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terça-feira, maio 20, 2025

O que é Deus? Uma Reflexão de Rodolfo Llinás


 

O neurocientista colombiano Rodolfo Llinás, conhecido por suas contribuições revolucionárias à neurociência, oferece uma visão provocativa sobre a ideia de Deus:

"É uma invenção do homem. E, como todos os inventos humanos, parece-se com ele. Deus tem duas razões para existir: para os inteligentes, ajuda a governar os outros; para os menos inteligentes, serve para pedir favores. A todos, explica o que não entendemos da natureza. É uma lógica de um primitivismo que causa náuseas."

Essa citação reflete o pensamento crítico de Llinás, que enxerga a concepção de Deus como um constructo humano, moldado por necessidades sociais, psicológicas e epistemológicas.

Rodolfo Llinás: Um Pioneiro da Neurociência

Nascido em 16 de dezembro de 1934, em Bogotá, Colômbia, Rodolfo Llinás Riascos é um dos neurocientistas mais influentes do mundo. Atualmente, é professor emérito de neurociências na cátedra Thomas e Suzanne Murphy e presidente emérito do Departamento de Fisiologia e Neurociências da Escola de Medicina da Universidade de Nova York.

Com mais de 800 artigos científicos publicados, Llinás é reconhecido por seus estudos sobre o funcionamento do cérebro, incluindo o conceito de "sincronia neuronal" e a relação entre consciência e atividade cerebral.

Sua abordagem materialista e científica molda sua visão cética sobre conceitos metafísicos, como a existência de Deus.

Contexto da Citação

A citação de Llinás sobre Deus reflete sua perspectiva como cientista que busca explicações baseadas em evidências empíricas. Para ele, a ideia de Deus surge da incapacidade histórica da humanidade de compreender fenômenos naturais, como trovões, eclipses ou a origem da vida, atribuindo-os a uma entidade sobrenatural.

Além disso, Llinás critica o uso da religião como ferramenta de controle social, uma visão compartilhada por outros pensadores, como Karl Marx, que descreveu a religião como o "ópio do povo".

A expressão "primitivismo que causa náuseas" revela sua frustração com o que considera uma explicação simplista e desatualizada para questões complexas, especialmente em uma era de avanços científicos.

Acontecimentos e Debates Relacionados

A visão de Llinás ecoa discussões filosóficas e científicas que atravessam séculos. No século XVII, por exemplo, o filósofo Baruch Spinoza já questionava concepções antropomórficas de Deus, propondo uma visão panteísta que identificava Deus com a própria natureza.

No século XIX, o avanço da teoria da evolução de Charles Darwin desafiou narrativas religiosas sobre a criação, enquanto no século XX, cientistas como Carl Sagan e Richard Dawkins popularizaram argumentos ateístas baseados na ciência.

Nos últimos anos, o debate sobre a existência de Deus ganhou nova intensidade com o avanço das neurociências e da inteligência artificial. Estudos, como os conduzidos por pesquisadores do MIT e da Universidade de Oxford, investigam como o cérebro humano cria crenças religiosas, sugerindo que a espiritualidade pode ser uma resposta evolucionária para lidar com a incerteza e a mortalidade.

Llinás, com sua expertise em neurociência, provavelmente se alinha a essa visão, enxergando a crença em Deus como um subproduto da cognição humana, e não como evidência de uma entidade externa.

Além disso, o tema tem gerado discussões acaloradas em plataformas como o X, onde cientistas, teólogos e o público geral debatem questões como: "A ciência elimina a necessidade de Deus?" ou "A religião ainda é relevante na era da tecnologia?"

Embora Llinás não participe diretamente dessas conversas, sua citação ressoa com aqueles que defendem que a ciência oferece explicações mais robustas para os mistérios do universo, enquanto críticos apontam que a fé atende a necessidades emocionais e éticas que a ciência não aborda.

Impacto e Relevância

A crítica de Llinás não busca apenas desacreditar a religião, mas provocar uma reflexão sobre como construímos conhecimento. Ele desafia a humanidade a substituir explicações baseadas na fé por questionamentos científicos, um princípio que guiou suas próprias descobertas sobre o cérebro.

No entanto, sua visão também levanta questões éticas: ao reduzir Deus a uma "invenção", ignora-se o papel da religião na formação de comunidades, na arte e na moral? Ou será que, como Llinás sugere, essas funções podem ser preservadas sem recorrer a conceitos metafísicos?

Hoje, o mapa mundial de Llinás - metaforicamente, sua visão de um mundo explicado pela ciência - continua inspirando cientistas e pensadores. Sua obra reforça a ideia de que o cérebro humano, com sua capacidade de criar e questionar, é a verdadeira força por trás de conceitos como Deus.

Assim como Søren Poulsen, que construiu um mapa-múndi com pedras, Llinás constrói, com ideias, um mapa do entendimento humano, desafiando-nos a explorar o universo com curiosidade e rigor.


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