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terça-feira, março 25, 2025

É sempre o povo que paga a conta


Foi assim que o Brasil começou... E continua. Continua… e continua... ad eternum.

Parece ser o destino inevitável de um povo acomodado, ignorante, alienado e, pior, acostumado a ser explorado e roubado em sua essência.

Nos tempos em que os reis governavam com mãos de ferro, numa noite fria e escura de dezembro, quando o mês já se encaminhava para as festas natalinas, o rei saiu à varanda de seu palácio reluzente.

Olhando para além dos muros, percebeu que a cidade lá embaixo estava mergulhada em trevas, negra como o breu. Intrigado, chamou seu primeiro-ministro e, com voz firme, decretou:

- Antes do Natal, quero ver esta cidade toda iluminada. Aqui estão 500 cruzados. Resolva isso imediatamente.

O primeiro-ministro, sem perder tempo, convocou o presidente da câmara e passou adiante a ordem real:

- O rei exige que a cidade esteja completamente iluminada antes do Natal. Toma aqui 250 cruzados e trata de resolver isso agora.

O presidente da câmara, por sua vez, chamou o chefe da polícia e disse, com tom de urgência:

- O rei mandou iluminar toda a cidade para o Natal. Aqui estão 100 cruzados. Faz isso acontecer imediatamente.

O chefe da polícia, sem hesitar, publicou um edital severo que ecoou pelas ruas:
“Por ordem do rei, todas as casas e ruas devem instalar iluminação natalina imediatamente. Quem desobedecer será enforcado sem piedade.”

Dias depois, o rei retornou à varanda. Diante de seus olhos, a cidade brilhava como um mar de estrelas, profusamente iluminada. Satisfeito, exclamou:

Que espetáculo! Bendito seja o dinheiro que investi. Valeu cada cruzado!

Mas o que o rei não viu - ou talvez tenha preferido ignorar - foi o rastro de mãos que se encheram pelo caminho. Dos 500 cruzados iniciais, apenas uma fração chegou ao povo, e a iluminação, embora bela, foi paga com o suor e o medo de quem temia à forca, mais do que com o ouro do tesouro real.

E assim, dizem, o Brasil começou a funcionar: uma cadeia de ordens, promessas e recursos que se perdem entre os poderosos, enquanto o povo, refém das ameaças e da necessidade, carrega o fardo de fazer brilhar o que os outros apenas mandam.

Séculos se passaram, os reis viraram história, mas o enredo segue o mesmo - um ciclo de ilusão, desperdício e obediência cega. Hoje, as luzes de Natal ainda enfeitam as ruas, mas a escuridão da desigualdade e da corrupção continua a reinar soberana.

E eu, cá com meus botões, pergunto: haverá um dia em que o povo, cansado de ser apenas o executor das ordens alheias, tomará os cruzados para si e iluminará não só as ruas, mas também o futuro?

Por enquanto, sigo sem esperança na mudança, mas com um fio de curiosidade sobre o que poderia ser, se um dia ousássemos romper esse script tão antigo.

A/D

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