John Jacob Astor IV, um dos homens mais ricos do mundo
na época, foi um passageiro de destaque a bordo do RMS Titanic, viajando na
primeira classe. Herdeiro de uma das maiores fortunas americanas, Astor era um
proeminente empresário, investidor, inventor e membro da alta sociedade
nova-iorquina.
Ele embarcou no navio em Cherbourg, na França,
acompanhado de sua jovem esposa, Madeleine Talmage Force Astor, que estava
grávida de seu filho, John Jacob Astor VI.
A viagem era parte de sua lua de mel, após um
casamento que causara controvérsia devido à diferença de idade entre o casal e
ao recente divórcio de Astor.
Na fatídica noite de 14 de abril de 1912, quando o
Titanic colidiu com um iceberg no Atlântico Norte, Astor demonstrou notável
compostura. Segundo relatos de sobreviventes, ele inicialmente minimizou a
gravidade da situação, acreditando que o navio, amplamente considerado
"inafundável", não corria risco imediato.
No entanto, à medida que a gravidade do desastre se
tornou evidente, Astor agiu com coragem e cavalheirismo. Ele garantiu que
Madeleine, então com 19 anos, fosse colocada em segurança no bote salva-vidas
número 4, junto com sua empregada e enfermeira particular.
Há relatos de que Astor pediu para acompanhar sua
esposa no bote, citando sua gravidez, mas o pedido foi negado, pois a
prioridade era dada a mulheres e crianças.
Ele aceitou a decisão sem protestos e permaneceu a
bordo, enfrentando seu destino com dignidade. John Jacob Astor IV não
sobreviveu ao naufrágio. Seu corpo foi recuperado em 22 de abril de 1912, cerca
de uma semana após o desastre, pelo navio CS Mackay-Bennett.
Entre seus pertences, foi encontrado um relógio de
bolso de ouro 14 quilates da marca Waltham, gravado com suas iniciais
"JJA", um item que se tornou um símbolo de sua história trágica.
Além do relógio, outros objetos pessoais, como um
cinto de couro e um anel de ouro, foram identificados, confirmando sua
identidade. O estado de seu corpo sugeria que ele foi vítima do esmagamento
causado por uma das chaminés do navio que colapsou durante o naufrágio, uma
teoria aceita por muitos historiadores.
A morte de Astor chocou o mundo, não apenas por sua
riqueza e status, mas também por simbolizar a vulnerabilidade humana diante de
uma tragédia de tal magnitude.
Sua fortuna, estimada em cerca de 87 milhões de
dólares na época (equivalente a bilhões de dólares atuais), não pôde salvá-lo.
Madeleine sobreviveu e, meses após o desastre, deu à luz o filho póstumo do
casal.
A história de Astor permanece como um dos capítulos
mais marcantes do Titanic, ilustrando tanto o heroísmo quanto a tragédia que
marcaram aquela noite.
Curiosamente, Astor era conhecido por sua visão
futurista. Ele escreveu um romance de ficção científica em 1894, intitulado A
Journey in Other Worlds, que imaginava um futuro com avanços tecnológicos e
viagens espaciais.
Sua morte no Titanic, um símbolo da confiança humana na tecnologia, é frequentemente vista como uma ironia trágica. Além disso, sua presença no navio reforça o contraste social da época: enquanto a primeira classe desfrutava de luxo incomparável, milhares de passageiros de classes inferiores enfrentavam condições muito mais precárias, com acesso limitado aos botes salva-vidas.
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