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sexta-feira, abril 04, 2025

Dores de amor

 


A primeira dor surge quando a relação termina, mas o amor persiste. É um processo de se habituar à ausência de alguém que, mesmo estando tão presente em nossos pensamentos e sentimentos, já não faz parte da nossa vida.

Carregamos o peso da perda, o amargo da rejeição e a falta de perspectiva, envoltos numa dor tão intensa que nos impede de enxergar qualquer luz no fim do túnel. É como se o coração, ainda preso ao que foi, se recusasse a aceitar o que é.

A segunda dor, porém, emerge quando começamos a vislumbrar essa luz distante. Paradoxalmente, é nesse momento que a saudade se torna mais cortante.

Há uma dor física, quase palpável, que vem da falta dos gestos que antes eram naturais: os beijos que aqueciam, os abraços que protegiam, o olhar que dizia tanto sem precisar de palavras.

É a dor de se perceber, aos poucos, desimportante para quem um dia foi o centro do nosso mundo. Mais do que a rejeição inicial, é o vazio deixado pela intimidade perdida que dilacera, como se o corpo sentisse a falta de algo essencial para continuar funcionando.

E há ainda uma terceira camada, menos falada, mas igualmente real: a dor de se redescobrir sem o outro. É o confronto com a própria identidade, antes entrelaçada àquela relação, agora precisando se reerguer sozinho.

Entre tropeços e silêncios, vamos aprendendo que a luz no fim do túnel não é um retorno ao que foi, mas a promessa de algo novo - um recomeço que, embora assustador, carrega a possibilidade de nos encontrarmos novamente.

Esse texto, inspirado nas palavras de Martha Medeiros, reflete as fases do luto amoroso com uma progressão emocional que vai da desolação à esperança tímida. 

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