A
primeira dor surge quando a relação termina, mas o amor persiste. É um processo
de se habituar à ausência de alguém que, mesmo estando tão presente em nossos
pensamentos e sentimentos, já não faz parte da nossa vida.
Carregamos
o peso da perda, o amargo da rejeição e a falta de perspectiva, envoltos numa
dor tão intensa que nos impede de enxergar qualquer luz no fim do túnel. É como
se o coração, ainda preso ao que foi, se recusasse a aceitar o que é.
A
segunda dor, porém, emerge quando começamos a vislumbrar essa luz distante.
Paradoxalmente, é nesse momento que a saudade se torna mais cortante.
Há uma
dor física, quase palpável, que vem da falta dos gestos que antes eram
naturais: os beijos que aqueciam, os abraços que protegiam, o olhar que dizia
tanto sem precisar de palavras.
É a dor
de se perceber, aos poucos, desimportante para quem um dia foi o centro do
nosso mundo. Mais do que a rejeição inicial, é o vazio deixado pela intimidade
perdida que dilacera, como se o corpo sentisse a falta de algo essencial para
continuar funcionando.
E há
ainda uma terceira camada, menos falada, mas igualmente real: a dor de se
redescobrir sem o outro. É o confronto com a própria identidade, antes
entrelaçada àquela relação, agora precisando se reerguer sozinho.
Entre
tropeços e silêncios, vamos aprendendo que a luz no fim do túnel não é um
retorno ao que foi, mas a promessa de algo novo - um recomeço que, embora
assustador, carrega a possibilidade de nos encontrarmos novamente.
Esse
texto, inspirado nas palavras de Martha Medeiros, reflete as fases do luto
amoroso com uma progressão emocional que vai da desolação à esperança tímida.
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