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sábado, março 15, 2025

Os Senhores do Mundo



Os senhores do mundo, aqueles que detêm o poder invisível sobre as estruturas sociais, econômicas e políticas, esforçam-se para nos fazer sentir “bem” e “responsáveis” ao seguir suas diretrizes.

Nos últimos trinta anos, observamos como a população, de maneira gradual e quase imperceptível, tornou-se mais obediente e submissa, moldada por campanhas cuidadosamente orquestradas que vendem a ilusão de liberdade e virtude.

Um exemplo claro disso é a promoção do voluntariado, que hoje é exaltada como um ato heroico, quase santificado. Os que se engajam são elogiados e “heroificados”, mas o objetivo último dessa narrativa não é tão altruísta quanto parece: trata-se de uma estratégia para aplacar o mal-estar social gerado pelo desemprego crônico e pela precariedade, evitando assim que o descontentamento se transforme em distúrbios ou revoltas.

Para testar os limites da nossa docilidade, esses “senhores” conduzem experimentos sociais constantes, como a atual cruzada contra o tabaco. Se fumamos ou não, isso, em si, não é tão relevante para os governos quanto nos querem fazer crer.

A campanha antitabaco, vendida como uma questão de saúde pública, é apenas uma fachada conveniente. Muito mais danosos à saúde coletiva são os gases expelidos diariamente por milhões de carros, ou a poluição industrial que envenena o ar das cidades, contra os quais pouco ou nada se faz de concreto.

Enquanto os técnicos e ativistas que implementam essas campanhas acreditam piamente em sua missão – movidos por um fervor quase religioso –, para os que estão no topo, tudo não passa de mais um teste de submissão. E os resultados, ao que parece, os deixam bastante satisfeitos.

Basta observar o que acontece no metrô ou no ônibus quando alguém, em um ato de rebeldia ou descuido, ousa acender um cigarro. O “infrator” é imediatamente tratado como um pária, um leproso dos tempos modernos.

Logo surge alguém – muitas vezes com um tom ríspido e autoritário – para lembrá-lo de que “é proibido fumar”. E o mais revelador não é o confronto em si, mas a expressão de quem repreende: um misto de orgulho e satisfação, como a de uma criança que tira uma boa nota na escola ou de um cidadão que se sente “virtuoso” por cumprir seu papel no sistema.

É o prazer de se perceber “adequado”, de pertencer, de ser um elo funcional na corrente da obediência coletiva. Mas o experimento não para por aí. A cada nova regra imposta, a cada nova proibição aceita sem questionamento, o cerco se aperta.

Hoje é o cigarro; amanhã pode ser o consumo de carne, o uso de certas palavras ou até mesmo a forma como respiramos, tudo em nome do “bem comum”.

E enquanto nos distraímos com essas pequenas batalhas morais, os verdadeiros problemas – a desigualdade galopante, a destruição ambiental irreversível, a concentração de poder nas mãos de poucos – seguem intocados, longe dos holofotes.

Talvez o maior triunfo desses “senhores do mundo” não seja apenas nos fazer obedecer, mas nos convencer de que, ao fazê-lo, estamos sendo livres.

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