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segunda-feira, setembro 02, 2024

A libélula


 

A libélula é um inseto alado pertencente à subordem Anisoptera. É considerado um dos primeiros insetos a surgir na Terra.

Características

Como características, contam-se o corpo fusiforme, com o abdômen muito alongado, olhos compostos e dois pares de asas semitransparentes. As libélulas são predadoras e alimentam-se de outros insetos, nomeadamente mosquitos e moscas.

Este grupo tem distribuição mundial e tem preferência por habitats nas imediações de corpos de água estagnada (poças ou lagoa temporárias), zonas pantanosas ou perto de ribeiros e riachos.

As larvas de libélula (chamadas "ninfas") são aquáticas, carnívoras e extremamente agressivas, podendo alimentar-se não só de insetos, mas também de girinos e peixes juvenis.

As libélulas não têm a capacidade de picar, visto que as suas mandíbulas estão adaptadas à mastigação. Dentro do seu ecossistema, são bastante úteis no controlo das populações de mosquitos e das suas outras presas, prestando assim um serviço importante ao Homem. São insetos carnívoros.

Temidas por uns, admiradas por outros e estudadas por muitos, as libélulas adultas caçam à base do seu sentido de visão extremamente apurado. Os seus olhos são compostos por milhares de facetas (até 30 000) e conferem-lhes um campo visual de 360 graus.

As libélulas medem entre 2 e 19 cm de envergadura e as espécies mais rápidas podem voar a cerca de 85 km/h. Uma de suas características é que, mesmo possuindo seis pernas, praticamente não consegue andar com elas.

O grupo surgiu no Paleozoico, sendo bastante abundantes no período Carbônico, e conserva até aos dias de hoje as mesmas características gerais. As maiores libélulas de sempre pertencem ao género Meganeura, floresceu no Pérmico, e podiam atingir envergadura de 70 a 75 cm.

Seu tempo de vida pode chegar a 5 anos. No Brasil, existem cerca de 1 200 espécies de um total 5 000 existentes no mundo. É predadora de insetos, inclusive do Aedes aegypti, e até de pequenos peixes.

Em um único dia, pode consumir outros insetos voadores até a marca de 14% do seu próprio pesoː pode consumir cerca de 600 deles num único período de 24 horas.

No Brasil, é conhecida também pelos nomes: corta-água, ziguezague, lava-bunda, ziguezigue, e outros mais. Numa lista extensa, de mais de 100 sinônimos, entre nomes simples, primitivos, derivados, compostos, justapostos etc.

Segundo a lenda xamânica, a libélula era um pequeno dragão dotado de ciência e magia, que à noite difundia luz própria com sua respiração de fogo. Para se livrar de coiotes, transformou-se em uma libélula e não conseguiu mais retornar à forma antiga, perdendo seus poderes.


Os Misteriosos Minoicas


 

A civilização minoica, também conhecida como civilização cretense, é uma das mais fascinantes e enigmáticas da história antiga. Desenvolvida na ilha de Creta, a maior do Mar Egeu, entre aproximadamente 2700 e 1450 a.C., durante a Idade do Bronze, ela é considerada a primeira civilização avançada da Europa.

Os minoicos marcaram a história com sua sofisticação cultural, avanços tecnológicos e influência no Mediterrâneo, estabelecendo as bases para o desenvolvimento de civilizações posteriores, como a micênica e a grega clássica.

Os minoicos eram exímios navegadores e comerciantes, dominando o comércio marítimo no Mediterrâneo Oriental. Suas rotas comerciais conectavam Creta a regiões como o Egito, o Levante, as ilhas do Egeu e a Anatólia.

Eles exportavam produtos como azeite de oliva, vinho, cerâmica finamente decorada, bronze e joias, enquanto importavam matérias-primas como cobre, estanho e marfim.

Essa rede comercial não apenas enriqueceu a economia minoica, mas também promoveu intercâmbios culturais, disseminando sua arte e ideias.

Evidências arqueológicas sugerem que os minoicos desenvolveram sistemas padronizados de pesos e medidas, além de dois sistemas de escrita: o hieroglífico cretense e o Linear A, este último ainda não decifrado, o que demonstra um alto nível de organização administrativa e intelectual.

A arte minoica é um dos legados mais impressionantes da civilização. Seus afrescos vibrantes, encontrados em sítios como Knossos, Phaistos e Akrotiri (na ilha de Thera, hoje Santorini), retratam cenas de festividades, rituais religiosos, natureza e esportes, como o famoso "salto sobre o touro", uma prática que pode ter tido significados ritualísticos ou esportivos.

Esses afrescos, com cores vivas e figuras dinâmicas, revelam uma sociedade que celebrava a beleza, a harmonia e a conexão com o meio ambiente. A cerâmica minoica, como os vasos no estilo Kamares, é conhecida por sua elegância, com padrões florais e marinhos que refletem a influência do mar na cultura cretense.

Joias elaboradas, feitas de ouro e pedras semipreciosas, também atestam a habilidade artesanal e o gosto pela estética. O coração da civilização minoica eram seus complexos palacianos, como Knossos, Phaistos, Malia e Zakros.

Esses palácios não eram apenas residências reais, mas centros multifuncionais que integravam funções políticas, religiosas, econômicas e administrativas.

O palácio de Knossos, o maior e mais famoso, é conhecido por sua arquitetura complexa, com corredores labirínticos, pátios amplos e sistemas de drenagem e encanamento surpreendentemente avançados para a época.

Essas estruturas, muitas vezes associadas ao mito do Minotauro e do Labirinto, incluíam armazéns para grãos, azeite e vinho, oficinas de artesanato e santuários religiosos, sugerindo uma sociedade centralizada e hierárquica.

A ausência de muralhas defensivas nos palácios indica que os minoicos confiavam na sua supremacia naval, a chamada "talassocracia minoica", para proteção, o que os diferenciava de outras culturas contemporâneas.

O declínio da civilização minoica, por volta de 1450 a.C., permanece envolto em mistério e é objeto de intensos debates entre historiadores e arqueólogos. Uma série de fatores pode ter contribuído para sua queda.

Desastres naturais, como terremotos frequentes em Creta e a catastrófica erupção vulcânica de Thera (atual Santorini) por volta de 1600 a.C., provavelmente causaram destruição significativa, incluindo tsunamis que devastaram cidades costeiras e a frota minoica.

Embora os minoicos tenham reconstruído seus palácios após esses eventos, a combinação de desastres naturais e pressões externas parece ter enfraquecido a civilização.

A ascensão dos micênicos, uma civilização guerreira do continente grego, é outro fator crucial. Por volta de 1450 a.C., os micênicos assumiram o controle de Knossos, como evidenciado pela introdução do Linear B, uma escrita usada para registrar a língua grega arcaica.

Essa transição sugere uma possível invasão ou assimilação cultural, marcando o fim da predominância minoica. Além dos fatores naturais e militares, mudanças nas rotas comerciais e na economia do Mediterrâneo podem ter contribuído para o declínio.

A perda de mercados ou a interrupção das redes comerciais devido a instabilidades regionais teria impactado a economia minoica, que dependia fortemente do comércio exterior.

Apesar de sua queda, o legado minoico perdurou. A civilização influenciou profundamente os micênicos, que adotaram elementos de sua arte, arquitetura e organização social.

Mitos gregos, como o de Teseu, Ariadne e o Minotauro, preservaram a memória de Creta como um centro de poder e mistério. Além disso, as descobertas arqueológicas do século XX, lideradas por Sir Arthur Evans em Knossos, reacenderam o interesse pela civilização minoica, consolidando sua importância como precursora das culturas clássicas da Grécia.

Hoje, os sítios minoicos, especialmente Knossos, são destinos turísticos populares, atraindo visitantes fascinados pela riqueza cultural e histórica de Creta.

A civilização minoica continua a inspirar estudos e imaginações, representando uma era de criatividade, inovação e conexão com o mundo antigo.

Seu impacto na arte, na arquitetura naval e na organização social estabeleceu um alicerce fundamental para o desenvolvimento do Mediterrâneo e da civilização ocidental.

domingo, setembro 01, 2024

Canal de Corinto



O Canal de Corinto é uma impressionante obra de engenharia que conecta o Golfo de Corinto, no Mar Jônico, ao Golfo Sarônico, no Mar Egeu. Localizado no Istmo de Corinto, ele separa a península do Peloponeso do continente grego, transformando o Peloponeso, efetivamente, em uma ilha.

Com 6,3 km de comprimento, 21 metros de largura e uma profundidade de cerca de 8 metros, o canal é uma via estreita, mas estratégica, que revolucionou a navegação na região.

Construído entre 1881 e 1893, o canal foi uma resposta à necessidade de encurtar a rota marítima entre os dois golfos, eliminando a necessidade de contornar a península do Peloponeso, uma viagem que adicionava cerca de 400 km ao trajeto.

Essa redução significativa no percurso facilitou a locomoção de embarcações menores, como barcos de pesca, iates e navios turísticos. Contudo, devido à sua largura limitada, o canal é inadequado para cargueiros internacionais modernos, que exigem vias mais amplas.

Assim, hoje, o Canal de Corinto é utilizado principalmente por embarcações turísticas, com aproximadamente 11 mil barcos navegando anualmente por suas águas, atraídos pela beleza cênica de suas altas paredes de calcário, que chegam a 90 metros de altura.

A ideia de construir um canal no istmo remonta à Antiguidade. A primeira tentativa documentada ocorreu em 67 d.C., sob o comando do imperador romano Nero.

Determinado a deixar sua marca na história, Nero ordenou que cerca de seis mil escravos iniciassem a escavação usando apenas pás, uma tarefa monumental para a época.

O projeto, no entanto, enfrentou inúmeros desafios, incluindo a dureza do terreno rochoso e os altos custos. Após a morte de Nero, em 68 d.C., seu sucessor, Galba, considerou o empreendimento financeiramente inviável e o abandonou.

A ambição de Nero, que se via como uma figura quase divina, reflete tanto sua megalomania quanto a limitação tecnológica da época, que tornava tal obra praticamente impossível com os recursos disponíveis.

Antes mesmo de Nero, outros governantes e pensadores já haviam sonhado com um canal no Istmo de Corinto. No século VII a.C., o tirano Periandro de Corinto considerou a ideia, mas optou por construir o Diolkos, uma estrada pavimentada para arrastar navios por terra, de um lado ao outro do istmo.

Essa solução, embora engenhosa, era trabalhosa e limitada. Durante séculos, a ideia do canal permaneceu um sonho, reacendido periodicamente por líderes como Alexandre, o Grande, e Júlio César, mas nunca concretizado até a era moderna.

A construção do canal no século XIX foi impulsionada pelos avanços tecnológicos da Revolução Industrial, incluindo o uso de dinamite e maquinaria pesada.

Mesmo assim, o projeto enfrentou dificuldades, como deslizamentos de terra e falhas geológicas, que aumentaram os custos e prolongaram o cronograma.

Quando finalmente inaugurado, em 1893, o canal foi saudado como uma façanha, mas sua relevância comercial logo se mostrou limitada devido à sua estreiteza e à rápida evolução dos navios cargueiros.

Hoje, o Canal de Corinto é mais um marco histórico e turístico do que uma artéria comercial vital. Além dos barcos turísticos, a travessia também atrai visitantes que cruzam a ponte submersível nas extremidades do canal ou praticam esportes radicais, como bungee jumping, aproveitando as impressionantes paredes verticais.

Em 1988, o canal foi cenário de um evento marcante: a passagem do primeiro navio de cruzeiro, uma façanha que exigiu precisão extrema devido às dimensões restritas do canal.

Apesar de sua importância reduzida no comércio marítimo global, o Canal de Corinto permanece um testemunho da engenhosidade humana e da persistência em superar barreiras geográficas.

Ele combina história, engenharia e beleza natural, sendo um dos destinos mais emblemáticos da Grécia moderna.



Um cruzeiro atravessando o estreito Canal de Corinto, Grécia, e evitando a volta de cerca de 400 km em torno da Península do Peloponeso.

Charles Bukowski



Charles Bukowski: O Poeta da Sarjeta

Henry Charles Bukowski Jr. nasceu em 16 de agosto de 1920, em Andernach, Alemanha, e tornou-se um dos mais influentes poetas, contistas e romancistas estadunidenses do século XX.

Filho de Heinrich Bukowski, um soldado teuto-americano, e Katharina Fett, uma alemã, Bukowski mudou-se com a família para os Estados Unidos aos três anos, em 1923.

Inicialmente, instalaram-se em Baltimore, antes de se estabelecerem no subúrbio de Los Angeles, cidade que se tornaria o pano de fundo central de sua obra.

Bukowski faleceu em 9 de março de 1994, em San Pedro, Califórnia, aos 73 anos, vítima de pneumonia decorrente de um tratamento contra leucemia, logo após concluir seu último romance, Pulp.

Em sua lápide, lê-se a enigmática frase “Don’t Try” (“Não Tente”), um reflexo de sua filosofia de vida: autenticidade acima de esforço forçado.

Vida e Traumas de Infância

A infância de Bukowski foi marcada por abusos físicos e psicológicos de um pai autoritário e frustrado, que contrastava com a submissão de sua mãe. Esse ambiente opressivo moldou sua visão de mundo, impregnada de revolta e melancolia.

Na adolescência, Bukowski enfrentou outro desafio: uma acne severa que cobriu seu rosto e corpo, exigindo tratamentos dolorosos em um hospital público de Los Angeles.

Socialmente isolado, tinha poucos amigos e era constantemente rejeitado, como nas escolhas para times de beisebol na escola, onde era quase sempre o penúltimo a ser selecionado.

Durante uma interrupção nos estudos para tratar sua condição, ele descobriu o álcool e a literatura, que se tornaram refúgios para sua alma atormentada. Autores como Ernest Hemingway, Fiódor Dostoiévski, John Fante e Henry Miller influenciaram profundamente seu estilo e visão.

Formação e Primeiros Escritos

Em 1939, Bukowski ingressou no Los Angeles City College para estudar jornalismo, presenteado por seu pai com uma máquina de escrever. No entanto, seus textos provocativos e seu comportamento rebelde levaram a conflitos familiares, culminando em sua expulsão de casa.

Abandonando a faculdade, ele passou a viver em pensões baratas, sustentando-se com trabalhos temporários como faxineiro, frentista e motorista de caminhão em várias cidades dos Estados Unidos.

O alcoolismo, já presente, intensificou-se, tornando-se tanto uma muleta quanto uma fonte de inspiração para sua escrita. Bukowski enviava contos e poemas a pequenas editoras independentes, enfrentando constantes rejeições, mas sua persistência o levou a publicar esporadicamente em revistas literárias subterrâneas.

Casamentos e Relacionamentos

Em 1955, Bukowski casou-se com Barbara Frye, editora da revista Harlequin, que acreditava em seu talento e publicava seus poemas. O casamento, impulsionado por uma troca de cartas na qual Bukowski, quase impulsivamente, propôs matrimônio, durou pouco, terminando em divórcio em 1958.

Mais tarde, ele iniciou um relacionamento com Frances Smith, com quem teve sua única filha, Marina Louise Bukowski, nascida em 1964. Esses relacionamentos, assim como os muitos outros que marcaram sua vida, frequentemente aparecem em sua obra, retratados com franqueza brutal e sem romantização.

Ascensão Literária e Henry Chinaski

Aos 35 anos, Bukowski conseguiu um emprego estável como carteiro no Serviço Postal dos Estados Unidos, onde trabalhou por mais de uma década. Essa experiência, marcada por uma rotina exaustiva e um ambiente burocrático, inspirou seu primeiro romance, Cartas na Rua (Post Office, 1971), que apresentou ao mundo seu alter ego, Henry Chinaski.

Chinaski, um anti-herói beberrão, mulherengo e desiludido, tornou-se o protagonista de quase todos os seus romances, exceto Pulp (1994). Através de Chinaski, Bukowski explorou sua própria vida de excessos, desajustes e busca por significado em um mundo que ele via como hipócrita e opressivo.

Sua obra, caracterizada por um estilo coloquial, cru e muitas vezes obsceno, capturou a atenção de uma geração que se identificava com sua honestidade visceral. Bukowski escrevia sobre o cotidiano da classe trabalhadora, os becos de Los Angeles, as corridas de cavalos, os bares, as prostitutas e a música clássica, que ele amava.

Sua escrita, desprovida de censura, misturava repulsa, ódio, amor, paixão e melancolia, refletindo um mundo distorcido que ele abraçava com autenticidade. Livros como Mulheres (1978), Misto Quente (Ham on Rye, 1982) e Hollywood (1989) consolidaram sua reputação, enquanto coleções de poesia, como Love Is a Dog from Hell (1977), revelaram uma surpreendente sensibilidade por trás de sua fachada de “Velho Safado”.

Contexto Histórico e Acontecimentos

Bukowski viveu em uma América em transformação. Nascido logo após a Primeira Guerra Mundial, ele testemunhou a Grande Depressão, a Segunda Guerra Mundial e o boom cultural dos anos 1950 e 1960.

Embora frequentemente associado à Geração Beat devido a temas como marginalidade e rebeldia, Bukowski rejeitava essa conexão, considerando-se um outsider até mesmo entre os outsiders.

Sua escrita refletia a alienação de uma classe trabalhadora esmagada pela monotonia e pela busca desenfreada pelo “sonho americano”. Nos anos 1960, o movimento contracultural e a ascensão de editoras independentes, como a Black Sparrow Press, foram cruciais para sua carreira.

John Martin, fundador da Black Sparrow, tornou-se seu principal apoiador, publicando suas obras e garantindo-lhe uma renda estável para que pudesse abandonar o emprego de carteiro em 1970 e dedicar-se exclusivamente à escrita.

Durante os anos 1970 e 1980, Bukowski alcançou um culto crescente, especialmente na Europa, onde era celebrado como um ícone literário. Na Alemanha, seu país natal, ele foi aclamado, e traduções de suas obras impulsionaram sua fama.

No entanto, histórias como a suposta citação de Jean-Paul Sartre, chamando-o de “o maior poeta da América”, ou o interesse de Jean Genet em sua obra, são amplamente consideradas apócrifas, possivelmente inventadas por Bukowski ou seus editores para aumentar sua notoriedade.

Um exemplo disso é a crítica falsa atribuída a Genet em uma edição alemã de Notes of a Dirty Old Man, criada pelo tradutor Carl Weissner para alavancar vendas.

Influências e Legado

Bukowski foi profundamente influenciado por escritores como Ernest Hemingway, pelas frases curtas e estilo direto; Fiódor Dostoiévski, pelo pessimismo existencial; e John Fante, cuja simplicidade narrativa e foco em personagens marginalizados ressoaram em Bukowski.

Ele chegou a conhecer Fante, a quem admirava quase como uma figura divina, pouco antes de sua morte em 1983. Henry Miller, outra influência, foi alvo de uma tentativa frustrada de encontro por Bukowski, que recebeu uma crítica de Miller por seu excesso de bebida.

O impacto de Bukowski transcendeu a literatura. Sua obra inspirou músicos, cineastas e escritores. Bandas como Guns N’ Roses (Nightrain), U2 (Dirty Day), Red Hot Chili Peppers (Mellowship Slinky in B Major) e Tom Waits (Frank’s Wild Years) referenciaram-no em letras e álbuns.

No cinema, filmes como Barfly (1987), dirigido por Barbet Schroeder e baseado em sua vida, e Factotum (2005), adaptado do romance homônimo, levaram Chinaski às telas.

Apesar de sua relutância em relação a Hollywood, Bukowski escreveu roteiros, como o de Barfly, que lhe rendeu alguma notoriedade, mas também desconforto com a indústria cinematográfica.

Relevância em 2025

Em 2025, Bukowski permanece uma figura polarizadora. Para alguns, é um gênio que transformou a miséria em arte; para outros, sua misoginia, linguagem crua e glorificação do alcoolismo são problemáticas.

No entanto, sua habilidade de capturar a humanidade nos recantos mais sombrios da sociedade continua a ressoar. Em um mundo dominado por redes sociais e narrativas polidas, sua escrita desavergonhada e sem filtros oferece um contraponto, desafiando convenções e celebrando a autenticidade.

Movimentos literários contemporâneos, como o realismo sujo (dirty realism), devem muito a Bukowski, que pavimentou o caminho para escritores como Raymond Carver e Denis Johnson.

A Los Angeles de Bukowski, com seus bares decadentes e personagens à margem, ainda é evocada em obras modernas, embora a cidade tenha mudado com a gentrificação e a tecnologia. Sua crítica à hipocrisia social e ao conformismo permanece relevante em uma era de desigualdade crescente e crises existenciais.

Além disso, sua popularidade persiste em plataformas como o X, onde fãs compartilham trechos de seus poemas e frases, como “Find what you love and let it kill you”, que capturam sua filosofia de vida intensa e sem arrependimentos.

Conclusão

Charles Bukowski transformou a dor, a rejeição e a marginalidade em uma obra que é, ao mesmo tempo, crua, engraçada e profundamente humana. De sua infância traumática aos anos de luta como escritor subterrâneo, ele viveu na sarjeta e fez dela seu paraíso literário. Sua honestidade brutal, seu estilo despojado e sua recusa em se curvar às normas sociais fizeram dele uma voz única, que continua a inspirar e provocar.

Como disse Jim Christy em The Buk Book, “Bukowski era engraçado” - e era exatamente essa mistura de humor, desespero e verdade que o diferenciava. Ele não apenas sobreviveu ao inferno; ele o transformou em poesia.



sábado, agosto 31, 2024

Gloria, a Mulher - Um Filme de Drama


 

Gloria, a Mulher - Um Filme de Drama e Suspense

Gloria, a Mulher (título original: Gloria) é um filme norte-americano de 1999, dos gêneros drama, suspense e crime, com duração de 108 minutos. Dirigido pelo renomado Sidney Lumet, o longa é uma refilmagem do clássico de 1980 de John Cassavetes.

O elenco principal é composto por Sharon Stone (Gloria Swenson), Jeremy Northam (Kevin), George C. Scott (Ruby), Jean-Luke Figueroa (Nicky), Mike Starr (Sean) e Sarita Choudhury (Ângela), com participações de Bonnie Bedelia e Cathy Moriarty.

Apesar da direção competente e do elenco estelar, o filme não alcançou o mesmo impacto da obra original, recebendo críticas mistas e desempenho fraco nas bilheterias.

Enredo

Gloria Swenson é uma mulher experiente nas ruas de Nova York, acostumada a viver de pequenos golpes e imersa no submundo do crime como ex-namorada de Kevin, um gângster.

Após cumprir três anos de prisão para proteger Kevin, ela retorna à cidade em busca da recompensa prometida, mas é recebida com desprezo e traição. Em meio a esse confronto, Gloria se depara com Nicky, um menino de sete anos cuja família foi brutalmente assassinada pela máfia por ordem de Kevin.

O motivo? O pai de Nicky, contador da organização, criou um disquete contendo informações comprometedoras sobre as atividades criminosas da gangue.

Relutante no início, Gloria decide proteger Nicky, que carrega o disquete, tornando-se alvo tanto da máfia quanto da polícia, que a considera suspeita de sequestro.

A dupla foge pelas ruas de Nova York, enfrentando perseguições, tiroteios e momentos de tensão. Apesar de sua fachada durona e da declaração inicial de que “não gosta de crianças”, Gloria desenvolve uma relação complexa com Nicky, marcada por afeto, cumplicidade e conflitos.

O menino, órfão e precoce, desafia Gloria com sua inteligência e teimosia, enquanto ela arrisca tudo para mantê-lo vivo. Ao longo da jornada, Gloria enfrenta dilemas morais: entregar o disquete à máfia para salvar a própria pele ou continuar protegendo Nicky, mesmo sabendo que ele pode ser uma ameaça constante devido ao que sabe.

Em um desfecho emocionante, Gloria deixa Nicky em uma instituição religiosa que cuida de crianças órfãs, planejando partir sem se despedir. No entanto, incapaz de abandonar o menino com quem criou um vínculo, ela retorna, leva-o consigo e decide assumir sua proteção, sugerindo um novo começo para ambos.

Contexto e Produção

Gloria, a Mulher é uma reimaginação do filme Gloria (1980), escrito e dirigido por John Cassavetes, que conquistou o Leão de Ouro no Festival de Veneza e uma indicação ao Oscar para Gena Rowlands, intérprete da protagonista.

A versão de 1999, com roteiro de Steve Antin, buscava modernizar a história, mas enfrentou desafios para replicar a intensidade emocional e o estilo cru do original. Sidney Lumet, conhecido por clássicos como Um Dia de Cão (1975) e Rede de Intrigas (1976), trouxe sua experiência em retratar a Nova York urbana e personagens complexos, mas o filme foi criticado por carecer da autenticidade e da química entre os protagonistas que marcaram a obra de Cassavetes.

A escolha de Sharon Stone para o papel principal veio após seu sucesso em filmes como Instinto Selvagem (1992), mas sua interpretação foi alvo de críticas, com muitos apontando que ela não alcançou a profundidade de Gena Rowlands. Jean-Luke Figueroa, com apenas seis anos, enfrentou um papel desafiador como Nicky, mas sua atuação foi considerada irregular, em parte devido à inexperiência.

George C. Scott, em seu último papel no cinema, trouxe peso à figura do chefe da máfia, mas seu tempo de tela foi limitado. A produção, iniciada em setembro de 1997, teve um orçamento de US$ 30 milhões, mas arrecadou apenas US$ 4,9 milhões mundialmente, sendo um fracasso comercial.

Temas e Relevância

O filme explora temas como redenção, maternidade não convencional e o peso das escolhas morais em um mundo violento. Gloria, inicialmente movida por interesses próprios, encontra em Nicky uma chance de reparar seu passado e descobrir uma faceta mais humana.

A relação entre os dois, marcada por atritos e momentos de ternura, reflete a ideia de que laços familiares podem surgir em circunstâncias improváveis. O longa também retrata a Nova York dos anos 1990 como um cenário de contrastes, com sua energia vibrante e perigos à espreita, embora alguns críticos tenham notado que o filme carece do senso de lugar tão marcante no original.

Apesar de suas falhas, Gloria, a Mulher oferece momentos de suspense eficazes, como perseguições de carro e confrontos com a máfia, além de uma trilha sonora envolvente composta por Howard Shore.

A atuação de Sharon Stone, embora criticada, tem defensores que destacam sua entrega em cenas de ação e nos momentos de vulnerabilidade. Lawrence Van Gelder, do The New York Times, elogiou o filme como “mais suave, engraçado e suspenseful” que o original, considerando a performance de Stone um destaque.

Recepção e Legado

No agregador de críticas Rotten Tomatoes, Gloria, a Mulher tem apenas 14% de aprovação com base em 29 resenhas, com uma nota média de 4,2/10, refletindo a percepção de que o filme não honrou o legado de Cassavetes.

Críticos como Owen Gleiberman (Entertainment Weekly) e Peter Travers (Rolling Stone) classificaram-no como uma “má ideia” e um dos piores filmes de 1999, destacando a falta de conexão emocional entre Stone e Figueroa.

Stephen Hunter (The Washington Post) criticou a atuação de Stone, comparando-a desfavoravelmente a “velociraptors animatrônicos”. Por outro lado, alguns espectadores apreciaram o filme como entretenimento leve, valorizando as sequências de ação e a tentativa de atualizar a história.

O filme também rendeu a Sharon Stone uma indicação ao Framboesa de Ouro de Pior Atriz, refletindo o tom negativo da recepção. Comparado ao original, que mantém 91% de aprovação no Rotten Tomatoes e é elogiado pela direção visceral de Cassavetes e pela atuação icônica de Rowlands, a refilmagem de 1999 ficou à sombra de seu antecessor.

Curiosidades e Acontecimentos

Inspiração e Remakes: A história de Gloria influenciou outros filmes, como Léon: O Profissional (1994), de Luc Besson, e Julia (2008), de Erick Zonca. Após 1999, novas tentativas de remake surgiram, incluindo um projeto de Paul Schrader com Lindsay Lohan em 2013, que não se concretizou, e Proud Mary (2018), com Taraji P. Henson, uma adaptação mais livre.

Mudanças na Direção: Scott Kalvert foi inicialmente escalado para dirigir, mas abandonou o projeto, sendo substituído por Lumet em julho de 1997.

Contexto Histórico: O filme reflete a Nova York do final dos anos 1990, uma cidade em transição após décadas de alta criminalidade. A máfia, embora ainda presente, estava em declínio devido à repressão policial, o que dá ao enredo um tom nostálgico dos clássicos de gângsteres.

Participação de George C. Scott: Sua atuação como Ruby, o chefe da máfia, foi seu último trabalho no cinema antes de sua morte em 1999, marcando o fim de uma carreira lendária.

Conclusão

Gloria, a Mulher é um filme que, apesar de suas ambições e do talento envolvido, não conseguiu recapturar a magia do original de 1980. A direção de Sidney Lumet e o carisma de Sharon Stone oferecem momentos de entretenimento, mas a falta de profundidade emocional e a química limitada entre os protagonistas impediram que o longa se destacasse.

Ainda assim, a história de Gloria e Nicky ressoa como um conto de redenção e coragem, ecoando questões universais sobre sacrifício e conexão humana. Para fãs de suspense e drama, o filme pode ser uma curiosidade interessante, especialmente quando visto em contraste com a obra-prima de Cassavetes.