Déjà vu é
um galicismo que descreve a reação psicológica da transmissão de ideias de
que já se esteve naquele lugar antes, já se viu aquelas pessoas, ou outro
elemento externo. O termo é uma expressão da língua francesa que
significa: "Já visto”.
Definições
Déjà vu
pode-se descrever como uma sensação desencadeada por um fato presente, que faz
com que quem o sofra lhe pareça estranhamente que já presenciara aquela
específica situação, quando, em verdade, não o fizera.
Sabe-se
que a nossa memória às vezes pode falhar; nem sempre consegue-se
distinguir o que é novo do que já era conhecido. Eu já li este livro? Já
assisti a este filme? Já estive neste lugar antes? Conheço esse sujeito? - essas
são perguntas corriqueiras da nossa vida.
No
entanto, essas dúvidas não são acompanhadas daquele sentimento de estranheza
que é indispensável ao verdadeiro déjà vu. Eu posso até me sentir um pouco
confuso, ou indeciso, ou triste por sentir que minha memória já não tem a
limpidez de outros tempos, mas isso é natural; o sentimento associado ao déjà
vu clássico não é o de confusão ou de dúvida, mas sim o de estranheza.
Não há
nada de estranho em não se lembrar de um livro que se leu ou de um filme a que
se assistiu; estranho (e aqui entra-se no déjà vu) é sentir que a cena que
parece familiar não deveria sê-lo.
Tem-se
a sensação esquisita de estar revivendo alguma experiência passada, sabendo que
é materialmente impossível que ela tenha algum dia ocorrido. Em psiquiatria o
termo é utilizado para ilustrar pacientes que repetem comportamentos
compulsivamente Transtorno Obsessivo Compulsivo, na tentativa de sentir
novamente as mesmas sensações já experimentadas.
Mas, o
que é mais intrigante nesta questão é o fato de o indivíduo poder, nestas
circunstâncias, experimentar está estranha sensação de já ter vivenciado o que
lhe ocorre, e além disso, também poder relatar (antes de uma observação) quais
serão os acontecimentos seguintes que se manifestarão nesta sua experiência.
No
entanto, sabe-se que o uso pode mudar o significado das palavras, seja para
ampliá-lo, seja para restringi-lo. Embora se possa lamentar algumas dessas
mudanças (nos casos em que se gostasse mais do significado primitivo,
originário), é preciso ver, nesse processo de mutação semântica, um fator
extremamente benéfico e enriquecedor do idioma.
Colocando
em termos bem concretos: os dicionários engrossam não apenas pelos novos
vocábulos que entram no léxico, mas também (e principalmente) pelos novos
significados que são acrescidos aos verbetes já existentes.
Quando
a expressão déjà vu saiu das publicações especializadas em neurologia
e psicologia para entrar na imprensa comum, o público, atraído por sua
tradução literal ("já visto"), passou a usá-la para designar aquelas
situações em que a pessoa tem a sensação de estar vivenciando algo que lhe
parece familiar.
Pode
parecer ironia, mas a expressão que a linguagem técnica associa à estranheza
passou, na linguagem usual, a indicar familiaridade. É nesse sentido que
escreveu um conhecido comentarista político: "Assistir à instalação na
nova CPI trouxe-me uma triste sensação de déjà vu" -, um lamento que
equivale à forma popular "eu já vi esse filme".
Os
especialistas reagem contra a limitação do "vu", que restringiria ao
mundo do que pode ser "visto", e já soltaram por aí formas paralelas
que fariam referência mais específica aos vários tipos de situação: "déjà
vécus" ("já vivido"), "déjà lu" ("já lido"),
"déjà entendu" ("já ouvido"), "déjà visité"
("já visitado") - o que pode um dia acarretar um "déjà
mangé" ("já comido") ou um "déjà bu" ("já
bebido").
Explicação científica
O
cérebro possui vários tipos de memória, como a imediata, responsável, por
exemplo, pela capacidade de repetir imediatamente um número de telefone que é
dito - e logo em seguida esquecê-lo; a memória de curto prazo, que dura algumas
horas ou dias, mas que pode ser consolidada; e a memória de longo prazo, que
dura meses ou até anos, exemplificada pela aprendizagem de uma língua.
O déjà
vu ocorre quando há uma falha cerebral: os fatos que estão acontecendo são
armazenados diretamente na memória de longo ou médio prazo, sem passar pela
memória imediata, o que nos dá a sensação de o fato já haver ocorrido.
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