilidade.

Foi nesse momento que decidiu adotar o nome artístico Eloísa Mafalda, que considerava mais sonoro e marcante do que apenas seu primeiro nome. Assim, começou a atuar em radionovelas na prestigiada Rádio Nacional, onde sua voz cativante e talento natural rapidamente chamaram a atenção.

O Sucesso na Televisão

Com o surgimento da televisão no Brasil, Eloísa Mafalda fez a transição para o novo meio. Sua estreia foi na TV Paulista, onde atuou até o encerramento das atividades da emissora, que foi adquirida pela TV Globo.

Na Globo, sua carreira decolou, e ela se tornou uma das atrizes mais queridas do público brasileiro, conhecida por sua versatilidade e carisma. Entre seus papéis mais memoráveis estão Dona Nenê, na primeira versão de A Grande Família (1972-1975), que marcou época com sua interpretação de uma mãe de família dedicada e carinhosa.

Em Gabriela (1975), deu vida à Maria Machadão, uma personagem forte e carismática. Outros destaques incluem Dona Mariana, em Paraíso (1982), Gioconda Pontes, em Pedra sobre Pedra (1992), e Manuela, em Mulheres de Areia (1993).

No entanto, um de seus maiores sucessos foi Dona Pombinha Abelha, em Roque Santeiro (1985), uma personagem que se tornou icônica por sua mistura de humor, sabedoria e ternura.

Sobre sua trajetória, Eloísa dizia com humildade: “Tudo aconteceu por acaso. Eu não queria ser atriz. Foi tudo uma brincadeira”. Essa espontaneidade era parte de seu charme, refletida tanto em suas atuações quanto em sua personalidade.

Cinema e Teatro

Embora a televisão tenha sido o principal palco de sua carreira, Eloísa Mafalda também deixou sua marca no cinema e no teatro. Sua estreia nas telonas ocorreu em 1950, no filme Somos Dois.

No teatro, participou de uma adaptação de O Morro dos Ventos Uivantes (Wuthering Heights), em 1965. Apesar de atuações marcantes, ela dedicou menos tempo a essas áreas, concentrando-se principalmente na televisão, onde seu talento encontrou maior alcance.

Vida Pessoal

Eloísa Mafalda foi casada com Miguel Teixeira por três anos, com quem teve dois filhos: Marcos e Mirian. Após o divórcio, optou por não se casar novamente, embora tenha tido outros relacionamentos ao longo da vida.

Mãe dedicada, ela também era avó de dois netos e bisavó de dois bisnetos, com quem mantinha uma relação afetuosa. Nos últimos anos, enfrentou desafios de saúde, incluindo sequelas de uma fratura no fêmur causada por uma queda em casa e problemas de memória decorrentes do Alzheimer.

Mesmo assim, manteve sua essência alegre e receptiva, sempre relembrando com carinho sua carreira e os momentos que a marcaram.

Últimos Anos e Legado

Em 2012, Eloísa concedeu uma entrevista ao programa Vídeo Show, da TV Globo, onde relembrou com emoção os personagens que a tornaram uma figura tão querida pelo público.

No mesmo ano, conversou com o blog do autor Aguinaldo Silva, compartilhando histórias de sua trajetória e reforçando sua ligação com os fãs.

Eloísa Mafalda faleceu em 16 de maio de 2018, aos 93 anos, em sua casa em Petrópolis, no Rio de Janeiro, onde vivia com sua filha Mirian. A causa da morte foi insuficiência respiratória. Seu sepultamento foi realizado em Jundiaí, sua cidade natal, em uma cerimônia que reuniu familiares, amigos e admiradores.

Um Legado de Carisma e Versatilidade

Eloísa Mafalda deixou uma marca indelével na história da televisão brasileira. Sua capacidade de transitar entre papéis cômicos e dramáticos, aliada à sua autenticidade, fez dela uma das atrizes mais respeitadas de sua geração. Além de seu talento, sua humildade e senso de humor cativaram todos que a conheceram, seja nas telas ou fora delas.

Como ela mesma dizia, sua carreira pode ter começado por acaso, mas seu sucesso foi fruto de um talento inegável e de uma paixão genuína pela arte de interpretar.

domingo, agosto 11, 2024

Abebe Bikila - Corredor de maratona etíope


Abebe Bikila: O Pioneiro Etíope da Maratona

Abebe Bikila foi um corredor de maratona etíope cuja trajetória marcou a história do atletismo mundial. Ele se tornou o primeiro atleta africano da região subsaariana a conquistar uma medalha de ouro olímpica, alcançando feitos extraordinários que inspiraram gerações.

Bikila venceu a maratona nos Jogos Olímpicos de Verão de 1960, em Roma, correndo descalço, e repetiu o feito nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 1964, consolidando-se como o primeiro atleta a defender com sucesso um título olímpico de maratona.

Nascido em 7 de agosto de 1932, na pequena vila de Jato, na Etiópia, Abebe veio de origens humildes. Filho de um pastor de ovelhas, ele ingressou na Guarda Imperial Etíope, uma divisão de elite responsável pela proteção do Imperador Haile Selassie.

Antes de se destacar no atletismo, Bikila serviu como soldado e alcançou o posto de shambel (capitão), sendo oficialmente conhecido na Etiópia como Shambel Abebe Bikila. Sua disciplina militar e dedicação foram fundamentais para moldar sua carreira esportiva.

O Triunfo em Roma (1960)

A vitória de Abebe nos Jogos Olímpicos de Roma, em 1960, foi um marco histórico. Correndo descalço pelas ruas da capital italiana, ele completou a maratona em 2 horas, 15 minutos e 16,2 segundos, estabelecendo um novo recorde mundial.

A escolha de correr sem sapatos não foi apenas uma questão de preferência; Bikila não encontrou tênis adequados para a prova, decidindo competir como fazia em seus treinos na Etiópia.

Sua vitória, sob os arcos iluminados do Coliseu, simbolizou não apenas um triunfo pessoal, mas também a ascensão da África no cenário esportivo global. Ele cruzou a linha de chegada à frente do marroquino Rhadi Ben Abdesselam, que ficou com a prata, e dedicou a vitória ao seu país.

A Consagração em Tóquio (1964)

Quatro anos depois, em Tóquio, Bikila enfrentou desafios ainda maiores. Apenas seis semanas antes da competição, ele passou por uma cirurgia de apendicite de emergência, o que limitou severamente seu treinamento.

Mesmo assim, demonstrou uma resiliência impressionante. Desta vez, usando tênis, ele completou a maratona em 2 horas, 12 minutos e 11,2 segundos, quebrando novamente o recorde mundial e tornando-se o primeiro atleta a conquistar o ouro olímpico em maratonas consecutivas.

Após cruzar a linha de chegada, Bikila surpreendeu o público ao realizar uma série de exercícios de alongamento, demonstrando que ainda tinha energia de sobra. Sua performance em Tóquio consolidou sua reputação como um dos maiores corredores de longa distância da história.

Legado no Atletismo

Abebe Bikila é reconhecido como um pioneiro que abriu caminho para a dominância da África Oriental no atletismo de longa distância. Atletas como Mamo Wolde, Juma Ikangaa, Tegla Loroupe, Paul Tergat e Haile Gebrselassie, todos premiados com o Prêmio Abebe Bikila do Road Runners Club de Nova York, seguiram seus passos, transformando a região em uma potência global nas corridas de longa distância.

Ao longo de sua carreira, Bikila competiu em 16 maratonas, vencendo 12 delas. Um de seus raros resultados fora do pódio foi o quinto lugar na Maratona de Boston de 1963, uma prova marcada por condições adversas e forte concorrência.

Desafios e Resiliência

A partir de julho de 1967, Bikila começou a sofrer com lesões nas pernas que impactaram sua carreira. Essas lesões o impediram de completar suas duas últimas maratonas, marcando o início de um período difícil.

Em 22 de março de 1969, sua vida mudou drasticamente quando sofreu um acidente de carro em Addis Ababa. O incidente deixou-o tetraplégico, confinando-o a uma cadeira de rodas.

Apesar da tragédia, Bikila demonstrou uma força de espírito inabalável. Ele recuperou parcialmente a mobilidade da parte superior do corpo e, determinado a continuar competindo, voltou-se para novos esportes.

Em 1970, enquanto recebia tratamento médico na Inglaterra, Bikila participou dos Jogos de Stoke Mandeville, em Londres, uma competição precursora dos Jogos Paralímpicos.

Competindo em arco e flecha e tênis de mesa, ele mostrou sua versatilidade e determinação. No ano seguinte, em 1971, na Noruega, venceu uma prova de trenó cross-country para atletas com deficiência, reforçando sua imagem como um símbolo de superação.

Morte e Legado Duradouro

Abebe Bikila faleceu em 25 de outubro de 1973, aos 41 anos, vítima de uma hemorragia cerebral decorrente das sequelas do acidente de carro. Sua morte foi um choque para a Etiópia, e o Imperador Haile Selassie declarou um dia de luto nacional.

Bikila recebeu um funeral de estado, com milhares de pessoas acompanhando o cortejo em Addis Ababa, em reconhecimento à sua contribuição para o orgulho nacional.

O legado de Bikila transcende o esporte. Na Etiópia, ele é lembrado como um herói nacional, com o Estádio Abebe Bikila, em Addis Ababa, e várias escolas, ruas e eventos nomeados em sua homenagem.

Sua história foi retratada em biografias, documentários e filmes, como o premiado The Athlete (2009), que narra sua vida e conquistas. Publicações sobre maratonas e Olimpíadas frequentemente destacam Bikila como uma figura icônica, não apenas pelo seu talento, mas pela sua humildade e espírito resiliente.

Impacto Cultural e Inspiração

A vitória descalça de Bikila em Roma e sua subsequente conquista em Tóquio inspiraram não apenas atletas, mas também comunidades em todo o mundo, especialmente na África.

Ele desafiou estereótipos e provou que a determinação e o talento podem superar barreiras culturais e econômicas. Sua história continua a motivar corredores e a simbolizar a força do espírito humano diante das adversidades.

Abebe Bikila não foi apenas um atleta excepcional; ele foi um embaixador da Etiópia e um pioneiro que abriu portas para futuras gerações de corredores africanos.

Sua vida, marcada por triunfos, desafios e uma resiliência inigualável, permanece como um farol de inspiração para o mundo do esporte e além.

Josef Mengele



Josef Mengele: O Anjo da Morte de Auschwitz

Josef Mengele, conhecido como o "Anjo da Morte", foi um médico e oficial da Schutzstaffel (SS) que ganhou notoriedade por seus experimentos humanos cruéis e desumanos no campo de concentração de Auschwitz durante a Segunda Guerra Mundial.

Nascido em 16 de março de 1911, em Günzburg, na Baviera, Alemanha, Mengele tornou-se um dos símbolos mais sombrios do regime nazista, responsável por atos de extrema crueldade contra prisioneiros, especialmente crianças e gêmeos.

Sua trajetória, marcada por uma ascensão acadêmica, adesão ao nazismo, crimes de guerra e uma fuga bem-sucedida para a América do Sul, reflete tanto sua ambição científica distorcida quanto a impunidade que marcou sua vida após a guerra.

Juventude e Formação Acadêmica

Josef Mengele era o primogênito de Karl e Walburga Mengele, tendo dois irmãos mais novos, Karl Jr. e Alois. Seu pai era um próspero industrial, fundador da Karl Mengele & Sons, uma empresa de máquinas agrícolas, o que proporcionou à família uma vida confortável.

Desde jovem, Mengele demonstrou interesse por música, arte e esqui, além de um desempenho acadêmico sólido. Após concluir o ensino médio em abril de 1930, ele ingressou na Universidade de Munique, onde estudou medicina e filosofia, e posteriormente na Universidade de Frankfurt.

Munique, na época, era o epicentro do Partido Nazista, e o ambiente político influenciou profundamente Mengele. Em 1931, ele se juntou ao Stahlhelm, Bund der Frontsoldaten, uma organização paramilitar nacionalista que, em 1934, foi absorvida pela Sturmabteilung (SA) nazista.

Sua carreira acadêmica avançou rapidamente: em 1935, obteve um doutorado em antropologia pela Universidade de Munique, com uma tese sobre fatores genéticos relacionados a fissuras labiopalatais.

Em 1937, começou a trabalhar como assistente do Dr. Otmar Freiherr von Verschuer no Instituto de Biologia Hereditária e Higiene Racial em Frankfurt, onde aprofundou seu interesse em genética, especialmente em gêmeos.

Em 1938, conquistou um doutorado em medicina, também com distinção, mas ambos os títulos foram posteriormente revogados pelas universidades devido às suas ações criminosas.

Von Verschuer, um renomado geneticista com interesses em eugenia, teve uma influência significativa sobre Mengele, incentivando-o a explorar questões genéticas que, mais tarde, seriam a base de seus experimentos macabros em Auschwitz. Em 1939, Mengele casou-se com Irene Schönbein, com quem teve seu único filho, Rolf, nascido em 1944.

Adesão ao Nazismo e Serviço Militar

Mengele ingressou no Partido Nazista em 1937 e na Schutzstaffel (SS) em 1938, abraçando completamente a ideologia nazista, que combinava antissemitismo, higiene racial, eugenia e expansionismo territorial.

O regime nazista buscava conquistar "espaço vital" (Lebensraum) para o povo alemão, o que incluía a deportação e o extermínio de judeus, eslavos e outros grupos considerados "inferiores".

Em 1938, Mengele passou por treinamento militar básico com a infantaria de montanha e, em junho de 1940, foi convocado para servir na Waffen-SS, o braço militar da SS.

Durante a guerra, Mengele serviu inicialmente como oficial médico em um batalhão de reserva até novembro de 1940. Posteriormente, foi transferido para o Posto Principal de Raça e Reassentamento da SS em Posen, onde avaliava candidatos à "germanização" - um processo de assimilação forçada de indivíduos considerados etnicamente adequados pelo regime.

Em 1941, foi enviado à Ucrânia, onde recebeu a Cruz de Ferro de Segunda Classe por bravura. Em 1942, já na 5ª Divisão Panzergrenadier SS Wiking, resgatou dois soldados de um tanque em chamas, ação que lhe rendeu a Cruz de Ferro de Primeira Classe, o Distintivo de Ferro e a Medalha pelo Cuidado ao Povo Alemão.

Ferido gravemente em Rostov-on-Don em 1942, foi considerado inapto para o combate e transferido para Berlim, onde retomou sua associação com von Verschuer no Instituto Kaiser Wilhelm de Antropologia, Genética Humana e Eugenia. Em abril de 1943, foi promovido a capitão da SS.

Auschwitz: Experimentos e Seleções

Em maio de 1943, incentivado por von Verschuer, Mengele foi transferido para o campo de concentração de Auschwitz, onde viu uma oportunidade única para realizar pesquisas genéticas em seres humanos sem restrições éticas.

Nomeado médico-chefe do Zigeunerfamilienlager (acampamento de ciganos) em Birkenau, sob a supervisão do médico-chefe da SS, Eduard Wirths, Mengele tornou-se uma figura central no sistema de extermínio e experimentação do campo.

Auschwitz-Birkenau, inicialmente projetado para abrigar trabalhadores escravizados, foi convertido em um campo de extermínio a partir de 1941, conforme a "Solução Final" de Hitler para o extermínio dos judeus europeus.

Prisioneiros chegavam em trens de toda a Europa ocupada, e as "seleções" eram realizadas na plataforma de desembarque, conhecida como "rampa". Mengele participava ativamente dessas seleções, decidindo quem seria enviado para o trabalho forçado e quem seria imediatamente morto nas câmaras de gás.

Cerca de 75% dos recém-chegados, incluindo crianças, idosos, mulheres grávidas e qualquer pessoa considerada incapaz de trabalhar, eram enviados para a morte com o pesticida Zyklon B nos crematórios IV e V.

Diferentemente de outros médicos, que viam as seleções como uma tarefa angustiante, Mengele as realizava com entusiasmo, frequentemente assobiando ou sorrindo, o que lhe valeu o apelido de "Anjo da Morte".

Seus experimentos em Auschwitz eram particularmente cruéis e focados em gêmeos, que ele via como material ideal para estudar fatores genéticos e hereditários.

Mengele submetia suas vítimas a procedimentos desumanos, como injeções de substâncias químicas nos olhos para tentar mudar sua cor, amputações desnecessárias, infecções deliberadas com doenças e cirurgias sem anestesia.

Muitas vezes, quando um gêmeo morria, o outro era morto para permitir comparações post-mortem. Ele também conduzia experimentos em outros grupos, como ciganos e pessoas com deformidades físicas, sem qualquer consideração pela dor ou sobrevivência das vítimas.

Durante um surto de noma (uma infecção gangrenosa) no acampamento de ciganos em 1943, Mengele isolou pacientes e enviou órgãos de crianças mortas para estudos em instituições médicas da SS. Quando o acampamento cigano foi liquidado em 1944, todos os prisioneiros restantes foram mortos.

Mengele também supervisionava medidas de "controle" de epidemias, como tifo e escarlatina, enviando blocos inteiros de prisioneiros para as câmaras de gás para evitar a propagação de doenças.

Essas ações, combinadas com seus experimentos, resultaram na morte de milhares de pessoas. Por seus serviços em Auschwitz, ele recebeu a Cruz de Mérito de Guerra (Segunda Classe com Espadas) e foi promovido a Primeiro Médico de Birkenau em 1944.

Fuga para a América do Sul

Com a aproximação do Exército Vermelho soviético, Mengele abandonou Auschwitz em 17 de janeiro de 1945. Ele fugiu para o oeste, inicialmente escondendo-se na Alemanha sob uma identidade falsa.

Com a ajuda de uma rede de ex-membros da SS e simpatizantes nazistas, conhecida como "ODESSA", Mengele conseguiu escapar para a América do Sul. Em julho de 1949, chegou à Argentina, onde viveu nos arredores de Buenos Aires sob o pseudônimo de Helmut Gregor.

A Argentina, sob o governo de Juan Perón, era um refúgio comum para nazistas em fuga, devido à sua política de neutralidade durante a guerra e à falta de cooperação com pedidos de extradição.

Em 1959, com a intensificação da busca por criminosos de guerra nazistas, Mengele mudou-se para o Paraguai, onde obteve cidadania sob outro nome falso. Em 1960, estabeleceu-se no Brasil, vivendo inicialmente em São Paulo e depois em áreas rurais, como Nova Europa e Serra Negra.

Durante esse período, foi caçado pela Alemanha Ocidental, pelo serviço de inteligência israelense Mossad e por caçadores de nazistas como Simon Wiesenthal.

Apesar de várias operações clandestinas, incluindo tentativas de captura pelo Mossad, Mengele conseguiu evitar a prisão, muitas vezes mudando de localização e contando com a proteção de simpatizantes nazistas e de comunidades alemãs no Brasil.

Morte e Legado

Josef Mengele morreu em 7 de fevereiro de 1979, afogado após sofrer um derrame enquanto nadava em uma praia em Bertioga, no litoral de São Paulo. Ele vivia então sob o nome falso de Wolfgang Gerhard.

Seus restos mortais foram enterrados em Embu das Artes, São Paulo, e só foram exumados e identificados em 1985, por meio de exames forenses conduzidos por equipes internacionais.

A identificação foi confirmada em 1992 com testes de DNA, encerrando décadas de especulações sobre seu paradeiro. O legado de Mengele é um lembrete sombrio dos horrores do Holocausto e da pseudociência nazista.

Seus experimentos, desprovidos de qualquer base ética, não produziram resultados científicos significativos, mas causaram sofrimento indizível a milhares de vítimas.

Sua impunidade, facilitada por redes de apoio e pela negligência de governos, permanece uma questão controversa, levantando debates sobre justiça e responsabilidade histórica.

Até hoje, Mengele é lembrado como um dos criminosos mais infames do século XX, simbolizando a crueldade e a desumanidade do regime nazista.