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terça-feira, junho 24, 2025

O sofrimento - Arthur Schopenhauer


O sofrimento causado pela perda de um amor, seja pela morte da pessoa amada, seja pelo surgimento de um rival mais favorecido, é uma dor singular, incomparável a qualquer outra.

Essa angústia não se limita a ferir o indivíduo em sua existência pessoal, mas atinge sua essência mais profunda, ligada à própria continuidade da vida e da espécie.

Para Arthur Schopenhauer, essa dor transcende o âmbito individual, pois está enraizada na vontade universal - a força primordial que impulsiona a existência, segundo sua filosofia.

A perda amorosa, nesse sentido, não é apenas uma experiência pessoal, mas um confronto com a frustração da vontade de viver, que busca perpetuar-se por meio do amor e da procriação.

Schopenhauer, em sua obra principal, O Mundo como Vontade e Representação (1819), argumenta que o amor romântico, longe de ser apenas um sentimento sublime, é uma manifestação da vontade da espécie, que utiliza os indivíduos como instrumentos para garantir sua continuidade.

Quando esse impulso é interrompido - pela morte, que aniquila a possibilidade de união, ou por um rival, que redireciona o objeto do desejo - o sofrimento resultante é devastador, pois vai além da perda de um indivíduo específico e atinge o cerne da própria existência.

É uma dor que ressoa no âmago metafísico do ser, como se a própria vida, em sua essência, fosse negada. Além disso, Schopenhauer via o amor como uma ilusão poderosa, capaz de ofuscar a razão e subordinar o indivíduo a um propósito maior, muitas vezes inconsciente.

Quando esse propósito é frustrado, a dor não é apenas emocional, mas existencial, pois confronta o indivíduo com a futilidade de seus desejos frente à indiferença do mundo.

Esse sofrimento, para o filósofo, é um lembrete da condição trágica da existência humana, marcada pela incessante busca da vontade por satisfação, uma busca que, segundo ele, raramente encontra repouso.

Um exemplo hipotético que ilustra esse conceito seria o de um jovem apaixonado que, após anos de dedicação a uma relação, vê seu amor desmoronar pela chegada de um rival ou pela tragédia da morte.

Essa perda não é apenas a ausência de uma pessoa, mas a destruição de um projeto de vida, de uma visão de futuro que parecia essencial à própria identidade do indivíduo.

Schopenhauer diria que essa dor é transcendente porque ecoa a luta da vontade universal contra os limites impostos pela realidade.

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