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quarta-feira, junho 25, 2025

O que aconteceu com Juliana Marins?


 

Juliana Marins, uma publicitária brasileira de 26 anos, natural de Niterói (RJ), faleceu após um trágico acidente durante uma trilha no Monte Rinjani, o segundo maior vulcão da Indonésia, localizado na ilha de Lombok.

O incidente ocorreu na noite de sexta-feira, 20 de junho de 2025 (madrugada de sábado, 21, no horário local), enquanto Juliana realizava uma trilha guiada como parte de um mochilão pela Ásia, que já incluíra passagens por Filipinas, Vietnã e Tailândia.

Formada em Publicidade e Propaganda pela UFRJ e apaixonada por pole dance, Juliana compartilhava em suas redes sociais a intensidade de suas experiências de viagem, escrevendo em 29 de maio: “Fazer uma viagem longa sozinha significa que o sentir vai sempre ser mais intenso e imprevisível do que a gente tá acostumado. E tá tudo bem. Nunca me senti tão viva”.

Durante a trilha, Juliana, que estava acompanhada por um guia local e outros turistas, relatou cansaço e pediu para descansar. Segundo sua irmã, Mariana Marins, o guia, identificado como Ali Musthofa, aconselhou-a a parar, mas seguiu adiante com o grupo, deixando-a sozinha por um período que varia, conforme relatos, entre três minutos (segundo o guia) e mais de uma hora (segundo a família).

Foi nesse intervalo que Juliana tropeçou e caiu, escorregando por uma encosta rochosa e íngreme, parando inicialmente a cerca de 300 metros abaixo da trilha.

Com o passar dos dias, devido ao terreno instável e às condições climáticas adversas, ela deslizou ainda mais, sendo localizada a aproximadamente 650 metros de profundidade.

O acidente deixou Juliana gravemente ferida, com uma fratura na perna e incapaz de se movimentar. Sem acesso a água, comida, agasalhos ou óculos (ela tinha miopia), ela enfrentou frio intenso, neblina e umidade em uma área remota entre 2.600 e 3.000 metros de altitude.

Três horas após a queda, um grupo de turistas espanhóis a encontrou e tentou contatar familiares pelas redes sociais, enviando fotos e vídeos que confirmavam sua situação crítica.

A falta de sinal de celular na região impossibilitou que Juliana acionasse socorro diretamente, e a comunicação dependeu inteiramente de terceiros. As operações de resgate enfrentaram inúmeros obstáculos.

O terreno vulcânico, composto por rochas soltas e instáveis, aliado à condições climáticas desfavoráveis, como neblina densa e chuvas intermitentes, dificultou o acesso ao local.

Helicópteros não puderam ser utilizados devido à baixa visibilidade e à ausência de equipamentos específicos, como guinchos para resgates em áreas de difícil acesso.

Equipes de busca, incluindo voluntários e membros da Agência Nacional de Busca e Resgate da Indonésia (Basarnas), levaram oito horas para serem notificadas do acidente, devido à distância do local e à precariedade da comunicação.

Na segunda-feira, 23 de junho, um drone com sensor térmico localizou Juliana, que aparecia “visualmente imóvel” a 500 metros de profundidade, mas as equipes só conseguiram alcançá-la na terça-feira, 24, quando foi constatada sua morte.

A demora no resgate gerou indignação entre familiares, amigos e internautas. A família de Juliana relatou que a empresa de turismo contratada forneceu informações falsas, afirmando que o resgate estava em andamento quando, na verdade, nada havia sido feito.

Vídeos simulando a entrega de suprimentos também circularam, atrasando ainda mais a mobilização. Nas redes sociais, figuras públicas como Felipe Neto e Tatá Werneck expressaram revolta, apontando negligência por parte das autoridades indonésias e a permissão de trilhas perigosas sem estrutura adequada para emergências.

Um usuário no X escreveu: “Juliana Marins morreu por negligência de um governo incompetente, uma equipe de resgate despreparada e um guia que merece ser penalizado por homicídio culposo!”.

O perfil @resgatejulianamarins, criado para divulgar atualizações, alcançou 1,5 milhão de seguidores em quatro dias, evidenciando a comoção gerada pelo caso.

O governo brasileiro, por meio da Embaixada em Jacarta, mobilizou autoridades locais e enviou diplomatas para acompanhar as buscas. Em nota, o Itamaraty lamentou a morte de Juliana e destacou as dificuldades impostas pelo terreno e pelo clima.

Manoel Marins, pai de Juliana, viajou de Lisboa para Bali, mas enfrentou atrasos devido ao fechamento de aeroportos no Oriente Médio por conflitos regionais.

Após a confirmação da morte, ele prestou uma homenagem comovente nas redes sociais, compartilhando uma foto da filha com versos da música “Pedaço de Mim”, de Chico Buarque: “Oh, pedaço de mim / Oh, metade arrancada de mim”.

O corpo de Juliana foi localizado por um socorrista voluntário, Hafiz Hasadi, a 600 metros de profundidade na região de Cemara Nunggal. Devido às condições climáticas, o içamento foi adiado para a manhã de quarta-feira, 25 de junho, às 6h no horário local (19h em Brasília), quando foi transportado por trilha até o posto de Sembalun e, posteriormente, levado de helicóptero ao Hospital Bhayangkara, em Mataram.

A família organiza o translado do corpo ao Brasil, com assistência consular do Itamaraty, embora os custos não possam ser cobertos por recursos públicos, conforme decreto federal.

O caso de Juliana Marins reacendeu o debate sobre a segurança em trilhas turísticas no Monte Rinjani, conhecido por sua beleza, mas também por sua periculosidade.

Nos últimos anos, o vulcão registrou outros acidentes fatais, como a morte de um montanhista malaio em maio de 2025, um adolescente indonésio em 2024 e um jovem israelense em 2022.

A administração do Parque Nacional Gunung Rinjani fechou temporariamente o trecho da trilha onde Juliana caiu, após críticas por permitir a passagem de turistas durante as buscas.

A tragédia expôs falhas na infraestrutura de resgate e na regulamentação de atividades de aventura em destinos remotos, levantando questões sobre a responsabilidade de empresas turísticas e governos locais.

Juliana Marins deixou um legado de coragem e paixão por explorar o mundo. Sua história, marcada por uma busca por vivências intensas, também serve como alerta para os riscos de aventuras em ambientes extremos e para a necessidade de maior preparo e responsabilidade em atividades turísticas.

Sua família agradeceu o apoio recebido: “Seguimos muito gratos por todas as orações, mensagens de carinho e apoio”. Enquanto enfrentam a dor da perda, a memória de Juliana permanece como um convite à reflexão sobre a fragilidade da vida e a importância de valorizar cada momento.


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